Estréia
do documentário Fala tu
Macarrão,
33 anos, apontador do jogo do bicho, duas filhas, torcedor
do Fluminense e cantor de rap do Morro do Zinco. Togum, 32
anos, vendedor de produtos esotéricos, budista e um
dos pioneiros do movimento rap no Rio, que tenta se reconciliar,
muitas vezes através da música, com seu pai,
sambista e motorista de ônibus aposentado que adoeceu
com o câncer. Combatente, 21 anos, operadora de tele-marketing,
mora com sua mãe, avó, duas tias e um sobrinho,
iniciada recentemente na igreja de Santo Daime e rapper de
Vigário Geral (acredita no poder transformador do rap,
versando sobre saúde sexual, paz e igualdade). Durante
nove meses, entre 2002 e 2003, uma equipe filmou o dia-a-dia
desses três cariocas da zona norte, que batalham e sonham
em fazer da sua música, o rap, o seu meio de vida.
O resultado é Fala tu (2003), documentário de
Guilherme Coelho e Nathaniel Leclery, que estréia nesta
sexta, simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O filme traz o cotidiano, letras e dramas desses personagens
reais numa crônica de um Rio de hoje. Fala Tu já
recebeu prêmios de Melhor Documentário pelo júri
popular e Melhor Direção no Festival BR do Rio/2003,
e foi selecionado pelo Festival de Berlim deste ano, onde
foi bem recebido pelo público. Em cartaz em várias
salas do circuito comercial
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É
Tudo Verdade
Também
está em cartaz até domingo a nona edição
do maior festival de documentários da América Latina,
sob curadoria de Aimar Labaki, exibindo 75 produções
em várias salas de São Paulo. O Cinusp traz nesta
semana: Janela da alma, de João Jardim e Walter Carvalho,
em que 19 pessoas, com diferentes graus de deficiência visual,
falam como se vêem e como percebem o mundo, além de
depoimentos de personalidades como José Saramago, Hermeto
Paschoal, Wim Wenders e o fotógrafo cego franco-esloveno
Evgen Bavcar (segunda, às 16h); Tiros em Columbine, de Michael
Moore, investiga a fascinação dos americanos pelas
armas de fogo (segunda, às 19h); Eles não usam black-tie
e ABC da greve, de Leon Hirszman, o primeiro é sobre a São
Paulo de 1980 quando eclode um movimento grevista e o segundo cobre
os acontecimentos na região do ABC, acompanhando a trajetória
de 150 mil metalúrgicos que lutam por melhores salários
(terça, às 16h e às 19h, respectivamente);
Luchando! Cubas struggle to survive, de Russel Porter, retrata o
povo cubano que sobrevive às dificuldades causadas pelo embargo
econômico imposto ao país pelos Estados Unidos (quarta,
às 16h, e quinta, às 19h); Los rubios documenta a
investigação da diretora Albertina Carri, em busca
de informações sobre seus pais (quarta, às
19h); A canção do pulque, de Everardo González,
onde o México se transforma, tomando dimensões surreais
nas pulquerías (bares típicos mexicanos) sob o efeito
de sua bebida fermentada (quinta, às 16h); Notícias
de uma guerra particular, de João Moreira Salles e Kátia
Lund, documentário sobre o estado da violência urbana
no Brasil (sexta, às 16h); e Naissance Dum Hospital,
de Jean Louis Comolli, acompanha o projeto que deu origem ao hospital
Robert-Debré, do arquiteto Pierre Riboulet (sexta, às
19h). Muitos dos títulos não são projetados
em película, e sim em beta.
Esses filmes integram a 4a Conferência Internacional
do Documentário, que acontece de terça a domingo,
no Itaú Cultural, que também exibe a mesma grade (ver
programação no site www.itau.org.br).
O tema deste ano é O Documentário Hoje, refletindo
a expansão do cinema não-ficcional dentro do universo
da produção audiovisual contemporânea. São
mesas-redondas que vão abordar assuntos como A conquista
do público com Brian Winston, Carlos Augusto Calil
e Jane Balfour, discutindo sobre o fenômeno do grande número
de espectadores com a "invasão" dos documentários
no mainstream cinematográfico; "Michel Moore e Nós",
com Toby Miller, Ana Amado e Walnice Nogueira Galvão, que
falam sobre o apresentador, ator, escritor, humorista e documentarista
Michel Moore, diretor de comédias mordazes e engajadas; O
diálogo documentário e ficção,
com Esther Hamburger, Paulo Sacramento e Eduardo Escorel, que tratam
da migração de cineastas ao que se convencionou chamar
de gênero documentário e ficção; e Um
outro cinema, com Jean-Claude Bernardet, Luís Lupone
e Russel Porter, abordando as várias etapas que o documentário
atravessou até se firmar como gênero cinematográfico;
entre outros.A coordenação da conferência é
de Maria Dora Mourão (ECA/USP).
