texto: Daniel Fassa
fotos: Cecília Bastos e Francisco Emolo

 

Leia também:
Riscos, conseqüências e contra-indicações
Conheça detalhes importantes da cirurgia torácica que cura a hiperidrose
Arquivo médico
Confira imagens de pessoas com hiperidrose nas axilas, nas mãos e nos pés

 

© Cecília Bastos
“Não existe essa história de perder muita água, muito sódio, muito potássio, muita proteína, muita vitamina. Na realidade, o excesso de suor é muito desconfortável, incomoda muito a qualidade de vida”. José Ribas Milanez de Campos.

 

 

 

 

© Francisco Emolo
Dr. Ribas mostra os gânglios reguladores da sudorese retirados durante a cirurgia que elimina a hiperidrose


O suor excessivo pode causar constrangimentos, mas tem cura

Imagine-se não conseguindo escrever uma carta porque sua mão transpira demais e borra todo o papel. Agora pense numa entrevista de emprego em que o suor excessivo do seu rosto expõe todo seu nervosismo e o coloca numa situação constrangedora. Imagine, ainda, tomar um tombo ao escorregar no próprio chinelo, encharcado com o suor de seus pés. Essas e outras situações semelhantes são muito comuns na vida de cerca de 1% da população. A causa? Uma doença chamada Hiperidrose Primária Localizada. A cura? Existe e está cada vez mais comum e acessível.

A hiperidrose ou hiper-hidrose é uma disfunção no sistema nervoso autônomo que conduz a uma hiperativação dos gânglios responsáveis pela transpiração. Esses gânglios são como um interruptor que liga a rede elétrica à lâmpada, ou seja, funcionam como conexões entre o sistema nervoso autônomo e a glândula que libera o suor. Em situações de agitação, ansiedade, estresse ou nervosismo, eles ativam-se com maior facilidade, provocando o suor excessivo. Isso geralmente ocorre nas mãos (hiperidrose palmar), nos pés (hiperidrose plantar) e nas axilas (hiperidrose axilar), podendo, ainda, se manifestar na face e no couro cabeludo (hiperidrose craniofacial).

José Ribas Milanez de Campos, professor da Faculdade de Medicina da USP e médico da Clínica do Suor e do Ambulatório de Hiper-Hidrose do Hospital das Clínicas, afirma que a hiperidrose pode ter interferências na vida social, afetiva, profissional ou em qualquer outra situação que exija relacionamentos interpessoais. No entanto, ele desfaz o mito de que suar demais faz mal à saúde. “Não existe essa história de perder muita água, muito sódio, muito potássio, muita proteína, muita vitamina. Na realidade, o excesso de suor é muito desconfortável, incomoda muito a qualidade de vida”, explica. Segundo Ribas, 93% dos seus pacientes que respondem a um questionário sobre o assunto consideram que sua qualidade de vida é ruim ou muito ruim por causa da hiperidrose.

Esse era o caso de Jesuína Maria de Jesus dos Santos, funcionária do Instituto de Biociências. Ela conta que a transpiração excessiva nas mãos, nos pés e nas axilas dificultava muito sua vida: “Eu andava o tempo todo com um lenço nas mãos. Se ia escrever, molhava o papel, se andava de sandália e ia ao banco, por exemplo, deixava marcas pelo chão”.

página 1 | 2 | 3 seguinte >

   







web
www.usp.br/espacoaberto