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Dados obtidos com necropsias permitem controle de qualidade dos hospitais
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Serviço de Verificação de Óbitos presta serviços à comunidade e apóia ensino e pesquisa
Marcos Ferraz de Campos, técnico
de necropsia e embalsamador, relata que
em dias festivos, muito frios ou muito quentes
e nos fins de semana, o Serviço de
Verificação de Óbitos
da Capital fica mais movimentado.
Equipe do SVOI: Maria Ângela, auxiliar do laboratório de toxicologia; Marcelo, auxiliar do laboratório de necropsia; Ketily, laboratório de histologia; e Luiz Henrique, técnico de necropsia
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Em falta, corpos não-reclamados
são importantes para o ensino básico
de anatomia aos alunos de biológicas
O Departamento de Anatomia do Instituto
de Ciências Biomédicas da USP
é o responsável por ministrar
as disciplinas de anatomia básica
para diversos cursos da Universidade, tais
como Medicina, Enfermagem, Odontologia e
Educação Física. Para
isso, só podem ser utilizados os
chamados corpos não-reclamados,
que foram apenas 20 em 2006, segundo o diretor do SVOC Carlos Augusto Pasqualucci.
Seguindo legislação federal,
o encaminhamento desses corpos obedece a
todo um processo que pode levar de dois
a três meses. Inicialmente, o cadáver
é retido no SVO por um mês.
Depois desse período, a instituição
de ensino é obrigada a publicar a
existência do corpo em um jornal de
grande circulação durante
dez dias. Em seguida, é feita uma
documentação fotográfica
e o atestado de óbito é expedido
para que, finalmente, um juiz autorize a
utilização do corpo para ensino.
Pasqualucci vê na constante diminuição
do número de corpos disponíveis
um risco para o ensino médico. Para
ele, a solução é a
doação. “Precisamos
criar uma cultura de doação,
porque a primeira coisa que vai acontecer
é uma resistência natural.
Temos que explicar que depois de uma semana,
quinze dias, aquele corpo, aquela imagem
que você tinha do seu parente não
existe mais, porque ocorre um processo de
decomposição.”
Por outro lado, a pesquisa não
sofre tantos prejuízos com a escassez
de corpos, já que se baseia em órgãos
específicos, que podem ser obtidos
mais facilmente. Isso acontece porque, muitas
vezes, não se consegue identificar
a causa mortis com a necropsia.
Assim, torna-se necessário reter
determinadas peças anatômicas
para um exame posterior mais detalhado.
Além disso, existe uma resistência
menor dos familiares em autorizar a retenção
de órgãos. É dessa
forma, por exemplo, que está se criando
um banco de encéfalos na Faculdade
de Medicina, a fim de estudar o envelhecimento
cerebral, abordando principalmente o mal
de Alzheimer.
Para os alunos mais adiantados de Medicina,
principalmente aqueles que estão
se especializando em cirurgia, é
possível também fazer estudos
durante os procedimentos normais de necropsia,
sem a necessidade de reter o corpo no SVO.
Segundo Pasqualucci, da entrada no SVOC
à liberação do atestado
de óbito, passam-se de 3 a 4 horas.
Em dias festivos, muito frios ou muito quentes
e nos fins de semana, o Serviço de
Verificação de Óbitos
da Capital fica mais movimentado. É
o que relata Marcos Ferraz de Campos, técnico
de necropsia e embalsamador. Ele é
o encarregado de uma das equipes que se
revezam no SVOC 24 horas por dia. Seu turno
vai das 7h às 19h, com uma hora de
intervalo. “Existe a lenda de que
pessoas que fazem necropsias são
insensíveis, bebem demais, se drogam.
Isso não é verdade”,
explica.
Além de ser muito importante para ensino e pesquisa, o processo de necropsia é peça fundamental no controle de qualidade dos hospitais. Saiba mais sobre o assunto na matéria “Desvendando mistérios”. |