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Naomi, ao lado de Alckimin: moda que vende e que não vende


C
onselho da top model Naomi Campbell aos alunos do curso de Tecnonologia Têxtil e da Indumentária da USP Leste: vocês precisam estudar muito. Além das aulas normais, fazer cursos extracurriculares de fins de semana, porque a área da moda é extremamente competitiva e cara. O trabalho tem que ser criativo e executado dentro de orçamentos predeterminados. A imaginação completa esse exercício. A modelo norte-americana, que esteve na capital paulista na semana passada para participar da São Paulo Fashion Week, visitou quarta-feira (29) a USP Leste acompanhada do governador Geraldo Alckmin, alguns secretários e vereadores. Depois de conversar com estudantes, Naomi percorreu as instalações do novo campus, sempre acompanhada por dezenas de repórteres e fotógrafos, e aplaudida pelos estudantes.

A uma das perguntas, sobre como via o momento da indústria têxtil e da moda fora do Brasil, a modelo referiu-se à França, dizendo que Paris tem as altas estações da moda, divididas em duas semanas. “Para mim, como modelo, as semanas da alta estação são como momentos de fantasia, porque não dá para comprar essas roupas. É uma coisa meio decadente e muito cara”, disse Naomi, salientando que essa — a moda acessível ou não — é justamente a diferença entre Paris e São Paulo. Na semana dos desfiles, disse a modelo, os olhares do mundo todo voltam-se para São Paulo, que já conquistou o seu lugar no circuito internacional da moda, ao lado de Milão, Paris e Londres. Marcas como a Daslu chamam a atenção de todos e vendem.

Pesquisa

O coordenador do curso de Tecnologia Têxtil e da Indumentária, professor Moacyr Martucci Júnior, que dirigiu a sessão de entrevistas, perguntou ao governador paulista o que poderia ser feito para incrementar a pesquisa no setor, por ele considerada ainda pouco consistente. Alckmin disse que para isso existe a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que dispõe de 1% do ICMS e financia qualquer projeto de pesquisa em qualquer área, quando bem apresentado. O governador lembrou que o Brasil teve no começo da década de 90 ampla abertura comercial, que facilitou a invasão de produtos chineses, principalmente na área têxtil. Contudo, os “maus momentos” já passaram e a indústria têxtil nacional deu a volta por cima, entre outras razões porque a carga fiscal foi reduzida. Agora estamos exportando, disse, e o mais importante é que os produtos brasileiros levam valor agregado, não se limitando a matéria-prima, como antigamente. O Estado de São Paulo responde por um terço das exportações nacionais e dos US$31 bilhões exportados, US$ 25 bilhões referem-se a manufatura. O desafio agora, segundo Alckmin, é crescer na tecnologia do design, da moda e da cultura, e o curso da USP Leste foi criado exatamente para dar esse impulso.

O sentimento dos alunos não é outro. Tássia Frossard disse que seu interesse é pela moda e quando se formar, daqui a três anos e meio, pretende trabalhar com criação, talvez com confecção própria, aproveitando a experiência da família no ramo. Fernanda Gaban esperava que Naomi Campfbell desse dicas sobre o mercado de trabalho na área da moda e falasse de seus projetos. A aluna entendeu como muito especial a visita da modelo norte-americana ao campus, porque Naomi representa a gente negra e quebra o estereótipo do modelo tradicional, de “moça branca, de olhos verdes”.

Para o professor Martucci Júnior, o importante para o curso de tecnologia têxtil, no caso da modelo, é que ela representa a visita de uma personalidade internacional da área, mas ser negra ou branca é puro acaso. O professor insiste em que o curso que coordena não é simplesmente de moda, mas de tecnologia têxtil com parte relacionada à moda, sempre voltado para a cadeia produtiva — do vestuário aos tecidos técnicos com aplicação fora da indumentária. Nesse sentido é pioneiro no Brasil. Todos os cursos do novo campus foram criados atendendo a demandas da região, lembra, e a área têxtil tem tradição na zona leste. Martucci Júnior espera que em 2008 os 60 alunos que iniciaram o curso este ano já estejam “bem empregados e felizes” e que em dez anos estejam inseridos no contexto internacional. Seu entusiasmo deriva de trabalhos apresentados pelos estudantes na conclusão do primeiro semestre, sobre resíduos têxteis e seu tratamento. “Eles mostraram maturidade”, afirma.

Também animada com os primeiros passos do curso, a professora Myriam Krasilchik, que coordenou a parte didática da USP Leste, referiu-se a Naomi Campbell como “personalidade admirada, que conseguiu destaque no campo da moda com muito trabalho”, lembrando que a modelo é amiga do Brasil de longa data. Aliás, não foi outra coisa que a top model dizia logo depois para os alunos.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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