Internautas no consultório


Crédito: Cecília Bastos
“O grande risco é que as pessoas costumam considerar que as informações da internet são todas válidas.” Wilma Madeira

 

A pesquisa mostrou que a maioria das pessoas que acessa conteúdos sobre saúde e doença na internet o faz para elas próprias e, também, para outras pessoas. Isso evidencia o alcance desse meio, que vai além de quem possui o computador. “É um círculo vicioso. O paciente acessa a internet para obter informações depois de uma consulta médica, mas ao perceber o potencial da internet começa a fazer pesquisas antes mesmo das consultas”, conta Wilma.

Apesar de considerar que o acesso à internet é positivo para a relação médico-paciente, a pesquisadora alerta para o perigo de as pessoas acharem que, a partir das informações obtidas na rede, podem se tratar sozinhas, o que não é verdade. “A internet possibilita uma melhor interação com o médico, capacita o paciente para questionar”, afirma Wilma, cuja pesquisa foi feita pelo método do Discurso do Sujeito Coletivo, através de um questionário disponibilizado em um site de domínio público e telecentros de todo o País. “Com o investimento nos telecentros, tivemos 55,02% de pessoas que usam unidade pública do Sistema Único de Saúde respondendo à pesquisa.”

Reação dos médicos

Diferentes reações foram relatadas pelos participantes da pesquisa quando perguntados sobre a reação do médico ao saber que buscavam informações na internet. A minoria dos pacientes relatou que o médico teve uma reação neutra, 25,42% consideraram que o médico reagiu positivamente – ficou perplexo com o interesse do paciente, gostou e incentivou-o a entender sua situação de saúde – e 55, 94% dos pacientes afirmaram que os médicos reagiram negativamente, principalmente por considerar que o paciente não deve contestar ou questionar o diagnóstico e o procedimento indicado. “Pode-se dizer que é medo da divisão de poder. É o mesmo medo que o professor também tem depois da internet, de o aluno perguntar o que ele não sabe”, diz Wilma.

“O médico é um ser humano, não um deus. Um profissional que se não estiver atualizado corre os riscos da profissão.” Wilma Madeira

 

 

“A internet está trazendo informação de uma forma muito rápida e o médico, seja pela vida profissional muito ocupada ou por suas fontes de informação técnico-científicas que são congressos anuais, tem essa informação numa dinâmica mais lenta”, justifica Wilma. “Se o médico não se apropriar da própria internet nas fontes seguras técnico-científicas, ele vai ficar atrás do paciente que acessa a internet, porque os próprios artigos técnico-científicos da Europa, por exemplo, estão sendo disponibilizados na internet.”

Muitas são as páginas na internet que discutem males específicos. A Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia lançou recentemente um portal na internet. No endereço www.pulmonar.org.br se encontra todo tipo de conhecimento sobre doenças respiratórias e pulmonares. Uma dica para quem quer começar suas buscas é partir de sites do governo ou de universidades, em que as informações serão, provavelmente, mais confiáveis.

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web
www.usp.br/espacoaberto