foto:Cecília Bastos

A TRAJETÓRIA DE 94 ANOS É MOTIVO DE ORGULHO PARA O THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

São Paulo começava a receber as primeiras indústrias em meados do século passado e os barões do café achavam que já era tempo de haver uma casa de espetáculos à altura da cidade, para que não tivessem de viajar para Europa ou Manaus. Assim, começou a ser discutida a construção de um grande teatro. Em 1903, o projeto teve início com a direção do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, ao lado dos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi e, oito anos depois, no dia 12 de setembro de 1911, a ópera Hamlet, de Ambroise Thomas, inaugurava o Theatro Municipal de São Paulo.

A construção, inspirada na Ópera de Paris, revela traços da sociedade paulistana da época, como folhas de café esculpidas em suas colunas. Além da história que guarda, sendo palco de eventos marcantes para o País, como a Semana de Arte Moderna de 1922, o prédio em si é repleto de obras de arte. Esse é um dos motivos que levaram ao seu tombamento em 1981, quando foi realizado um profundo estudo de suas características originais. O restauro começou em 1987 e recuperou, por exemplo, as poltronas de veludo verde que haviam sido revestidas de vermelho.

foto:Cecília Bastos
Além da Sala de Espetáculos, o Theatro possui várias pequenas salas de reunião, um espaço destinado a exposições, o Salão dos Arcos, onde é
possível observar a estrutura de sustentação do prédio, e o Salão Nobre. O teto deste último é recoberto por afrescos do pintor Oscar Pereira da Silva, último artista a ganhar uma bolsa de estudos de d. Pedro II. Ele foi aprender a técnica em Paris e a usou aqui para retratar a música, dança e o nascimento do teatro grego. É nesse salão que está a primeira exposição de figurinos históricos do acervo do teatro, representada por criações de Dener Pamplona de Abreu (1936-1978) para a casa.

foto:Cecília Bastos

Apesar de guardados durante 30 anos em condições adversas, os figurinos estão em excelente estado de conservação. São 40 vestimentas para a ópera Lakmé, de 1972, e três para La Bohème, do final dos anos 60. Lakmé se passa na Índia do século 19, tendo peças de marinheiros, de chineses, de ingleses e de hindus, todas estilizadas. A mostra, que se estende até 28 outubro, traz como curador Fausto Viana, professor da ECA, e é a primeira de três que apresentarão figurinos históricos. Os trajes podem ser vistos pelos freqüentadores do teatro antes de qualquer espetáculo da casa e em seus intervalos.

foto:Cecília Bastos

O Theatro Municipal possui cerca de 500 pessoas em seus corpos estáveis, que são a Orquestra Sinfônica Municipal, a Orquestra Experimental de Repertório, o Balé da Cidade de São Paulo, o Coral Lírico, o Coral Paulistano e o Quarteto de Cordas. Foram eles os responsáveis pela programação da semana de aniversário dos 94 anos do teatro, de 12 a 18 de setembro.

foto:Cecília Bastos

O Quarteto de Cordas, criado por Mário de Andrade, se apresenta no dia 29 de outubro, tendo ao piano André Mehmari. O Coral Lírico, regido por Jayme Guimarães, canta música sacra no dia 15. E, ainda neste mês, a Orquestra Sinfônica se apresenta com o pianista Nelson Freire e o regente Roberto Minczuk. O concerto nº 1 de J. Brahms
e excertos do balé Romeu e Julieta de S. Prokofiev formam seu repertório. Os interessados em conhecer o teatro podem agendar visitas monitoradas com Vera Lúcia Sales pelo telefone (11) 223-3022, ramal 256, ou pelo e-mail (vera.visita@bol.com.br). Os detalhes da programação podem ser conferidos no site do teatro.