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Desde 14 de março, a Associação
dos Docentes Aposentados da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (Adae) – que reúne os antigos professores
da tradicional unidade da USP em Piracicaba – vem promovendo
uma série de conferências sobre os mais variados temas.
Denominada Pan-Gnósio 2005 – Panorama Amplo de Campos
do Conhecimento, a série tem o objetivo de discutir os diferentes
ramos da ciência segundo a visão da Esalq.
No dia 11 de abril, foi a vez de o professor João Lúcio
de Azevedo fazer a conferência “O ovo ou a galinha? –
Uma resposta filosófica”. Nela, Azevedo lembrou que
um geneticista não pode prescindir da teoria da evolução,
de Charles Darwin. Segundo ele, o tema sobre o qual discorreu se
comprova pela própria evolução: o ovo veio
antes da galinha, pois do ponto de vista da genética o evolucionismo
tem muito mais dados científicos que comprovam isso. “A
mutação ocorre quando uma geração passa
para outra. Dificilmente vamos ver uma galinha variar e virar um
pombo ou um mamífero, mas o ovo sofre algumas mutações.
São coisas muito lentas, não acontecem de um dia para
o outro. São gerações e gerações
e isso ocorre quando existe a reprodução, quando o
óvulo é fecundado pelo espermatozóide, aí
pode acontecer então uma mutação. É
rara, mas é assim que vão se modificando os seres
vivos”, disse o professor, em sua conferência no Pan-Gnósio.
“É muito difícil imaginar, como na Antigüidade,
que Deus foi criando os seres um por um. É muito mais fácil
Deus ter criado o DNA e, este sim, evoluir e dar toda a diversidade
que nós vemos hoje, desde um vírus e uma bactéria
até o homem.”
Dinamismo
As conferências iniciadas em março são apresentadas
por professores aposentados da Esalq, vinculados à Adae e
acontecem num intervalo de quinze dias entre uma e outra. O término
da série está previsto para o dia 28 de novembro (leia
ao lado a programação completa das conferências).
Azevedo elogiou a iniciativa da Adae, pois os docentes aposentados
têm muita experiência a oferecer, que não pode
ser desprezada. “A contribuição dos aposentados
é útil para a população, para a Esalq
e para a USP”, afirma. Aposentado pela USP, o professor continua
trabalhando, agora na Universidade de Mogi das Cruzes, onde fundou
o Núcleo Integrado de Biotecnologia, e na Universidade de
Caxias do Sul, onde ajudou a criar o curso de Biotecnologia. Atua
também no Centro de Biotecnologia da Amazônia, em projetos
sobre microbiologia e genética, aproveitando a biodiversidade
local. Assim como ele, outros docentes aposentados continuam a ensinar
e a pesquisar – e é esse dinamismo que a Esalq quer
aproveitar na série Pan-Gnósio 2005.
Watson
e Crick, os descobridores da estrutura do DNA: conferências
abordam várias áreas do saber
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Variadas
áreas do conhecimento
O
Pan-Gnósio 2005 é realizado sempre às
16h30, no Anfiteatro do Departamento de Ciências Florestais
da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq),
em Piracicaba. Mais informações podem ser obtidas
pelo telefone (19) 3429-4339 ou pela página eletrônica
da Adae (www.esalq.usp.br/adae). A seguir, os temas e datas
das próximas conferências.
Dia
25 de abril: “A domesticação das plantas”.
Dia 9 de maio: “Da bactéria ao dinossauro: extinção
e preservação das espécies”.
Dia 23 de maio: “O solo, nossa caixa de Pandora”.
Dia 13 de junho: “A água: solvente, agente poluente,
fator vital”.
Dia 27 de junho: “Relva, arbusto, árvores e homo
sapiens: de quem é o espaço”.
Dia 11 de julho: “Magnitude relativa, essa é a
questão”.
Dia 25 de julho: “Alterações no mobiliário
da Terra”.
Dia 8 de agosto: “Energia, não mais que apenas
e somente energia”.
Dia 22 de agosto: “Dinheiro é como água:
o problema é a distribuição”.
Dia 12 de setembro: “Dará certo algum dia: homo
sapiens e natureza?”.
Dia 26 de setembro: “Construindo para viver, da cidade
ao sertão e vice-versa”.
Dia 10 de outubro: “Investigação e experimentação:
receita para a sobrevivência”.
Dia 24 de outubro: “A domesticação dos
animais”.
Dia 14 de novembro: “Conhecimento e sabedoria: casados
pela inteligência”.
Dia 28 de novembro: “Colóquio sobre o Pan-Gnósio”.
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Azevedo
ministrando sua conferência: a vasta experiência dos
antigos professores não pode ser desperdiçada
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O
lugar do saber acumulado
“É
uma frase um pouco atrevida. Estou falando até que
alguém diga que não, mas não temos notícia
de que alguma universidade no Brasil tenha uma atividade organizada
de aposentados”, afirma o professor Zilmar Ziller Marcos,
presidente da Associação dos Docentes Aposentados
da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Adae),
de Piracicaba.
Marcos lembra que, no início de 2001, foi procurado
por um outro docente aposentado, professor Hélio de
Almeida Manfrinato, com a idéia de fundar um clube
de aposentados. Juntos, decidiram trabalhar para a criação
de uma associação em que os aposentados, com
o conhecimento acumulado de mais de 30 anos de carreira acadêmica,
pudessem oferecer seu saber à escola.
O presidente da Adae diz que, enquanto o professor de nível
secundário tem como compromisso apresentar o conhecimento
estabelecido, o docente de nível superior busca, com
base no conhecimento estabelecido, ampliar a ciência.
“Quando esse professor se aposenta, leva isso embora.”
Inaugurada em 3 de outubro de 2001, a Adae, entidade de direito
privado, sem fins lucrativos, com sede na cidade de Piracicaba,
tem o objetivo de criar meios e instrumentos apropriados que
possibilitem a canalização dos talentos, conhecimentos
e recursos acumulados pelos seus associados. Ela promove o
desenvolvimento humano e a melhoria da qualidade de vida e
luta pelos direitos corporativos, ao lado de outras entidades
congêneres. Na cerimônia de inauguração
da Adae, em 2001, o reitor da USP, Adolpho José Melfi,
esteve presente e se disse “plenamente convencido”
do quão adequada e própria era a criação
da associação. “Deveríamos ter uma
associação como esta há muito tempo.
Que bom seria se toda a Universidade tivesse esse tipo de
atividade.”
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