por
Juliana
Maciel ![](images/branco.gif) ![](ilustras/perfil01.gif)
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Nascido
na cidade paulista de Fernando Prestes, Pedro Bignelli mudou-se para Ribeirão
Preto ainda criança, nos anos 40. Lá ele começou a trabalhar
aos 9 anos, ajudando seu pai numa oficina mecânica e aos 13 já tinha
sua própria oficina, em parceria com os irmãos Oswaldo e Milton.
Infelizmente tanto trabalho não lhe deixava tempo para os estudos e ele
teve de parar de estudar logo após terminar a 4ª série do Ensino
Fundamental, com pouco menos de 11 anos. Só retornou à sala de aula
aos 15 anos, quando começou um supletivo para concluir o Ensino Médio.
Pensava em ser | ![](images/fundo03.gif) |
engenheiro mecânico e ao terminar o supletivo foi aprovado em vários
vestibulares, mas teve de optar pelo curso que tivesse maior compatibilidade com
seus horários de trabalho, pois precisava sustentar-se. Acabou optando
por fazer Odontologia na Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ribeirão
Preto, que alguns anos mais tarde passaria a fazer parte da USP. Ele foi incentivado
nessa escolha por um de seus clientes na oficina, o médico Amadeu Francon,
que chegou a dar aulas no curso de Odontologia da Forp. Bignelli se formou em
1955 e em 1960 defendeu sua tese de doutorado. | ![](ilustras/perfil04.gif) | ![](images/fundo03.gif) |
Ele
conta que começou a ensinar quando ainda estava no primeiro ano da faculdade
e era monitor do seu professor Rui Roselino, responsável pela disciplina
de materiais dentários. Ao longo do curso foi estagiário e ao formar-se
passou a ser assistente. Foi efetivado professor depois do doutorado e logo em
seguida professor da disciplina, chegando a chefe substituto do Departamento de
Materiais Dentários. Pedro se interessou pelo Departamento de
Odontologia Preventiva e Social graças às "grandes campanhas
de higiene bucal" que esse departamento realizava nos municípios de
São Paulo e de estados vizinhos. Lá, foi professor responsável
por disciplina, suplente e chefe de departamento, cargo que ocupou até
aposentar-se, há cerca de dois anos. | ![](images/fundo03.gif) |
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"O RESULTADO
COMPENSA TODO ESFORÇO" Trabalhando
com crianças para estimular a higiene bucal, deparou-se com um problema:
58% das crianças não tinham escova de dentes porque era muito cara.
Assim nasceu a sua mais famosa invenção, a escova Monobloc. Patenteada
no final dos anos 70, a escova tem as hastilhas - que substituem as cerdas - feitas
do mesmo material do cabo, e custava apenas 15% do valor das escovas encontradas
no mercado, possibilitando que uma família comprasse cinco escovas com
o que antes pagava por apenas uma. Só no ano de 1991 a FORP/USP, em campanha
realizada por Bignelli, distribuiu 651 mil escovas para estudantes carentes. |
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58% das crianças não tinham escova de dentes porque era muito cara.
Assim nasceu a escova Monobloc. | ![](images/fundo03.gif) |
Mas
o resultado ainda não era o desejado, pois era preciso que as crianças
tivessem vontade de escovar os dentes. Pensando nisso, Bignelli criou em 1982
o Sistema Educacional Robodente, que motiva
as crianças a manter sua higiene bucal graças aos personagens Robodente,
Senhor Boca Ruim e Madame Boca Boa. Assim, cantando e brincando, as crianças
passaram a gostar de cuidar de seus dentes. "As crianças recebem muito
bem as inovações e sua reação supera as expectativas,
o que estimula a vontade de prosseguir", afirma. Seu trabalho na
área de odontologia social levou-o à Apae-SP (Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo), | ![](images/fundo03.gif) | ![](ilustras/perfil07.jpg)
onde
tomou conhecimento dos problemas que as crianças especiais tinham com as
escovas convencionais. "Elas se machucavam com o cabo muito duro e tinham
dificuldades para segurá-las", lembra. Tendo em mente que "crianças
especiais merecem escovas especiais", ele desenvolveu a | ![](images/fundo03.gif) |
Monobloc 803, mais macia e não menos
eficiente. Outras invenções voltadas para as crianças especiais,
que incluem um cabo anatômico que
facilita o manuseio e o material didático odontológico voltado especialmente
para elas, ainda aguardam recursos para serem produzidas. "A
criança imita o adulto e se o adulto, pai ou responsável, é
bem informado, a criança leva vantagem", pensa o dentista. Dessa forma,
resolvido o problema dos pequenos, chegou a vez dos adultos. Pesquisas |
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realizadas
por ele com outros dentistas e acadêmicos da USP apontaram entre as populações
carentes que a mesma escova era partilhada por famílias inteiras e Bignelli
teve de ir à mídia para esclarecer à população
que a escova é um objeto pessoal e que não pode ser emprestada de
maneira alguma, podendo gerar contágio. Ele desenvolveu a escova dental
Científica para pessoas com problemas de sangramento de gengiva e que foi
distribuída em campanhas para a higiene bucal de adultos. Para ajudar os
programas sociais de higiene bucal, pais e professores são treinados no
"Curso para a formação de agentes de saúde". | ![](images/fundo03.gif) |
"A
criança imita o adulto e se o adulto, pai ou responsável, é
bem informado, a criança leva vantagem" | ![](images/fundo03.gif) |
"INVENTAR
É UM MOMENTO ISOLADO DE INSPIRAÇÃO" O
professor Bignelli inspira-se para suas invenções em necessidades
apontadas por outros profissionais da sua área, os mesmos que mais tarde
o ajudarão a contornar problemas práticos das patentes. Mas a invenção
propriamente dita, ele faz sozinho. Além disso, considera fundamental a
ajuda dos desenhistas e do Gadi (Grupo de Assessoramento e Desenvolvimento de
Inventos) para que o projeto tenha andamento. Suas criações abrangem
várias áreas da odontologia, entre elas a Escova Dental Eletro-Mecânica,
a Escova do Bebê, o Vibrador Direcional (que melhora a
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![](ilustras/perfil09.gif)
construção de modelos de gesso para próteses) e o Aparelho
de Interfixação de Maxilares.
Isso
tudo sem contar aquelas que não passaram de idéias, mas que acabaram
abandonadas porque "resolver problemas, inventar e patentear não é
muito difícil, apesar dos pequenos recursos. Difícil mesmo é
produzir e comercializar os bens inventados sem ajuda maior".
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