Por Maria Clara Matos
Fotos por Francisco Emolo, Rosa Montone e Vivian Pellizari

Foto crédito: Rosa Montone

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O pioneirismo da USP nas pesquisas antárticas brasileiras alcançou conquistas científicas e a integração de seus pesquisadores

 

 

Foto crédito: Vivian Pellizari
A Estação Antártica Comandante Ferraz foi instalada em 1984 e desde então recebe as expedições científicas brasileiras


Depois de 25 anos de seu primeiro envolvimento com a Antártica, a USP mantém forte atuação no continente

“Até que ponto minha pesquisa pode suplantar o efeito que eu estou causando na região para produzi-la? Não conseguimos passar inertes por aquele local.” Elisabete Santis Braga, professora do Instituto Oceanográfico (IO) e pesquisadora do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), demonstra grande preocupação com o continente. Suas pesquisas fazem parte do IV Ano Polar Internacional (API), que se iniciou em 2007 e prossegue até 2009, e visam à preservação do ambiente. Mas mesmo assim ela faz ressalvas quanto aos estudos: “O local merece a reflexão de que meu trabalho tem de ser muito interessante para que minha interferência no ecossistema se justifique”.

O API é um amplo programa científico focado no Ártico e na Antártica, organizado pelo International Council for Science (ICSU) e pelo World Meteorological Organization (WMO). O evento resulta da congregação de esforços de milhares de cientistas e de centenas de instituições internacionais e nacionais, e visa a promover o desenvolvimento da ciência nas regiões polares. Envolve mais de 200 projetos com centenas de cientistas de mais de 60 países, abrangendo pesquisas na área da física, biologia e até mesmo social.

 

 

 

Foto crédito: Francisco Emolo
Elisabete Braga está envolvida desde o início no Proantar e ainda hoje desenvolve pesquisas para o programa


Segundo Rocha-Campos, coordenador científico do Proantar e um dos fundadores do Centro de Pesquisas Antárticas da USP, nosso país participa com 11 grandes projetos. “A maioria deles estão ligados aos problemas ambientais da antártica, a questão do aquecimento global e de que maneira a temperatura atmosférica está influindo naquele continente”, destaca. Vicente Gomes, professor do IO, comenta que o instituto está envolvido, em pelo menos, dois ou três desses projetos. Seus estudos contam com a coordenação de uma pesquisadora do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e visa a estudar a “alta atmosfera, a variação da radiação ultravioleta e o efeito dessas mudanças nos organismos”.

Elisabete Santis Braga também apresenta pesquisas atuais, mas seu envolvimento com o Proantar vem de longa data. Já na primeira viagem do navio Prof. Besnard (verão de 1982/83), ela se envolveu com os preparativos da viagem e posteriormente com os dados coletados. Em 1988, teve a oportunidade de participar da última expedição realizada com o navio do IO à Antártica e em 2007 voltou ao frio continente para realizar novas pesquisas. “Meu retorno após 20 anos foi emocionante, a forma de viajar mudou, pois quando fui em 88, a viagem teve início no Porto de Santos e fomos de navio até a ilha Rei George V para trabalhar na Baía do Almirantado. Hoje a viagem é feita em parte por avião, o Hércules (FAB), que faz o transporte entre o Brasil e o Chile (Punta Arenas) e também executa uma difícil travessia sobre o Estreito de Drake, levando os pesquisadores até a ilha de Eduardo Frei (Chile) já na região antártica. Lá ocorre um embarque no navio da Marinha do Brasil Ary Rongel.” O projeto da professora em conjunto com Joselene de Oliveira, do Instituto de Pesquisas Nucleares e Energéticas, recebe o nome de Radioantar e tem como principal foco utilizar radioisótopos naturais – por exemplo o tório e o rádio – como indicadores de possíveis vias de remoção do carbono da atmosfera.

 

 


 
 
 
 
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