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Originais análises sobre o pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) serão apresentadas nesta sexta-feira, no Centro Universitário Maria Antonia. Ali, às 19h30, acontece o debate “Falência moral e religião”, com a presença da professora Scarlett Marton – uma das principais estudiosas de Nietzsche no Brasil – e do professor Franklin Leopoldo e Silva, ambos do Departamento de Filosofia da USP. Em seguida, haverá o lançamento de duas obras: o livro A maldição transvalorada: o problema da civilização em O Anticristo de Nietzsche, de Fernando de Moraes Barros, e a edição número 13 dos Cadernos Nietzsche, uma publicação semestral do Grupo de Estudos Nietzsche (GEN), da USP. O debate também conta com a participação do professor Flávio Pierucci, do Departamento de Sociologia da USP, e do jornalista Otávio Frias, da Folha de S. Paulo.

As discussões devem retomar um dos temas mais freqüentes em Nietzsche – a crítica aos valores ocidentais. Nelas, os debatedores se dedicam a analisar, a partir do pensamento do filósofo alemão, a própria realidade do mundo ocidental hoje. Segundo eles vão mostrar, o Ocidente vive atualmente uma “fachada moral”, utilizada para legitimar “manobras políticas e econômicas”. “Como diria Nietzsche, o que ocorre hoje é uma versão laicizada das antigas estratégias morais usadas para conter a sociedade”, explica o autor do livro a ser lançado no evento, Fernando de Moraes Barros. “No debate, os participantes vão explorar diferentes pontos de vista a partir dessa idéia.”

Os textos lançam mais luzes sobre a crítica nietzschiana à civilização do Ocidente. Em seu livro – originalmente uma dissertação de mestrado apresentada na USP no ano passado –, por exemplo, Barros extrai instigantes conclusões do estudo que fez de O Anticristo, um dos livros mais conhecidos de Nietzsche, ao lado de Assim falava Zaratustra, A genealogia da moral e Além do bem e do mal. Para Barros, ao contrário da idéia comum sobre a obra do filósofo – segundo a qual O Anticristo seria apenas o primeiro volume de uma tetralogia inacabada –, Nietzsche teria concretizado, já nesse livro, o seu ideal de “transvaloração de todos os valores”, ou seja, a superação da ética ocidental. “Ele mesmo fala isso em suas cartas.”

Mas não é só. Segundo Barros, a transvaloração teria se realizado na própria pessoa de Nietzsche. Tanto que a loucura que acometeu o filósofo representaria não uma interrupção da sua obra – muito menos uma causa da sífilis, como apontam seus biógrafos –, mas a plena concretização dela. “A loucura veio dos fatos, da tensão, das vivências necessárias para realizar a transvaloração”, diz Barros. “A loucura é uma seqüela desse projeto.”

Já os Cadernos Nietzsche trazem quatro textos de especialistas em Nietzsche. Manuel Barrios Casares, da Universidade de Sevilha, na Espanha, escreve sobre “O ‘giro retórico’ de Nietzsche”, em que faz críticas às idéias do filósofo sobre a linguagem. Marcelo Lion Villela Souto compara dois dos primeiros escritos de Nietzsche – Lições sobre os filósofos pré-platônicos e A filosofia na época trágica dos gregos – para justificar as mudanças de estilo verificadas neles, “intencionais”, segundo Souto. Os artigos “Odium fati: Emil Cioran, a hiena pessimista”, de Paulo Jonas de Lima Piva, e “Por que não teoria do conhecimento? Conhecer é criar”, de Gilvan Fogel, completam a edição dos Cadernos.


O debate “Falência moral e religião” e o lançamento dos Cadernos Nietzsche 13 e do livro A maldição transvalorada: o problema da civilização em O Anticristo de Nietzsche (Discurso Editorial/Editora Unijuí), de Fernando de Moraes Barros, acontecem nesta sexta-feira, a partir das 19h30, no Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, Vila Buarque). A entrada é gratuita. Mais informações podem ser obtidas no Grupo de Estudos Nietzsche (GEN) da USP pelo endereço eletrônico gen@edu.usp.br ou pelos tels. 3091-3761 e 3031-2431. A página eletrônica do GEN pode ser acessada no endereço www.fflch .usp.br/df/gen/gen.htm.

 




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