![](img_internas/teste.gif)
![©: Circe Bonatelli](ilustras/esportes01.jpg)
O garoto André tem o dedo calejado pelas várias horas
treinando manobras que aprende pela internet. Seu pai achava que
o ioiô só subia e descia.
![©: Circe Bonatelli](ilustras/esportes02.jpg)
Fundador da Associação Brasileira de Ioiô em
2002, e campeão mundial em 2003. Matsunaga é um dos
11 jogadores do mundo que têm o título de National
Yo-yo Máster.
![©: Circe Bonatelli](ilustras/esportes03.jpg)
Os profissionais fazem incontáveis manobras em apenas três
minutos. Quem ainda não chegou lá, pode visitar o
circuito para assistir e encontrar os amigos, como faz Cecília.
![Reprodução](ilustras/esportes04.jpg)
O ex-Presidente dos EUA, Richard Nixon.
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![](img_internas/teste.gif)
“No meu tempo, ioiô era
aquele brinquedo de madeira que subia e descia.” Quando
o médico ribeirão-pretano Luiz Antônio
Teno viu as manobras cheias de velocidade executadas
pelo seu filho de 16 anos, ficou surpreso. Na verdade,
ele e outros pais não sabiam que o ioiô voltou
a ser praticado por muitos jovens e adultos de 15
a 30 anos, e que velhos truques, como o “cachorrinho” (ioiô rolando
no chão feito um cachorro), foram superados
por um infinito número de manobras mais rápidas
que os olhos. Nos últimos cinco anos, a modalidade
ganhou impulso com a divulgação pela
internet e, hoje, o Brasil já é a terceira
maior potência da categoria, depois dos Estados
Unidos e Japão.
Em um sábado à tarde de abril, 45 jogadores
de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina
se encontraram na Vila Mariana, onde aconteceu o Freak
Fingers (algo como “Dedos Doidões”), um torneio
regional e classificatório para o “Brasileirão” de
ioiô. Luiz Antônio Teno, cirurgião
com doutorado pela USP, também estava lá.
Ele e o filho André se somaram ao ambiente dividido
por jogadores com nível profissional, crianças
rodopiando os primeiros truques com ioiô, pais
sentadinhos na platéia e um sem-fim de simpatizantes
com filmadoras em punho. “O público é agradável.
E não basta ser pai, tem que participar”, diz
Teno. Cumprindo o chavão, ele filmou e acompanhou
toda a apresentação do garoto.
A apresentação de ioiô são
os três minutos em que o jogador sobe ao palco
e mostra o que sabe fazer (Assista
ao vídeo). Com a trilha sonora
da música escolhida – geralmente um rock – o
ioiozeiro se esforça diante dos jurados atentos à criatividade
e complexidade dos movimentos. O jogador tem liberdade
para fazer as manobras que quiser, mas respeitando
as categorias disputadas. Elas variam entre 1A e 5A – isso
quer dizer: com um ou dois ioiôs, preso ou não
no dedo, e por aí vai.
Os truques manjados têm pouco valor, segundo
explica Rafael Matsunaga, primeiro campeão mundial
não japonês nem norte-americano (Veja
sua performance). “Cada um traz manobras
inéditas, quase não há coisas
repetidas. O júri considera muito a criatividade,” afirma
o campeão e jurado do torneio regional.
O Brasil tem ioiozeiros que participam de campeonatos
nos Estados Unidos, Japão e em partes da Ásia.
As fabricantes de ioiôs patrocinam equipes fornecendo
acessórios (novos modelos, linhas e rolamentos),
ou até custeando viagens, mas nada que garanta
dedicação exclusiva do praticante. Matsunaga,
por exemplo, tem o título de mestre nacional,
mas nem por isso dispensa o trabalho como programador
de softwares.
Além dos profissionais, os campeonatos recebem
visitantes que vão para assistir às performances.
A aluna do IME (Instituto de Matemática e Estatística)
Cecília Fernandes não arriscou subir
no palco, nem fazer uma manobra para foto. “Eu não
sei muita coisa com o ioiô, mas vim para ver”,
diz. Foi assim que Cecília conheceu o esporte:
por curiosidade, visitando um campeonato há dois
anos.
Mas é graças à internet que o
esporte relembrou a popularidade dos anos 80 e 90,
quando o brinquedo foi difundido com as promoções
da Coca-Cola. Hoje, a rede virtual é a protagonista
de todo conteúdo em circulação – eventos,
fóruns, dicas de manobras, informações
sobre os campeonatos, e, principalmente, vídeos
de apresentações. “O ioiô é um
dos esportes que mais ganham produções
em vídeo na internet”, garante Anselmo Gomes,
vice-presidente da Associação Brasileira
de Ioiô (ABI,
veja o site). Só no You Tube, existem vinte
páginas com vídeos de exibições
em torneios, produções caseiras e até reportagens
feitas por canais de televisão. “O You Tube,
as associações e os jogadores têm
muito vídeo. Só a ABI deve ter uns 50
gigabytes de material.”
Antes da era digital
A origem do ioiô é confusa, mas sabe-se
que é um dos brinquedos mais antigos da humanidade.
Peças e desenhos com três mil anos de
idade foram encontrados na Grécia e estão à mostra
no Museu de Arte Metropolitan, em Nova York. Outro
registro antigo, porém mais próximo da
atualidade, é a pintura de Vigee-Lebrun que
retratou o monarca francês Luis XVII aos quatro
anos brincando com seu ioiô, em 1789.
Fora esses registros esparsos, o brinquedo é típico
do Oriente, com destaque para Filipinas e Japão.
Na década de 20, o filipino Pedro Flores se
tornou um elo na evolução da modalidade
ao introduzir o ioiô nas lojas dos Estados Unidos.
Em 1929, o empresário Donald Duncan adquiriu
os direitos de venda e passou a comercializá-lo
em massa. Em 1962, a empresa Duncan registrou o pico
de 45 milhões de unidades vendidas durante o
ano.
Hoje, o ioiô se divide em posições
diferentes. “Tem gente que o vê como um hobby,
brinquedo, item de coleção ou esporte. É uma
atividade cheia de definições”, arremata
Anselmo Gomes, vice-presidente da ABI. |