texto: Circe Bonatelli
fotos: Cecília Bastos

Crédito: Acervo CPC / USP

 


© Cecília Bastos
Apenas 20% do acervo está exposto. Ao todo, são 125 mil artigos (quadros, esculturas, móveis, documentos), desde o século 16 até meados do 19, privilegiando a história paulista e do Brasil Império.

 

 


Mesmo com apenas 20% de seu acervo exposto, o Museu Paulista da Universidade de São Paulo é um dos espaços de maior visitação no País – mais de 200 mil pessoas por ano. E agora, tem planos de crescimento: ele acaba de receber do governo do Estado uma autorização preliminar para uso do terreno que fica atrás do seu prédio. A idéia é instalar no local salas pedagógicas, cafés e banheiros para o público, acomodar melhor o serviço administrativo e, é claro, destrancar os 80% de peças históricas guardadas.

O projeto de ampliação foi desenvolvido por uma equipe do Museu Paulista (MP) há dois anos e, após avaliação, teve uma resposta positiva. “A transferência do terreno para a USP indica apoio do governo e a importância do projeto”, entende a professora Eni de Mesquita Santana, diretora da instituição.

O terreno tem 7.400 metros quadrados, quase um campo oficial de futebol. Ele está situado bem atrás do prédio histórico do museu, no Parque do Ipiranga. A autorização preliminar concedida significa que a Universidade tem preferência para sua ocupação. O passo seguinte é desenvolver um segundo projeto que evidencie a viabilidade das construções na área.

Essa etapa requer estudos prévios: prospecção arqueológica, risco de não-preservação do patrimônio histórico e uma análise ambiental para remoção e recolocação da flora do parque. A equipe para execução dessas tarefas tem ainda as professoras Beatriz Khul (FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) e Maria Lúcia Bressan Pinheiro (diretora do Centro de Preservação Cultural da USP, a Casa de Dona Yayá), responsáveis pela avaliação dos impactos no museu, que é patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo a diretora de difusão cultural, Maria Júlia Chelini, há indícios de que a área recebida fazia parte dos antigos caminhos para Santos, levantando a chance de se encontrar material histórico no solo. “Não sei se torço para os arqueólogos não encontrarem nada, permitindo as obras seguirem mais rápido, ou se torço para descobrirem um sítio e ganharmos mais objetos de pesquisa”, divide-se Maria Júlia.

“É preciso ter em mente que se trata de um museu público e universitário. Mesmo que o projeto leve algum tempo, é importante fazer todos os levantamentos de maneira exemplar.” Maria Júlia Chelini.

 

 

 

 

© Cecília Bastos
Museu da Independência ou do Ipiranga. São as formas populares de se referir ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo (nome oficial).

 

 

 

 

 

 

 

© Cecília Bastos
O edifício foi construído em taipa de pilão e pau-a-pique, em 1850, para residência do republicano Carlos Vasconcelos de Almeida e família.

 

O projeto de obras prevê uma série de construções, com prazo estimado em dois anos após autorizado o início. Deve ser levantado um bloco para alojar os serviços administrativos, de conservação e de pesquisa, que atualmente ocupam o prédio principal. Dessa forma, o espaço ficaria inteiramente livre para exposição do acervo e visitação pública.

Além disso, um grande “L” subterrâneo com 10.800 metros quadrados interligaria esse bloco técnico ao prédio, sediando lanchonete, lojas, salas para serviços educativos e banheiros.

Completam as pretensões arquitetônicas do Museu Paulista, duas torres de vidro com escadas e elevador. Elas resolveriam os problemas de acessibilidade enfrentados por deficientes físicos que, hoje, não podem sequer ir ao primeiro andar.

“As reformas são fundamentais. Nosso acervo é riquíssimo, mas está estrangulado por falta de espaço. Precisamos de um local adequado às mostras. E as adaptações são essenciais para garantir o conforto e o acesso aos visitantes. Após as obras, o museu deve chegar ao padrão internacional”, explica Maria Júlia.

No entanto, para triplicar e melhorar a área do museu, há um inconveniente: o preço. Estima-se que serão necessários R$ 33 milhões para tornar realidade todas as projeções. O valor equivale a 43 vezes seu orçamento anual, que foi de R$ 767 mil em 2006 (R$ 470 mil só de ingressos no valor de R$ 2,00).

Segundo informa a diretora de difusão cultural, os recursos devem ser levantados até o final do ano em parceria com entidades privadas. “Vamos buscar o patrocínio, porque nem a USP nem o Estado têm essa verba. Eles já ajudaram com o apoio e o terreno. Essa foi nossa alavanca”, afirma.

Mais obras em Itu

O Museu Republicano de Itu também está em período de reformas e fechou as portas. O reparo de suas instalações deve durar pelo menos um ano, e já começou no último mês, depois que todo o acervo foi embalado.

As primeiras medidas se concentram no telhado e no sistema de escoamento da chuva, com o objetivo de evitar inundação do jardim francês e infiltrações no prédio.

O museu foi inaugurado por Washington Luís, então presidente do Estado de São Paulo, em 1923, e constava como uma extensão do Museu Paulista. Quarenta anos depois, ambos foram incorporados pela USP.

A instituição se dedica ao período histórico conhecido como República Velha (1889-1930), organizando exposições e seminários, além de oferecer estágios universitários e assessorias a instituições educacionais.

Seu acervo é formado por peças cotidianas (mobílias, armas), iconográficas (esculturas, fotografias) e documentais (manuscritos e impressos). A biblioteca completa o acervo com mais 30 mil volumes, entre livros para pesquisas e até exemplares de jornais da época (Imprensa Ytuana, Federação, A República).

Serviço

Museu Paulista da Universidade de São Paulo
Local: Parque da Independência, s/nº - Ipiranga
Horários: de terça a domingo, das 9h às 17h
Fone: (11) 6165-8026
Ingressos: R$ 2,00

Museu Republicano Convenção de Itu
Local: Rua Barão de Itaim, 67 – Itu
Fone: (11) 4023-0240
Fechado para reformas

 

 
 
 
 
 
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