![]() Terapia Ocupacional da USP inspira vida com ateliês Resultado de experiências em arte-corpo, arte-educação e convivência grupal, a mostra coletiva “In Pacto” faz sua estréia na Casa de Dona Yayá, onde fica durante todo o mês de agosto. O público poderá ver cerca de 85 obras criadas pelos participantes de ateliês promovidos pelo Pacto (Programa Permanente de Composições Artísticas e Terapia Ocupacional, da Faculdade de Medicina da USP). A idéia é usar a arte para auxiliar os freqüentadores do grupo de terapia a se desenvolver no processo de participação no mundo. “A arte é um lugar de existência”, diz Eliane Dias de Castro, coordenadora geral da exposição e professora de Terapia Ocupacional da Universidade. O projeto envolve indivíduos considerados em desvantagem ou risco social por apresentarem deficiência física, transtornos psicológicos, idade avançada ou situação de pobreza. “A arte ajuda essas pessoas a desenvolver a capacidade de expressão e a maneira de tratar o mundo”, afirma Eliane.
Os relatos de dor existencial e histórias de solidão foram diluídos em meio a pinturas e xilogravuras. Os quadros possuem cores vivas, marcadas por contrastes e linhas de intenso conteúdo expressivo. Em cinco anos de encontros nos ateliês, os 16 participantes desse grupo chegaram a uma vasta produção, com mais de 350 obras. Aos 63 anos e espírito jovem, a expositora Gracinda Gazzola conta que ganhou estímulo para continuar exercitando sua prática e gosto artísticos. “No ateliê, a gente descobre que a arte é uma atividade infindável. Não vai chegar a hora de pedir aposentadoria.” Autora de um auto-retrato, ela mescla delicados traços de um ser jovem aos tons de cinza, preto e branco. “Sou saudosista, mas gosto da juventude”, fala.
Os participantes dos ateliês promovidos pelo Pacto são convidados para visitar espaços culturais como museus e teatros. Em seguida, aprendem técnicas de pintura, xilogravuras e de outros materiais. Aos poucos a turma passa a se conhecer, até ficar à vontade para bate-papos e sugestões de temas para as atividades nos encontros. “A relação cresce na base do diálogo e negociação de idéias. Eles pensam como mostrar a obra ao mundo e também como enxergar o mundo”, diz Eliane. A mostra segue duas linhas expressivas: na parte de fora da Casa de Dona Yayá, foi valorizada a coletividade. Já no interior, as obras enfatizam traços e perfis de seus autores. “Se os artistas fossem solitários, o perfil da mostra seria completamente outro, não teria essa sensação de coletivo”, aponta a terapeuta ocupacional e assistente de curadoria, Naiada Dubard. “Os trabalhos foram realizados durante a convivência grupal, com troca de influência entre os próprios artistas. As imagens mostram temas em comum, mesmo contando histórias de pessoas bem diferentes.”
A curadoria da exposição “In Pacto” é de André Yassuda, Cristhiana Moraes e Maria Regina Marques. O projeto dos ateliês promovidos pelo Pacto foi financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Casa de Dona Yayá
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