O
uso do telefone celular – mesmo o viva voz –
no trânsito aumenta de quatro a nove vezes o risco de o motorista
provocar acidentes, comparado com o condutor que não utiliza
tal aparelho. Das 600 vítimas de trânsito atendidas
diariamente pelo Hospital das Clínicas (HC) de São
Paulo, pelo menos 200 apresentam lesões graves e necessitarão
de atendimento especializado durante anos, causando altos gastos
ao sistema de saúde público. Calcula-se que o Brasil
gaste entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões por ano
com vítimas do trânsito. Entre estas encontram-se os
motoboys, que a cada dia morrem ou ficam mutilados nas ruas da capital
paulista. Nas rodovias a situação não é
melhor. Dos mais de 1,7 milhão de quilômetros de estradas
que atravessam o Brasil, apenas 160 mil possuem algum tipo de pavimento.
Esses
foram alguns dados apresentados no programa USP Debate – transmitido
ao vivo pela Rádio USP FM (93,7 MHz) no dia 20 de setembro
passado –, que reuniu especialistas para discutir a segurança
no trânsito. Apresentado pelo jornalista Miltom Parron, o
programa teve a participação da médica Júlia
Maria D’Andréa Greve, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia
do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da
USP, do professor José Aparecido da Silva, da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, e do
tenente Arnaldo Theodosio Pasetti, assistente de fiscalização
do Departamento de Trânsito (Detran). A seguir os principais
trechos do debate.
Rádio
USP – Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), mais de um milhão de pessoas por ano perdem a vida
nas ruas e estradas de todos os continentes. Dessas mortes, a maioria
ocorre nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Enquanto
na Suécia acontece uma vítima fatal para cada 4.500
veículos, no Brasil a estatística é de uma
morte a cada 260 veículos. Professora Júlia Greve,
os índices apresentados pela OMS são crescentes ou
mostram diminuição?
Júlia
Greve
– Nos países desenvolvidos, onde as leis de trânsito
são realmente aplicadas com rigor, os números são
decrescentes – embora os custos de atendimento médico
permaneçam os mesmos, até porque esse atendimento
é cada vez mais caro. Nos países em desenvolvimento,
como o Brasil, os índices são crescentes. O comportamento
das pessoas em relação ao veículo, nessas nações,
ainda é inadequado. Creio que ainda teremos muitos problemas
de trânsito no mundo por conta dessa falta de educação
das pessoas que se utilizam de veículos motorizados.
Rádio
USP – O professor José Aparecido da Silva pesquisou
a questão do uso do celular no trânsito em Ribeirão
Preto. A que conclusões o senhor chegou?
José
Aparecido da Silva
– A minha análise não se baseou unicamente nos
dados coletados na região de Ribeirão Preto. Há
um conjunto de dados na literatura especializada internacional sobre
o uso dos telefones celulares. Esses dois conjuntos de dados são
bastante categóricos em indicar que o uso do telefone celular,
qualquer que seja ele – o viva voz, o auricular ou o manual
–, eleva a probabilidade de o motorista se envolver em acidentes
ou colisões fatais de quatro a nove vezes, quando comparado
com o motorista que não usa o telefone celular. O tempo de
reação para brecagem – a fim de evitar colisões
– e os erros são aumentados substancialmente quando
o motorista faz uso do telefone celular. Ou seja, há um aumento
da carga cognitiva, da carga mental do motorista. Dirigir não
é única e exclusivamente um problema de habilidade
ou destreza motora. Envolve a tomada de informação,
o processamento de informação e depois a ação
no trânsito.
Rádio
USP – O mesmo ocorre quando o motorista conversa com o passageiro
ao lado?
José
Aparecido
– Veja. Normalmente as pessoas pensam que falar ao celular
enquanto dirigem é a mesma coisa que conversar com o passageiro
ao lado. Mas são comportamentos totalmente diferentes, que
envolvem demandas cognitivas ou mentais diferentes. Quando o motorista
dirige com um passageiro ao lado, este calibra, ritmiza sua conversação
em função do trânsito, do ambiente, do veículo
ou mesmo do condutor, que ele vê que são idênticos
aos que o motorista está vendo. Há um feed back contínuo.
