![© Cecília Bastos](ilustras/comportamento02.jpg)
A propaganda apela, os filhos insistem e os pais compram. Márcia
Calisto percebe esse relacionamento com seus sobrinhos pequenos.
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![](img_internas/teste.gif) |
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Dos
jovens entre 7 e 14 anos entrevistados, 73%
afirmaram passar mais de duas horas diárias na frente da televisão.
De cada quatro propagandas que assistem,
uma é sobre alimentos. Destas, mais
da metade (60%) são de alimentos
ricos em GAS. “As crianças tendem
a escolher a comida baseadas nos produtos
que vêem na TV. Se elas mantiverem
a proporção do que assistem,
ingerindo muito mais guloseimas, será um
caos total”, avisa Paula Carolina.
A funcionária do Instituto de Química
Márcia Calisto percebe essa relação
na família. “Toda vez que aparece
uma novidade nos comerciais, meus sobrinhos
ficam entusiasmados. E eu vejo que seus
pais compram, porque os filhos ficam na
insistência direta. A propaganda
na televisão não pára.” |
Há 20 anos, nos EUA,
Gorne Goldemberg foi o primeiro pesquisador
a descobrir relações entre
TV e hábitos alimentares. Nas suas
contas, depois de assistir à televisão
por duas horas, cada hora a mais na frente
do aparelho equivale a um sobrepeso de 2%
em crianças. |
![© Cecília Bastos](ilustras/comportamento03.jpg)
Kátia Ferreira confia nas embalagens de alimentos. Mas é melhor
olhar com cuidado.
![© Cecília Bastos](ilustras/comportamento04.jpg)
A nutricionista Mônica Jorge avisa que os alimentos industrializados
e enriquecidos com vitaminas não substituem uma refeição
tradicional.
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Como ficam
os pais nessa situação? Muitos
adultos também erram na escolha
dos itens que vão para o carrinho
do supermercado. A pesquisadora verificou
que muitos pais dos estudantes entrevistados
não têm o hábito de
fazer uma lista antes de ir ao mercado. “Sem
uma lista de compras, as pessoas ficam
muito mais vulneráveis a escolher
produtos por preço, sabor ou referência
das propagandas. São mais impulsivas.”
Um outro nó na cabeça dos
consumidores diz respeito à nova
onda de guloseimas que procuram fugir dos
estigmas negativos. Pensando na população
mais preocupada com a saúde, a indústria
do setor alimentício apela para
um marketing que destaca características
aparentemente confiáveis, como “Fonte
de Fibras”, “Sem Gordura Trans” ou “Com
Vitaminas e Minerais”.
“Se tem margarina comum e light,
eu escolho a light. Se tiver pão
sem gordura trans, eu escolho esse”, conta
Kátia Ferreira, funcionária
do Instituto de Psicologia. “Eu confio
na embalagem, não é? Acredito
que existe uma agência reguladora
e que as melhores indústrias não
vão descrever coisas falsas.”
No entanto, a nutricionista e professora
da FSP (Faculdade de Saúde Pública)
Mônica Elias Jorge faz uma alerta
sobre produtos enriquecidos. “Existe uma
indiscriminação ao se falar
das fortificações.” Segundo
explica, é necessário ficar
atento à tabela nutricional dos
alimentos, pois as chamadas das embalagens
podem enganar. Para isso, a professora
cita alguns exemplos.
Aqueles biscoitinhos salgados de poucas
calorias e sem gorduras trans: parecem
perfeitos para o lanchinho da tarde, mas
têm uma quantidade excessiva de sódio
(sal). Ou então, as bolachas recheadas
que se orgulham de figurarem como fontes
de cálcio. Podem ser substituídas
por dois copos de leite, que abastecem
o organismo sem o excesso de calorias.
Também é conveniente observar
as porcentagens que cada nutriente representa
na ingestão diária recomendada.
Nenhuma fonte de vitaminas, minerais ou
fibras é significativa se equivaler
apenas a menos que 5% da recomendação
diária descrita na tabela. Um pacote
inteiro de biscoito com fibras, por exemplo,
não vale mais que um prato de salada.
“O melhor é optar por alimentos
naturais. Eles têm muito mais nutrientes
que os produtos industrializados, e são
mais bem absorvidos pelo organismo,” arremata
Mônica. |