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O novo campus da USP na zona leste de São Paulo: mais alunos oriundos da escola pública chegam ao ensino superior gratuito

 



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razendo narrativas e análises das trajetórias de dez pioneiros do desenvolvimento econômico e social brasileiro, o livro Pioneiros & empreendedores – A saga do desenvolvimento no Brasil (Edusp e Saraiva, 328 páginas) pretende gerar reflexões úteis para entender o empreendedorismo e adotá-lo como projeto de vida. A cerimônia de lançamento da obra aconteceu dia 9, quinta-feira, na Sala da Congregação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.

O livro é o segundo volume da série iniciada em 2003 por Jacques Marcovitch, ex-reitor da USP. Pioneiros & empreendedores traz trajetórias de dez empresários dos Estados da Região Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo o autor, os conceitos de pioneiro e empreendedor são diferentes. “Os pioneiros desbravam caminhos inéditos, enquanto os empreendedores são empresários também inovadores mas com exemplos preestabelecidos”, explica. “Entretanto, ambos promovem inovação, vital para o crescimento da economia e os avanços sociais.”

Trajetórias

A obra conta a trajetória de Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, que implantou a primeira estrada de ferro do Brasil, no século 19. “Contador, economista, administrador de empresas, deputado, legislador e diplomata informal do Império, foi o primeiro e o maior dos empresários brasileiros”, diz Marcovitch.

Outro pioneiro analisado foi Luiz de Queiroz, precursor do agronegócio brasileiro, da pesquisa científica e do ensino no setor, no início do século 20. Também são abordados o catarinense Attilio Francisco Xavier Fontana, fundador do Grupo Sadia, o português Valentim dos Santos Diniz, criador da rede de supermercados Pão de Açúcar, e o pernambucano José Ermírio de Morais, que expandiu o grupo Votorantim.

Guilherme Guinle (1882-1960), dono da Companhia Docas de Santos, fez vultosas doações pessoais, por meio da Fundação Gaffrée & Guinle, para a pesquisa científica nacional. “A dedicação a projetos sociais, que muitas vezes incluiu a criação de fundações, representa outro traço marcante comum aos pioneiros”, afirma Marcovitch.
O livro também relata a história dos primos Wolff Klabin e Horácio Lafer, que criaram a primeira grande indústria de celulose brasileira, a Klabin, e do grupo gaúcho Gerdau, cuja diversificação o transformou na mais internacionalizada das empresas brasileiras, em quatro gerações da família. Um terceiro volume da série, sobre os pioneiros do Norte e Nordeste do Brasil, deverá ser lançado em 2007.

 

 

A história do trabalho

A seguir, trecho do volume 2 do livro Pioneiros & empreendedores – A saga do desenvolvimento no Brasil, de Jacques Marcovitch, lançado pela Editora da USP (Edusp) e Saraiva.

Os personagens deste livro já foram vistos, de forma reducionista, apenas como donos do capital. Marcaram, porém, grande presença no universo do trabalho, embora o primeiro plano tenha sido atribuído quase exclusivamente aos assalariados. A verdade é que os empreendedores ultrapassaram a condição de meros patrões. Seus negócios geraram, além de lucros, empregos; e, além de empregos, novas idéias, novos conceitos de negócio, novas formas de gestão e novos produtos e serviços.

O agir econômico é algo que, muitas vezes, atropela os dogmas teóricos. Se olharmos o capitalismo sem o viés de outros tempos, podemos dizer dele o mesmo que disse o marxista Eric Hobsbawn ao fazer um balanço do socialismo: “É impossível não reconhecer que fizemos muito mal, mas que também fizemos muito bem”. Os pioneiros do empreendedorismo justificam diante da história o pensamento liberal, compreendido aqui em sua acepção de apoio à livre iniciativa e à propriedade particular. Foram eles os personagens de uma revolução silenciosa, pois a economia de mercado agiu, também, como força transformadora. Ensina Morin que o capitalismo não nasceu da evolução das forças produtoras da sociedade feudal. Apareceu inicialmente, segundo Jean Baechler, como parasita daquela sociedade onde se autodesenvolveu, minando suas estruturas.

O coletivismo, que se impôs pela via revolucionária ou como fruto do poder militar, foi durante quase 70 anos uma hipótese de melhores relações de trabalho – algo que até mesmo chegou a justificar, para muitos, a supressão da liberdade. Os seus resultados não corresponderam às esperanças dos povos que o adotaram. Podem, no máximo, ter servido para levar a doutrina oposta, o capitalismo, a tornar suas leis trabalhistas mais avançadas, com o fim de esvaziar a pregação dos inimigos. Mesmo apresentando falhas em vários países, o capitalismo, de modo geral, foi capaz de elevar os padrões de vida e apresentar eficácia na exploração de recursos naturais.

Os salários dos trabalhadores qualificados tiveram incremento considerável e os benefícios legais, a partir do século 19, não cessaram de crescer. O sistema revelou extraordinária capacidade produtiva e tornou acessíveis a segmentos de baixos rendimentos alguns bens antes desfrutados pela minoria do conjunto social (...).
Em todas as etapas da história, qualquer que tenha sido o desempenho circunstancial da economia e o modo de produção em vigor, o empreendedorismo teve seu espaço. Empreendedores não se enquadram em arquétipos conceituais.

 

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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