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Eduardo Barbosa, coordenador do Disque-Tecnologia:
a seviço dos micros e pequenos empresários
Os
tempos são mesmo do agronegócio. Das 259 respostas
publicadas do Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas
(SBRT) uma rede de informações para solução
de problemas das micros, pequenas e médias empresas, que
inclui o Disque-Tecnologia da USP , 76 referem-se à
agricultura e pecuária. Em segundo lugar vêm alimentos
e bebidas, com 56 respostas, mas a variedade de temas é grande
e as demandas chegam de todas as partes do País. Os pequenos
empreendedores querem saber como lidar com borracha e plástico,
brinquedos e jogos recreativos, couro e calçados, máquinas
e equipamentos ou tirar dúvidas. Como aquele que usava água
de bateria para dar o ponto no seu doce caseiro. Estava certo ou
errado?
Antes de ser adotado em âmbito nacional pelo Ministério
de Ciência e Tecnologia, o modelo de respostas técnicas
era posto em prática desde 1991 pelo Disque-Tecnologia da
Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária
e de Atividades Especiais (Cecae) da USP. De acordo com o coordenador
do Disque-Tecnologia, Eduardo José Siqueira Barbosa, esta
foi a melhor forma encontrada para divulgar o conhecimento entre
os micros e pequenos empreendedores, ou quaisquer interessados,
uma vez que o serviço está disponível na Internet
e pode ser usado sem ônus. Há uma exceção:
não se dirige a estudantes que, em princípio e no
período do curso, não são empreendedores.
Rede
Na esteira do modelo da USP surgiram várias outras tecnologias
que tinham o mesmo propósito e em meados da década
de 90 já se contavam 25 serviços semelhantes. Barbosa
lembra que o Disque-Tecnologia já nasceu na concepção
de rede, embora à época ainda não se usasse
essa nomenclatura e a Internet estivesse no início. A Universidade
queria um núcleo central na Cidade Universitária e
uma unidade em cada campus do interior.
Na busca de respostas, a primeira fonte a ser consultada é
o acervo da USP contato com especialistas, materiais, teses,
artigos ou obras referentes ao tema. Não encontrando
resposta, saímos dos muros e vamos para o IPT, Ipen, Instituto
de Tecnologia de Alimentos ou outras instituições
de pesquisa, afirma Barbosa, que define o Disque-Tecnologia,
como também o SBRT, como pronto-socorro tecnológico,
necessário para consolidar empresas, promover seu desenvolvimento
e ajudar para que trabalhem na formalidade e contribuam com a arrecadação
do Estado.
Foi assim que, em 2002, o Ministério de Ciência e Tecnologia,
por intermédio do CNPq, do programa TIB (Tecnologia Industrial
Básica) e do Fundo Verde-Amarelo, publicou carta que propunha
a criação do SBRT, convidando para integrar a primeira
composição da instituição o Disque-Tecnologia
e mais seis instituições: Redetec/RJ, CDT/UnB, Tecpar/PR,
Cetec/MG, Retec/BA e Senai/RS. Com financiamento de R$ 2 milhões,
a rede foi lançada oficialmente em 22 de novembro de 2004
e desde então as demandas têm sido crescentes, informa
Barbosa.
A rede nacional se propõe a criar competências para
atender às demandas, propor estratégias para empresas
e programas e políticas públicas para o governo. Pelo
menos 80% das questões que chegam ao Disque-Tecnologia e
suas parceiras são de baixa complexidade, não exigindo
intervenção de especialistas. Para a execução
do serviço, na USP foi criada a figura do mediador, que são
alunos de graduação que vão buscar as respostas
nas fontes da Universidade e preparam as respostas, já em
linguagem bem acessível aos consulentes. No momento são
seis os estagiários recrutados e treinados.
Mas o serviço não fica nisso: o Disque-Tecnologia
trabalha na construção de um projeto de dar espaço
de prática à extensão universitária.
Alunos da Poli, por exemplo, fazem estágio na Cecae para
complementar a formação tecnológica e acumular
créditos. Também não basta fornecer a resposta
ao consulente. Segundo Barbosa, é fundamental que haja diálogo
com os interessados e comunicação, seja por visita,
telefone, fax ou e-mail. Muitas vezes, as demandas chegam de forma
genérica e excessivamente abrangente, cabendo ao mediador
descobrir o que o pequeno empreendedor deseja realmente. Se a consulta
inicial pede tudo sobre produção e industrialização
de alimentos, no contato posterior pode-se descobrir que a
dúvida limita-se à melhor forma de aproveitar sobras
de tomate. Uma ligação para a Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq) ou à Embrapa é suficiente
para conseguir a resposta.
Na véspera da Páscoa, era de esperar que muita gente
interessada em ganhar um dinheirinho extra quisesse informações
sobre como fabricar ovo e coelhinhos de chocolate. A resposta antecipada
pode ser acessada no endereço da rede (sbrt.ibict.Br). É
para essa e outras utilidades que o SBRT tem um banco de dados.
É certo também que nem todas as respostas são
publicadas; algumas são enviadas diretamente ao interessado.
O tempo médio para resposta é de oito dias, mas as
questões mais complexas demandam tempo mais longo.
Casos
No caso do fabricante de doce que perguntava se poderia continuar
usando água de bateria de carro para dar o ponto no produto,
o Disque-Tecnologia recorreu ao pessoal da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF) da USP e os pesquisadores explicaram que
o ácido sulfúrico (o da água de bateria) realmente
ajuda a estabelecer o PH ideal para o ponto do doce, mas é
claro que o fabricante deveria recorrer a outra tecnologia, a outros
ácidos, porque o da bateria não é para esses
usos. Outro empreendedor perguntava se agia corretamente ao fabricar
mangueiras de água com matéria-prima derivada de recipientes
vazios de agrotóxicos. Não agia. Corria o risco de
causar câncer nos usuários das mangueiras.
Uma produtora mineira de lingüiça caseira encaminhou
a seguinte dúvida ao Uaitec (que não é interjeição,
mas Unidade de Atendimento e Informação Tecnológica):
no fritar, a lingüiça inchava, explodia e espirrava
gordura nas pessoas. Com a adição de umas gotas de
Luftal, medicamento usado contra gases, a lingüiça se
comportava direitinho no tacho. O fabricante estava certo? Resposta:
estava errado; o medicamento não tem essa finalidade. Existem
outras formas menos estranhas de conter as explosões da lingüiça.
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Os
técnicos do Disque-Tecnologia em atividade: serviço
conta com estagiários, que buscam informações
nas unidades da USP
Óleo
de capim vertiver
No
endereço do Serviço Brasileiro de Respostas
Técnicas está registrado o agradecimento de
um cliente Cristóvão Carvalho Rocha
que queria informações sobre o capim vertiver:
A qualidade do trabalho apresentado está muito
boa e com certeza muito ajudará no empreendimento que
estou iniciando. As referências de contatos apresentados
neste trabalho e a complementação de informações
apresentadas nos contatos posteriores servirão de base
para maior aprofundamento no conhecimento do processo de manejo
cultural e industrial para a fabricação de óleo
essencial. Considero a iniciativa da criação
do SBRT fundamental para o processo de democratização
do conhecimento e de desenvolvimento de pequenas e médias
empresas. Fiquei muito feliz por esta iniciativa e também
orgulhoso de poder contar no Brasil com essa possibilidade
de suporte ao desenvolvimento de projetos empreendedores.
Estou considerando o SBRT como um parceiro neste empreendimento
e pretendo voltar a usá-lo em caso de necessidades
futuras.
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