Já quando o motorista recebe uma ligação através
do celular, a pessoa que está fazendo a ligação
não sabe o contexto em que esse motorista se encontra, se
está numa via tranqüila ou muito movimentada. Portanto,
são comportamentos diferentes. Como também o comportamento
de dirigir usando celular é diferente de dirigir ouvindo
música ou vendo painéis publicitários. As análises
experimentais e epidemiológicas têm revelado claramente:
esses comportamentos são totalmente diferentes, envolvendo
tempos de reação e erros cometidos nesse contexto
completamente diferentes. Qualquer forma de uso de telefone celular
envolve uma demanda cognitiva substancialmente diferente de conversar
com o passageiro, de ouvir música ou de prestar atenção
a painéis.
Rádio
USP – Como outros países têm tratado a questão
do uso do celular no trânsito?
José
Aparecido
– Vários países têm estabelecido leis
específicas, eliminando o uso do telefone celular, qualquer
que seja ele. Alemanha, Inglaterra, França e, mais recentemente,
Argentina. No Brasil ele já estava proibido. Depois houve
um relaxamento da lei, permitindo o viva voz e o fone de ouvido.
Agora, no dia 25 de agosto, novamente, o Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito) baixou uma portaria fazendo a restrição
de qualquer forma de uso de telefone celular. Mas há a implicação
de que o viva voz não consta no Código Nacional de
Trânsito. Portanto, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito)
tem que baixar uma resolução excluindo todas as formas
de uso de celular no trânsito.
Rádio
USP – Tenente, quais são as transgressões ao
código mais constantes?
Tenente
Pasetti
– No que se refere à segurança do condutor,
a transgressão mais constante é o uso de celular.
No policiamento, nós constatamos com freqüência
casos em que o condutor muda de faixa de segurança sem perceber,
ultrapassa o semáforo fechado ou entra numa rua que é
contramão. Constatamos depois que o motorista, naquele momento,
fazia uso do celular. É algo que realmente prejudica muito
a segurança no trânsito. Só queria complementar:
há estudos recentes na Grã-Bretanha que indicam que
o uso do celular retarda o reflexo do motorista mais do que a ingestão
de álcool. Portanto, seria algo extremamente grave.
Rádio
USP – O Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas
reflete bem os problemas de trânsito em São Paulo?
Júlia
Greve
– Não há dúvida. Nós temos um
dado nacional que diz que 60% dos leitos de traumatologia dos hospitais
públicos do Brasil são ocupados por vítimas
de acidentes de trânsito. Outro aspecto é que as vítimas
que apresentam lesões graves – como trauma cranioencefálico
ou trauma de medula – acabam indo para o sistema público
de saúde porque as previdências privadas, os convênios
de maneira geral, acabam não tratando mais esses indivíduos
em algum momento do processo. Então o Hospital das Clínicas
e seus dois prontos-socorros, tanto o Central como o de Ortopedia,
acabam recebendo os casos mais graves, mais complexos, e também
aqueles que o resto do sistema não consegue absorver. Os
gastos com o atendimento aos acidentados de trânsito, no nosso
país, são enormes. São recursos que, se as
leis de trânsito fossem aplicadas e tivéssemos menos
vítimas, poderiam ser usados em outros setores. Hoje os dois
prontos-socorros do HC recebem mais de 600 vítimas de acidentes
de trânsito por dia. Dessas, 400 são vítimas
mais leves, que recebem tratamento e vão para casa. Mas 200
vítimas são mais graves e são internadas no
HC. Uma vítima de acidente de trânsito é uma
vítima de atendimento muito complexo, desde a emergência
– onde chega chocada, com sangramento, com fratura grave –
até a reabilitação. São indivíduos
que muitas vezes ficam um, dois, três anos, o resto da vida
em tratamento para poder se recuperar do acidente e precisam de
uma equipe de atendimento altamente especializada. Isso sai do bolso
de todos nós.
