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Melfi:
conversas com toda a comunidade |
A
Reitoria da USP enviará ao Conselho Universitário,
em março, um projeto para a criação do Conselho
do Campus, que terá como atribuição propor
medidas a fim de melhorar as condições de vida na
Cidade Universitária, em São Paulo – inclusive
na área da segurança. Essa é uma das ações
com que o reitor Adolpho José Melfi pretende combater a violência
no campus, que desde outubro registrou pelo menos um caso de estupro,
segundo dados oficiais. Em entrevista exclusiva ao Jornal da USP,
o reitor fez um balanço do seu primeiro ano à frente
da Reitoria e falou sobre os seus planos para o próximo ano.
De
acordo com o projeto da Reitoria, o Conselho do Campus será
formado pelo prefeito da Cidade Universitária, pelos diretores
de cada uma das 19 unidades da USP instaladas no campus e por representantes
dos professores, dos funcionários e dos estudantes. Juntos,
eles terão autonomia para discutir os problemas locais e
sugerir medidas para resolvê-los, a ser implementadas pela
Prefeitura. “É fundamental que toda a comunidade participe
das discussões”, afirma Melfi. Para ele, alunos, docentes
e servidores não-docentes desejam se envolver e buscar soluções
para o campus, mas faltam-lhes os mecanismos de participação
adequados. “O conselho será um desses mecanismos”,
diz. “Ele será muito importante para resolvermos problemas
como a violência.”
Atualmente,
o projeto de criação do Conselho do Campus –
elaborado a partir de uma proposta do prefeito Geraldo Massucato
– se encontra em análise na Consultoria Jurídica
da USP. Ele deverá ser enviado para apreciação
do Conselho Universitário em sua primeira reunião
de 2003, provavelmente em março. A previsão é
que o conselho inicie suas atividades já no começo
do ano letivo. “Não haverá um docente, um funcionário
e um aluno por unidade, porque nesse caso o conselho seria imenso”,
ressalta Melfi. “Mas eles terão representantes lá
e será muito importante que participem.”
Se
na área administrativa o Conselho do Campus é uma
das principais medidas do reitor para 2003, no campo acadêmico
os planos são igualmente promissores. Melfi pretende dar
continuidade ao projeto de criação do campus da USP
na zona leste da cidade de São Paulo. A primeira etapa do
projeto já está concluída. Uma comissão
– instituída em 13 de junho e coordenada pela professora
Myriam Krasilchik, da Faculdade de Educação da USP
– elaborou um relatório com várias propostas
para a implantação do campus. Apresentado ao Conselho
Universitário em 12 de novembro, o relatório sugere
que a Universidade tenha uma única unidade na zona leste,
a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), o que colaborará
para oferecer um ensino legitimamente interdisciplinar. Com um único
departamento, a unidade estaria dividida em quatro grandes blocos.
Os cursos a ser oferecidos seriam: Arquitetura Paisagística,
Arquitetura de Interiores, Arqueologia, Ciências Ambientais
e Turismo (bloco 1), Marketing/Pesquisa de Mercado/Pesquisa de Opinião,
Promotor Cultural, Psicologia (concentração em Recursos
Humanos) e Serviço Social (bloco 2), Políticas Públicas,
Cooperativismo (co-gestão) e Ciências Atuariais (bloco
3), Formação de Professores, Música (concentração
em música popular), Esportes e Moda (bloco 4). No
primeiro ano, esses cursos oferecerão 1.000 vagas. “Demos
preferência a cursos que a USP não oferece e que possam
atender à demanda da região”, explica Melfi.
O relatório
da comissão dirigida pela professora Myriam indica quatro
locais para a implantação do campus. O mais provável
deles, segundo Melfi, é o Parque do Carmo. Quanto à
verba para a execução do projeto, ela já está
encaminhada. No Orçamento do Governo do Estado para 2003
– ainda a ser votado pela Assembléia Legislativa –,
o governador Geraldo Alckmin destinou R$ 67 milhões como
verba suplementar para as três universidades públicas
paulistas, a USP, a Unesp e a Unicamp. Desse total, R$ 27,4 milhões
são destinados à USP, que desse dinheiro dedicará
R$ 5 milhões para o campus da zona leste. “Gostaríamos
de inaugurar o campus em 2004, ano em que a USP completa 70 anos,
mas não sabemos ainda se será possível.”
Há
outras ações em vista pelo reitor para 2003, como
a implantação do campus 2 da USP em São Carlos
– que em 2004 deverá abrigar o curso de Engenharia
Aeronáutica – e a construção, na Cidade
Universitária, em São Paulo, de um centro de convenções,
com auditório para 1.200 pessoas e várias salas para
reuniões e seminários. Também em 2003 prosseguirão
os estudos para a incorporação à Universidade
da Faculdade de Engenharia Química de Lorena, hoje um instituto
de ensino superior ligado à Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Estado.
As
realizações de 2002
A expansão
do número de vagas nos cursos de graduação
e o aperfeiçoamento dos professores da rede pública
de ensino médio e fundamental foram duas importantes realizações
da USP em 2002, acredita Melfi. Lembrando que essas ações
constavam de sua campanha eleitoral, o reitor destaca que, neste
ano, a USP abriu 145 vagas em cursos já existentes e outras
390 em 9 novos cursos, que estão sendo disputadas no vestibular
2003 da Fuvest. Somando-se esses números às 457 vagas
abertas em 2001, na gestão do reitor Jacques Marcovitch –
das quais 435 oferecidas em 11 cursos novos –, tem-se 992
novas oportunidades para os candidatos a estudar na USP. No total,
a Fuvest põe em disputa atualmente 8.331 vagas. “Em
função da estrutura da Universidade, a USP pode ter
uma expansão, sem perder a qualidade, para 10 mil ou 11 mil
vagas, não mais do que isso”, calcula o reitor. “Essa
expansão é possível e por isso vamos continuar
essa política incentivando as unidades a abrirem mais vagas.”
Sobre
o aperfeiçoamento de professores do ensino público
paulista, Melfi lembra que projetos de parceria entre a Pró-Reitoria
de Graduação e a Secretaria de Estado da Educação
treinam atualmente cerca de 1.800 professores do ensino fundamental
– que graças a essa iniciativa receberão diplomas
de curso superior, uma exigência da legislação
em vigor. Outros 2.400 professores estaduais, que lecionam para
turmas da antiga 5a série até o ensino médio,
também são atendidos pela USP.
Na
área da extensão universitária, Melfi destaca
quatro iniciativas feitas em 2002 que darão bons frutos para
a sociedade: a criação do Parque de Ciência
e Tecnologia (Cientec), no bairro paulistano da Água Funda,
a exposição permanente “Biodiversidade sob o
olhar do zoólogo”, do Museu de Zoologia, a fundação
do Museu de Ciências – que busca recursos junto à
iniciativa privada para a construção de um prédio
na Cidade Universitária – e o projeto MAC Virtual,
feito em parceria com o Banco Santander-Banespa, que colocará
à disposição do público, na Internet,
as 8 mil peças do valioso acervo do Museu de Arte Contemporânea
(MAC) da USP. “São ações que têm
um forte impacto na sociedade”, avalia Melfi. Para
ele, o ano foi “bom” para a Universidade. “Se
não deu para realizar tudo o que gostaríamos, foi
possível fazer bastante coisa.”
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