O
número onze definitivamente se transformou em um signo de
azar e horror para a Humanidade. Exatos dois anos e meio após
o 11 de setembro, quando o mundo se petrificou com a tragédia
que veio do céu e pôs abaixo as torres gêmeas
do World Trade Center e a sensação de segurança
internacional, um outro onze —o de março, semana passada
— lança mais uma vez um véu de obscurantismo
sobre o planeta. Os 192 mortos e quase 1.500 feridos nas explosões
em três estações ferroviárias de Madri
no começo da manhã da capital espanhola deixou a comunidade
internacional em estado de choque. Não importa tanto nesse
momento a autoria dos atentados, se do grupo separatista basco ETA
ou da onipresente rede Al-Qaeda. O que importa são os mortos,
feridos e todos aqueles que, de várias formas, foram atingidos
pelas bombas da insanidade humana. "Estou aterrorizado. A escala
do terrorismo mudou. Hoje se matam centenas de pessoas. Isso é
de uma irracionalidade total", garantiu à Rádio
USP o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vê equívocos
na reação das grandes potências às ações
do terror sem face. "A resposta das grandes potências,
e a Espanha está entre elas, tem sido uma resposta militar.
Mas ela nem sempre resolve a situação, pois a questão
é mais profunda. Tem a ver com ideologia, com a falta de
respeito à diversidade cultural, com a pobreza. Caminhamos
para um fundamentalismo que é muito perigoso a todos",
afirmou FHC, que no mesmo dia dos atentados enviou mensagens de
solidariedade ao rei Juan Carlos I e ao primeiro-ministro José
Maria Aznar.
Para o professor
Braz José de Araujo, coordenador do Núcleo de Análise
Interdisciplinar de Políticas e Estratégia da USP,
o Naippe, a questão de fundo é a vulnerabilidade do
mundo diante de ataques que vêm sem hora marcada e partem
das sombras. "Mais uma vez se mostra que, diante do terrorismo,
todos somos vulneráveis", afirma o pesquisador, que
acredita que o impasse maior diante de tudo isso que vem acontecendo
desde o malfadado 11 de setembro de 2001 é a forma que se
deve utilizar para combater os atos do terror. "Todos os países,
envolvidos ou não em atentados, querem medidas preventivas.
Mas tudo depende de como se combater o terror e, nesse caso, o mundo
está dividido. Essa é uma realidade nova na política
internacional e que afeta a política internacional e vai
afetar também a política interna de vários
países, inclusive a do Brasil", diz Araujo. "O
Brasil tem índices de violência que o colocam entre
os primeiros do mundo nesse quesito. Por conseguinte, essa é
uma reflexão que nós, brasileiros, vamos ter que fazer
em um determinado momento."
Por enquanto,
a reflexão que se faz, além de se contar, mais uma
vez, o número de vítimas que a loucura acarretou,
é de como se viver em um mundo cada vez instável,
cada vez mais vulnerável a ataques como os que vitimaram
os civis espanhóis. A manhã em Madri naquele dia 11
parecia que ia começar como sempre, tranquila. No final daquele
dia, o mundo estava, de novo, engolfado em um pesadelo. |
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Em
destaque, três formas de a USP prestar serviços à
comunidade: em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a Unesco,
a Faculdade de Saúde Pública entregou diplomas a 300
jovens de diversos bairros da capital que concluíram um curso
de seis meses, destinado a ensinar noções de cidadania
e participar de atividades comunitárias. Adalberto de Souza,
um dos participantes, disse que antes via certos bairros e pessoas
com preconceito, mas depois do curso vai lutar por melhorias para
todos. Na Escola Politécnica, os alunos do último ano
são incentivados a direcionar os trabalhos de conclusão
de curso para projetos de interesse da comunidade. Entre os casos
atendidos ou em estudo estão o aperfeiçoamento de uma
mesa ginecológica portátil para o Hospital do Câncer
de Barretos e um elevador doméstico para uso de pessoa tetraplégica.
Também a Estação Ciência, agora dirigida
pelo professor Wilson Teixeira, quer parcerias com outras instituições,
a fim de ampliar os serviços oferecidos e atuar mais fortemente
no bairro onde se situa, a Lapa. universidade>> |
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