José
Aparecido – Além do número de pessoas
envolvidas em acidentes de trânsito, é importante destacar
o custo financeiro desses acidentes no Brasil. Algumas análises
estatísticas mostram que o Brasil dispende entre US$ 5 milhões
a US$ 10 milhões por ano, somando-se todos os custos –
hospitalares, seguros, dias parados, previdência etc. É
realmente uma fortuna, que poderia ser alocada a setores mais carentes
da sociedade, como educação, saneamento básico
e segurança. Eu diria que é jogar dinheiro pelo ralo.
Um desperdício.
Rádio
USP – Qual o perfil dos acidentados no trânsito?
Júlia
Greve
– Em primeiro lugar vêm os pedestres. Há dois
tipos: os pedestres que são atropelados por veículos
e aqueles que caem nas calçadas, também em condições
ruins, e chegam até a morrer por isso. Em segundo lugar,
disparado, vêm os motociclistas. Faço minhas as palavras
do professor José Aparecido. Os motoqueiros, na cidade de
São Paulo, não devem dar nenhum valor às suas
vidas. Ocorrem duas ou três mortes de motoqueiros por dia,
segundo a CET, e nós atendemos o mesmo número. Uma
coisa que é muito triste: a maioria dos acidentes com motocicletas
é grave. A chance de se machucar seriamente, mesmo que caia
em baixa velocidade, é muito grande. É importante
que os motociclistas saibam uma coisa: a imensa maioria das lesões
acontece nos membros inferiores. O capacete protege a cabeça
mas não as pernas. Existe uma verdadeira legião com
os membros inferiores amputados por causa da guerra do trânsito
– da mesma forma como acontece nos países em que as
guerras e as minas atingem a população. O motoqueiro
cai, é arrastado por dez, vinte metros, rala o osso da perna,
tem uma fratura exposta com lesão vascular e perda de pele
e acaba indo para a amputação. Isso a gente vê
no nosso dia-a-dia. As pessoas precisam saber disso. Não
adianta só brigar porque o motoqueiro bate no nosso espelho
retrovisor. Tínhamos que brigar para que não houvesse
motoboys. Que país é esse que, para sua economia,
precisa desse sistema de entrega maluco que são os motoboys?
Até que ponto precisamos empregar nossa juventude nesse tipo
de função? Será que um livro ou um disco que
compro pela Internet vale a vida de uma pessoa? É uma coisa
que a gente precisa começar a se perguntar, quando vemos
essa quantidade enorme de jovens se arrebentando nessa guerra do
trânsito. Existe uma complacência até em relação
às leis trabalhistas. Eu me pergunto se essas empresas que
fazem serviços de entrega com motoboys cumprem as leis trabalhistas
em relação a eles e se eles têm direito a receber
os benefícios da previdência quando se acidentam. Por
isso é que eu pergunto que atividade econômica é
essa. Acho que existe um problema um pouco maior. O comportamento
do motoboy no trânsito, que a gente vê, é só
a ponta do iceberg.
Rádio
USP – Uma campanha publicitária mais agressiva ajudaria
a minimizar o problema?
Júlia
Greve
– Há cerca de dez anos, na Espanha, foi feita uma campanha
publicitária agressiva, em que se mostravam cenas extremamente
chocantes na televisão aberta. Com isso houve uma redução
muito importante do número de acidentes nas rodovias, inclusive
com diminuição do uso do álcool. Eu acredito
que a população tem que saber o que acontece no momento
em que uma vítima chega no pronto-socorro e é atendida,
tudo causado por uma irresponsabilidade. Esse tipo de coisa a população
precisa saber. Se ela não sabe por bem, tem que saber por
mal. E se não aprender assim, tem que ser autuada. Precisamos
de fiscalização eficiente.
