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Ditadura
Exposição traz panorama histórico da procura por mortos e desaparecidos da ditadura
“Caía a tarde feito um viaduto e um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos”. Música de João Bosco, O bêbado e a equilibrista se tornou um dos símbolos de resistência à ditadura. Há 50 anos, o Brasil caía num regime de recessão que duraria longos 21 anos. O golpe militar ceifou os direitos da cidadania e a liberdade de expressão e instaurou longa e tortuosa noite inacabada. No mês em se que completa meio século do golpe, o Memorial da Resistência – estabelecido em parte da sede do antigo Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, Deops/SP – traz a exposição “Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura Militar: percursos pelo direito à verdade”. Sob curadoria de Katia Regina Felipini Neves, a exposição, aberta entre 15 de março e 18 de maio, traz um panorama histórico da busca pelos mortos e desaparecidos políticos.
Em novembro de 1979, os familiares de mortos e desaparecidos políticos organizaram informações relatando as denúncias sobre os assassinatos e desaparecimentos decorrentes da perseguição política durante a ditadura brasileira (1964-1985). Posteriormente ampliado, o Dossiê de Mortos e Desaparecidos Políticos do Brasil, organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos do Comitê Brasileiro pela Anistia relaciona 379 vítimas do período militar, sendo cerca de 150 desaparecidos.
Intensificando a luta pelo direito à verdade e ao luto, a exposição conta com homenagem às mães de desaparecidos como programação de abertura no dia 15 de março. Durante o período militar houve ocultação de cadáveres e divulgação de atestados de óbitos falsos por médicos legistas. De acordo com a curadora Katia Regina a mostra, que acontece no espaço de exposição temporária do memorial, que dispõe de 100 m², reaviva a luta pelo direito das famílias de desaparecidos de enterrar e velar seus entes queridos.
“Eu sou Devanir José de Carvalho. Líder do Movimento Revolucionário Tiradentes, fui assassinado sob tortura em 7 de abril de 1971. Em documento do Serviço de Informação do DOPS/SP fui morto em via pública na rua Cruzeiro em tiroteio.” Esse será um modelo de apresentação de esquetes da Cia. Do Tijolo, que, individualizando mortos e desaparecidos políticos, tenta aproximar o público da história das vítimas.
Com parceria da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, o Memorial da Resistência, dedicado à preservação de referências da memória da resistência e da repressão política no Brasil, objetiva com a exposição ser espaço de reflexão e de contribuição para o exercício da cidadania, da democracia e da valorização de uma cultura em direitos humanos.
Jornada resistente
Entre os dias 31 de março e 1º de abril, o memorial trará um ciclo de debates que marcará os 50 anos do golpe militar. A Jornada Resistente, como foi idealizada por seus organizadores, será iniciada com palestra dos irmãos Vera e Marcelo Rubens Paiva, filhos do ex-deputado federal e desaparecido político Rubens Beyrodt Paiva, que dá nome à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. A jornada ainda trará exibições de filmes, peças de teatro e o show poético-musical “As músicas inquietas” do grupo Cia. do Tijolo, utilizando-se de poemas e letras que se tornaram símbolo de resistência contra a ditadura, como Cálice (Chico Buarque), Pra não dizer que eu não falei das flores (Geraldo Vandré) e O bêbado e a equilibrista (João Bosco). A Jornada será aberta ao público, mas terá vagas limitadas para algumas atividades.
Programação – box
Dia 31 de março
14h: palestra com Vera Facciolla Paiva e Marcelo Rubens Paiva
16h: exibição do documentário Memórias da Resistência, seguida de debate com o diretor Marco Antonio Visconde Escrivão
17h30: apresentação da peça de teatro Maria sou eu
Dia 1º de abril
14h: exibição dos filmes Em nome da Segurança Nacional (1984) e O fim do esquecimento (2013), seguida de debate com o diretor Renato Tapajós
16h30: show poético-musical “As músicas inquietas do grupo de teatro Cia. do Tijolo