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Lúcia
Rocha em Abry, de Joel Pizzini e Paloma Rocha |
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Nelson
Freire, de João Moreira Salles, um dos destaques da retrospectiva
brasileira |
Mostra competitiva
São
oito inéditos, entre eles A alma do osso, de Cao Guimarães,
sobre um eremita que vive nas cavernas do interior de Minas Gerais,
e Evandro Teixeira: instantâneos da realidade, de Paulo Fontenelle,
sobre um dos principais nomes do fotojornalismo mundial; mais oito
curtas, como Abry, de Joel Pizzini & Paloma Rocha, um retrato
de Lúcia Rocha, mãe de Glauber Rocha, e Carolina,
de Jeferson De, diário de uma mulher negra e semi-analfabeta
que se tornou um fenômeno literário. E da competição
internacional, com Eisenstein e Meyrhold, um retrato duplicado no
interior da época (Rússia), de Galina Evtushensko,
sobre dois criadores russos, o diretor de teatro Vsevold Meyrhold
e seu discípulo, o cineasta Sergey Eisestein; The Weather
Underground (EUA), de Sam Green & Bill Siegel, história
do grupo de ativistas radicais dos anos 60 Wethermen; e Tintin e
eu (Dinamarca), de Anders Hogsbro Ostergaard, sobre o criador das
Aventuras de Tintin, que ainda hoje fascinam os leitores.
Programas
especiais
O Estado das Coisas, mostra não-competitiva que aponta as
tendências do documentário, traz: A rede, da Alemanha,
dirigido por Lutz Dambeck, sobre as conexões entre matemática,
arte, computação e terrorismo; Os esquadrões
da morte A escola francesa, de Marie-Monique Robin, que apresenta
evidências da participação francesa na Operação
Condor, operação militar executada em vários
países da América do Sul nos anos 60 e 70; e Serra,
de Flavio Frederico, um road movie pela Serra da Mantiqueira, retratando
como as comunidades ficaram protegidas pelas montanhas.
Foco Latino-Americano, novidade desta edição, apresenta
entre outros filmes, O mal-estar supremo: retrato incessante de
Fernando Vallejo (Colômbia), de Luis Ospina, sobre o polêmico
escritor e cineasta colombiano Fernando Vallejo, que vive no México;
Olhos que se vêem: o cinema de Lombardi (Peru/Canadá),
de José Ridoutt Polar, que conta a trajetória cinematográfica
de Francisco Lombardi, melhor realizador peruano e reconhecido internacionalmente;
e Bazooka: as batalhas de Wilfredo Gómez (Porto Rico), de
Mario Diaz, que narra a impactante história do boxeador porto-riquenho.
Nos programas especiais ganham destaque Morte densa, de Jurandir
Müller & Kiko Goifman, sobre pessoas assassinadas em situações
banais; e Os novos americanos, de Steve James, com histórias
de vida de pessoas que saíram de seus países em busca
do sonho de viver nos Estados Unidos.
Retrospectivas
Mas também podem ser vistas as retrospectivas brasileira
e internacional. Na primeira estão os dez mais significativos
filmes sobre a música brasileira, como Nelson Freire, de
João Moreira Salles, que retrata um dos mais excepcionais
pianistas brasileiros que prefere manter-se distante da curiosidade
pública e sua relação com a música;
Os doces bárbaros, de Jom Tob Azulay, sobre os quatro baianos
Gal Costa, Maria Bethania, Gilberto Gil e Caetano Veloso,
que se juntaram para gravar o especial homônimo; e ainda Paulinho
da Viola Meu tempo é hoje, de Izabel Jaguaribe, biografia
cantada ao ritmo do samba. Na retrospectiva internacional, estão
alguns dos mais expressivos filmes do mestre francês Jean
Rouch, exibindo o clássico Crônica de um verão
(1959, co-produção de Edgar Morin), pesquisa sociológica
em Paris no verão de 1960, que tem como tema central você
é feliz?, além de A pirâmide humana (1961),
Eu, um negro (1959), Jaguar (1967) e Pouco a pouco (1970).
O
Cinusp fica na r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias,
Cidade Universitária, tel. 3091-3540; e o Itaú Cultural,
na av. Paulista, 149, tel. 3268-1766. O Festival É Tudo Verdade
ainda é exibido no Centro Cultural São Paulo, Centro
Cultural Banco do Brasil, CineSesc, Museu da Imagem e do Som e Sesc
Vila Mariana. A programação completa está no
site www.etudoverdade.com.br.
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