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Para
especialistas, faltam no Brasil educação para
o trânsito e campanhas publicitárias mais agressivas |
Tenente
Pasetti – Entendo que nós temos que “atacar”
os dois aspectos, tanto a fiscalização como uma campanha
mais ampliada de educação para o trânsito. O
Detran de São Paulo possui uma Divisão de Educação
para o Trânsito que realiza um intenso trabalho em escolas,
a fim de que as crianças adquiram o hábito de respeitar
as normas de trânsito. Talvez uma campanha mais agressiva,
com cenas chocantes, viesse colaborar para melhorar a situação.
Rádio
USP – Vamos ouvir o que o professor José Bernardes
Felex, do Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de
São Carlos, tem a nos dizer, em depoimento gravado para a
Rádio USP.
José
Bernardes Felex
– O Brasil tem 1,7 milhão quilômetros de rodovias.
Desse total, 1,5 milhão são de terra, não têm
pavimento de asfalto ou outro material. Somente 160 mil quilômetros
das nossas rodovias são revestidos com pavimentos. Mas o
Brasil tem uma produção agrícola e pecuária
muito grande, o Brasil tem motoristas novos e sem experiência,
tem veículos velhos e malconservados, tem contrastes entre
rodovias extremamente bem conservadas de algumas áreas –
que são sofisticadas e podem atender até 100 mil veículos
por dia – e rodovias esburacadas por onde não se pode
trafegar em boa parte do ano. O Brasil necessita ligar suas metrópoles,
mover milhões de toneladas da safra agrícola ou simplesmente
garantir que a criança saia da fazenda e vá à
escola ou o doente saia da floresta e chegue ao médico. Acontece
que a realidade da malha de rodovias do Brasil não é
compatível com as solicitações que se impõem
aos motoristas. Sobram buracos e faltam manutenção,
sinalização e orientação aos motoristas.
As rodovias do Brasil são uma massa falida e muito contribuem
– porque impõem tensões aos motoristas –
para provocar acidentes. Primeiro porque não há manutenção
no que foi corrigido. Segundo, porque não se avalia e não
se tomam providências para corrigir o que estiver errado.
Terceiro, porque o cidadão brasileiro é esquecido
quando se faz qualquer obra pública de infra-estrutura. A
tecnologia aplicada é incompatível com as necessidades
de nossos motoristas e necessita muitas vezes ser modificada. Uma
análise fria das relações entre acidentes e
conservação das rodovias indicaria que 90% dos acidentes
foram também provocados pelo estado da via. Ora é
porque a via está mesmo ruim, ora é porque a via bem
conservada está fora da realidade do motorista.
Rádio
USP – Algum comentário, professor José Aparecido?
José
Aparecido
– Sim. O comportamento no trânsito envolve três
grandes subsistemas. Envolve a via em que o motorista trafega, o
veículo que está dirigindo e o próprio motorista.
É um tripé: o homem, a via e o veículo. Mesmo
nos países que apresentam taxas reduzidas de acidentes de
trânsito, os dados mostram que a variável humana é
responsável talvez por 90%, 95% dos acidentes de trânsito,
envolvendo aí o fator álcool e a manutenção
do veículo. Os aspectos do veículo correspondem a
menos de 10% no conjunto total de acidentes. Ou seja, o fator humano
é o fator mais importante no controle e prevenção
dos acidentes de trânsito. É principalmente essa variável
que nós temos que “atacar”. Como fazer isso é
um problema que temos de investigar, analisar e fazer um planejamento
profundo.
Rádio
USP – O comportamento das pessoas é muito centrado
no trabalho. O carro passa a ser uma extensão do trabalho.
Isso é fator de acidentes, tenente?
Tenente
Pasetti
– Seguramente. Principalmente no trânsito lento. A pessoa
dirige escrevendo, com a cabeça baixa e a visão prejudicada,
e quando olha para a frente, já bateu. São freqüentes
os acidentes leves com pessoas que dirigem lendo, ocupadas, com
a atenção distraída.
