Há quem veja a exposição de seu trabalho na internet como algo que facilita o plágio. “Acho que isso não tem nada a ver, porque a melhor maneira de garantir a autoria é publicando e, para quem quer plagiar, tanto faz estar no portal ou na biblioteca”, acredita Adriana. Existe ainda a questão das patentes, mas “é lógico que não vamos publicar uma tese no portal se ela precisa ser resguardada para gerar uma patente para a Universidade”, responde a diretora do SIBi, que revela, ainda, ter percebido em alguns casos, e de maneira velada, a preocupação com a qualidade dos trabalhos. “É difícil entrar nessa discussão, sendo que a tese já foi aprovada.”

Em 2003, foi inaugurada a Biblioteca Digital de Obras Raras e Especiais. São 38 livros, entre eles o mais antigo da USP, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros. “Para selecioná-los, montamos uma comissão que contou com a participação da historiadora Laura de Mello Souza da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que ajudou a escolher como usar a verba para digitalização que tínhamos no momento”. Todas estas obras são de domínio público. Em 2005, estreou no portal o módulo de teses de livre-docência.

Existe hoje uma portaria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, que obriga o aluno que recebe seu apoio a disponibilizar a produção no Portal Saber. Essa medida provavelmente irá incrementar muito os números da biblioteca virtual. Veja na internet o passo-a-passo do que fazer para ter seu trabalho disponível no portal.

“Na Universidade podemos pensar também em sons, partituras, projetos de arquitetura e tantas outras coisas que estão nas bibliotecas. Claro que isso deve ser estudado para não ferir a lei dos direitos autorais”, esclarece Adriana. Maria de Lourdes revela que “ o principal objetivo futuro do portal é a introdução de novos conteúdos digitais, como monografias, artigos e materiais didáticos – apostilas e materiais que os docentes produzem para as aulas”.

Campeão de acessos

“Foi grande a surpresa quando soube que minha dissertação de mestrado é um dos documentos mais acessados do portal”, conta Adriano Botelho, autor da dissertação mais consultada do Portal Saber. “Não imaginava que uma dissertação sobre Geografia Econômica despertaria o interesse de um grande número de pessoas”, revela.

“O Portal Saber era uma experiência inusitada para a época, mas, dado o seu caráter democrático e inovador, pensei que dessa forma cumpriria um dos papéis do pesquisador, o de divulgar seu trabalho.” Adriano Botelho

A tese Do fordismo à produção flexível: a produção do espaço num contexto de mudança das estratégias de acumulação do capital foi apresentada na FFLCH em 2000 e disponibilizada no portal em 2001. “A primeira pista de que a presença do trabalho no portal contribuiu para a sua divulgação foram os e-mails que recebi, e recebo, de estudantes do ensino médio, do ensino superior e de pesquisadores interessados no tema”, afirma Botelho.

“Graças ao portal, um trabalho que poderia estar restrito às estantes de uma biblioteca da USP é hoje ampla e democraticamente divulgado .”