“Para eles, o basquete é uma opção profissional. Tem atleta que conheceu o mundo em jogos nos Estados Unidos, Grécia e Japão. Já ouvi até um dizer: ‘Poxa, depois que vim para a cadeira, minha vida melhorou’.” Quem conta é a treinadora do time, Maria José dos Santos.“A exigência forte é muito positiva. Até se justifica mais com eles. Se deixar a coisa solta, vai transmitir falta de credibilidade,” afirma a técnica do time, Maria José dos Santos.
“O esporte é algo muito querido no Brasil. E essa aceitação
faz bem aos jogadores, que se sentem bem no núcleo familiar
e de amigos, melhorando a qualidade de vida”, observa
Linamara Battistella, diretora do DMR/HC.
Arnaldo Hernandez, especialista em medicina dos esportes, recomenda: “Atividade física e terapia esportiva são as maiores ferramentas de medicina preventiva que existem”
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Já a DMR/HC cede a quadra onde acontecem os treinos e oferece acompanhamento clínico. Os profissionais da casa, entre eles médicos, odontologistas, psicólogos e assistentes sociais, dedicam algumas horas fora do expediente para atendimento voluntário aos atletas.
“No princípio, a proposta da Divisão
de Medicina de Reabilitação era utilizar
a terapia esportiva para dar aos pacientes condições
de alcançar um bom desempenho funcional e exercitar
outros valores, como a auto confiança e a superação
de limites”, explica a diretora executiva da DMR
Linamara Battistella, que acompanha o programa há
15 anos.
Mas as atividades físicas e a recreação
precisaram evoluir para os praticantes não perderem
o estímulo de crescimento. Dessa passagem é
que surgiram as competições e as oportunidades
de alguns pacientes se profissionalizarem”, completa.
O desfecho é um time competitivo, que já conquistou vários títulos, entre eles três Campeonatos Paulistas e uma Copa do Brasil de basquete sobre rodas. A deficiência nas pernas, porém, não é motivo para ninguém pegar leve.
“O alto rendimento é isso mesmo. Se não tiver cobrança, o atleta se acomoda e pára de evoluir. Se hoje somos reconhecidos como atletas, a cobrança não incomoda, não pode atrapalhar, porque já é esperado, é normal”, constata Marcos Cândido, o Marquinhos, que também treina na AEDREHC e tem passagens na seleção brasileira e Parapan-Americanos anteriores.
Seu companheiro de equipe, Walter da Silva Jr., compartilha a mesma opinião. “Quando comecei, não sabia nem bater a bola. A cobrança é algo bom, porque você assume um compromisso e busca superar sempre as outras equipes”, diz.
Para a diretora da Divisão de Medicina de Reabilitação, “a cobrança só seria errada se fizesse mal ao indivíduo. É preciso um cuidado especial em garantir que a capacidade funcional do cadeirante não vai ficar comprometida. Uma lesão de braço, por exemplo, provocaria vários impeditivos. Por isso ele precisa estar bem treinado”, explica Linamara.
Para atletas e para não-atletas
A utilização da terapia esportiva não se restringe ao grupo dos atletas ou dos praticantes que buscam a profissionalização. “Mais importante ainda é a atividade física para a população como um todo, prevenindo problemas de saúde como obesidade, diabetes e doenças cardiorrespiratórias”, garante o fisiatra Arnaldo Hernandez, chefe do grupo de terapia esportiva do Hospital das Clínicas, e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
No complexo das Clínicas, bairro de Pinheiros, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia atende crianças, adultos e jovens com paralisia cerebral. Esta é um tipo de lesão cerebral que afeta o desenvolvimento ortopédico, mas só em alguns casos interfere na sua capacidade mental. No centro hospitalar, os pacientes recebem atendimento médico multiprofissional com atividades físicas e recreativas que promovem o convívio social, ganho físico e fortalecimento psicológico.
“Não existe limitação pelo tipo de incapacidade ou pela faixa etária. A qualquer momento da vida é possível começar a atividade física, desde que se faça um programa adequado para o nível de condição naquele momento”, arremata Hernandez. |