José
Aparecido – É um problema de organização
e método na realização das atividades cotidianas
do trabalho. Um outro problema se deve ao que nós, psicólogos,
chamamos de risco relativo ou utilidade subjetiva da vida. Trata-se
do valor que você dá à vida. O motorista brasileiro,
embora diga que dê grande valor à vida, tem um comportamento
contrário: ele dá pouca importância ao risco
relativo de envolvimento em acidente de trânsito. Um exemplo
é realizar tarefas enquanto dirige, outro é se envolver
com bebida alcoólica, usar celular ou qualquer equipamento
que possa aumentar a probabilidade de risco em acidente. Usar o
carro como uma extensão do seu lugar de trabalho é
aumentar o fator de risco de acidente de trânsito.
Rádio
USP – Uma das mudanças do novo Código foi a
substituição das auto-escolas por centros de formação
de condutores. Isso alterou algo na prática?
Tenente
Pasetti
– Alterou bastante coisa. Hoje quem está se habilitando
precisa cumprir uma carga horária mínima de 15 horas/aula
de aulas práticas. Antes, uma pessoa que já tinha
aprendido a dirigir com o pai, por exemplo, fazia somente uma aula
prática e já se submetia ao exame prático de
direção. A parte teórica também foi
ampliada. Agora são 30 horas/aula sobre legislação
de trânsito, meio ambiente e primeiros socorros. Há
outras mudanças. Uma das mais felizes foi a criação
da “permissão” para dirigir, que é uma
habilitação provisória. Durante o primeiro
ano de habilitação, o motorista possui essa permissão.
Se nesse período ele for autuado por uma infração
grave ou gravíssima ou for reincidente de infração
média, tem que reiniciar todo o processo de habilitação.
Foi acrescentado também o exame psicológico, uma conversa
com psicólogos, que não era exigido. Havia só
o psicotécnico, o físico e o teórico. Isso
ajuda muito a selecionar o novo condutor.
Rádio
USP – A maioria dos que transgridem as leis de trânsito
é de que faixa etária?
Tenente
Pasetti
– Os mais afoitos estão na faixa dos 18 aos 30 anos.
Nessa faixa encontramos os condutores que mais excedem a velocidade.
As pessoas muito idosas têm os reflexos diminuídos
e por isso com freqüência se envolvem em acidentes. Mas,
especificamente por transgredir regras, a maioria dos infratores
está entre os 18 e os 30 anos.
Rádio
USP – Para encerrar, os senhores desejam acrescentar algo?
Júlia
Greve
– A questão do trânsito, como vimos, é
extremamente ampla, mas sem dúvida nenhuma a educação
é muito importante. As pessoas precisam ter um comportamento
responsável com relação ao trânsito,
para que possamos diminuir o número de acidentes. Não
é só esperar que a polícia aja. Cada um tem
que ser responsável e dirigir com responsabilidade.
José
Aparecido
– Gostaria de destacar um ponto que o poder público
em São Paulo e no Brasil deveria implementar. Deveria ser
criado um Centro de Estudos de Trânsito. Não um centro
apenas para discutir problemas de trânsito, mas para investigar
experimentalmente problemas ligados a ele. Veja. Hoje falamos muito
do celular e do álcool. Mas no futuro nós teremos
outros equipamentos, outras tecnologias, cujos efeitos no comportamento
do motorista precisam ser investigados. E nós não
temos no País, hoje, um centro de pesquisa genuíno
sobre essa questão.
Tenente
Pasetti –
Normalmente nós nos indignamos quando testemunhamos um homicídio
por arma de fogo, por exemplo. Só que as armas de fogo matam
no varejo. Os acidentes de trânsito matam por atacado. Às
vezes temos dezenas de vítimas num só acidente. É
momento de a sociedade se mobilizar e refletir sobre isso. Que as
pessoas se indignem da mesma forma com as mortes decorrentes de
acidentes de trânsito. E se mobilizem para que esse quadro
mude.
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