Pioneiro ao implantar a disciplina Teoria em Ação Cultural
na ECA, Coelho defende uma formação específica para
gestores de políticas culturais.
Coelho reforça a arte contemporânea no Masp com a exposição
do artista brasileiro Alex Flemming.
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“Hoje o MAC é um museu conservador
e sem grandes ambições”,
afirma o ex-dirigente, que ficou no cargo
entre 1998 e 2002. “A minha crítica
aos museus da USP é que eles não
têm a preocupação
do acesso ao universo científico
e cultural que se produz. A visitação é pequena.
Eu acho um crime a Universidade ser tão
corporativa e manter seus patrimônios
guardados para um grande público
que não existe.”
A crítica de Grossmann tem um
pano de fundo. Mas quem conta é o
professor Teixeira Coelho, diretor do
MAC naquele mesmo período. Fomos
até seu encontro, numa sala com
vista para as flores que decoram os postes
de iluminação da avenida
Paulista. O atual curador-coordenador
do Masp (Museu de Arte de São
Paulo) relembra o seu projeto na USP.
“É um problema deixar as obras
do MAC escondidas. Elas estão
enquistadas do lado de lá da Marginal
Pinheiros. Quando o prédio foi
fechado para reformas, levamos a coleção
para o Centro Cultural Fiesp, na avenida
Paulista. A visitação foi
multiplicada por mais de dez. Pessoas
muito bem informadas, que freqüentam
o circuito artístico, se mostraram
surpresas em descobrir as obras que o
MAC tem. É difícil o acesso
até a Cidade Universitária.
Por isso, propus que o museu tivesse
uma sede na cidade.”
Mesmo com o projeto definido, ele não
deslanchou. O mandato de Coelho como
diretor do MAC acabou e, em seguida,
faltou força política para
levar Martin Grossmann para o cargo de
diretor.
Coelho sente-se à vontade para
discutir políticas culturais e
falar da Universidade. Pára, toma
um copo de água e lembra: “Na
própria USP me diziam que política
cultural não é uma área.
Ah, é?!” O desafio culminou no
livro Dicionário Crítico
da Ação Cultural,
em que o professor fala mais sobre um
tema que gerou a disciplina Teoria em
Ação Cultural, criada na
ECA em parceria com o professor Luis
Milanesi, atual diretor da unidade.
“Esse programa foi pioneiro no Brasil.
Ele visava a pensar a ação
cultural em tempos contemporâneos. É preciso
especializar profissionais para orientar
mediações sem o rabo preso
com ideologias, partidos, religiões
e empresas,” explica.
Como escritor, Coelho tem uma produção
bastante vasta. Ao todo, publicou 35
livros, entre obras acadêmicas,
romances e ficções. Chegou
a receber indicação para
o Prêmio Jabuti, maior prêmio
literário brasileiro, por Niemeyer – Um
Romance, obra que levou mais de
dez anos para ficar pronta. O namoro
de Coelho com a arquitetura é longo:
cogitou seguir esse curso, fez crítica
para revistas especializadas e lecionou
na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
do Mackenzie. Sua graduação,
por outro lado, foi menos prazerosa.
Formou-se em direito, “mas não
dava para advogar em um País sem
o menor senso como o Brasil da ditadura
militar”. Então, seguiu outros
caminhos. Desde 1973 faz parte do Departamento
de Biblioteconomia da ECA. |