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Clássicos de Tchékhov e Voltaire

A Coleção Clássicos Globo – que se dedica a republicar grandes obras da literatura nacional e internacional, revistas e atualizadas – traz em seu último lançamento um trabalho perdido do contista e dramaturgo russo Anton Tchékhov. Considerada a peça antecessora de Tio Vânia (um de seus mais aclamados trabalhos), O Silvano: comédia em quatro atos (168 págs., R$ 29,00), escrito em 1889, foi um fracasso de público e abandonada pelo contista quando organizava uma coletânea. Publicada no Brasil pela primeira vez, a obra traz a melancolia e a angústia convivendo com a comédia de costumes – características marcantes de seus textos posteriores. Publicado recentemente na coleção, Contos e Novelas (Globo, 784 págs., R$ 56,00), de Voltaire, original de 1951, é uma coletânea de suas ficções, com temas nada corriqueiros. Autor de obras políticas, o francês Voltaire também desenvolveu especial interesse por poemas e obras de ficção durante o século 18; seu texto reúne filosofia e humor para criar, por exemplo, personagens alheios à razão imposta na época e refletir sobre o absurdo de crenças e hábitos da sociedade. O livro tem tradução de Mario Quintana e apresentação e contextua-lização de cada conto por Sérgio Milliet. Também da Editora Globo são Poemas Malditos, Gozosos e Devotos (96 págs., R$ 23,00), em que Hilda Hist faz uma especulação de um sentido para o nome Deus, aqui misturado a sentimentos amorosos, devaneios e relações de tensão; e a coletânea de Oswald de Andrade, Obras Completas (264 págs., R$ 34,00). A Morta, O Homem e o Cavalo e Panorama do Fascismo – inédita em livro – são três peças teatrais que o escritor modernista escreveu na década de 30; em comum, os dois primeiros textos fazem uma crítica ao fascismo, enquanto A Morta tematiza amor e morte por meio do relacionamento entre o poeta Dante e Beatriz.

 

 

 

Trilogia do autor maldito

Segundo livro publicado da trilogia A Crucificação Rosada, em que Henry Miller traz relatos de suas aventuras sexuais e literárias na Nova York boêmia dos anos 20 – Sexus (1949), Plexus (1953) e Nexus (1959) –, Plexus (Companhia das Letras, 688 págs., R$ 67,00) é focado nas relações de amizade do personagem e episódios do passado. Este personagem – que muitos afirmam ser o próprio Miller, tido como autor maldito nos anos 40 e 50 – é jogado de rede em rede, fazendo conexões entre pensadores,

religiosos e artistas, sempre em busca de seu desenvolvimento interior. Nexus está previsto para meados de 2006. Na série Companhia de Bolsa, a editora lançou recentemente mais dois títulos a preços acessíveis: O Livro das Religiões (336 págs., R$ 19,50), uma compilação em que Jostein Gaarder, Victor Hellern e Henry Notaker falam sobre características de diversas religiões, e O Cavaleiro Inexistente (120 págs., R$ 14,00), de Ítalo Calvino, uma paródia dos romances de cavalaria.

 

 

 

O teatro de Ariano Suassuna

Em homenagem aos 50 anos da mais famosa peça de Ariano Suassuna – O Auto da Compadecida – a editora Agir (que publicou a obra em 1957) está relançando este ano alguns trabalhos do dramaturgo paraibano. O último foi A Pena e a Lei (159 págs., R$ 24,90), originalmente de 1959 e premiado no Festival Latino-Americano de Teatro da época. A peça é dividida em três atos: no primeiro, os personagens são semelhantes a bonecos de mamulengo e vão se metamorfoseando em gente

até o terceiro movimento; com exceção de Cheiroso e Cheirosa, que têm os trejeitos de boneco e gente do começo ao fim. Em uma mistura de influências nordestinas e da commedia dell’arte, o texto fala de “algumas leis e castigos que se inventaram para disciplinar os homens (...). E como era de se esperar (...) aparece logo alguém para transgredi-las e desafiá-las!”.

 

 

 

O fluxo da vida, segundo Hemingway

As Ilhas da Corrente é a última obra de Ernest Hemingway (Bertrand Brasil, 558 págs., R$ 59,00), publicada pela primeira vez em 1970, nove anos após seu suicídio. Aqui o personagem Thomas Hudson, artista plástico, vive três momentos distintos – na Ilha de Bimini, no Caribe, em Havana, Cuba e por último atuando como combatente na Segunda Guerra Mundial, caçando submarinos nazistas em alto-mar – que podem ser encarados tanto como uma reunião de novelas interligadas quanto como um romance

fragmentado. Hudson, assim como o pintor Gauguin (citado no texto) e o próprio Hemingway, parte em busca de uma idealizada pureza, abandonando seus relacionamentos em Paris. O pintor, ceifado pelo amor, obriga-se a se afastar dele para continuar sobrevivendo, mas sua vida entra em uma progressão de tragédias que vão se acumulando em um ciclo vazio e degradado.

 

 

 

Contos satíricos

Modesta Proposta e Outros Textos Satíricos (Editora Unesp, 99 págs., R$ 25,00), de Jonathan Swift, inaugura a série de bolso de clássicos da literatura, a Coleção Pequenos Frascos. O livro reúne contos do escritor irlandês conhecido pelo estilo satírico. A obra que dá nome à coletânea foi escrita em 1729 e apresenta uma nova proposta à sociedade para evitar a miséria infantil: bastava lembrá-los que “uma criancinha saudável e bem tratada é, com um ano, um alimento realmente delicioso, nutritivo e completo, seja cozida, grelhada, assada ou

fervida”. Também no livro estão contos como “Meditação a Respeito de um Cabo de Vassoura”, que ironiza a metodologia racionalista do físico e químico Robert Boyle. Entre os próximos títulos que serão lançados destacam-se Projeto para a Educação do Senhor de Sainte-Marie, de Rousseau, e O Filósofo Autodidata, de Ibn Tufayl.

 

 

 

Vida e obra de Lévi-Strauss

Para aqueles que apreciam a obra do antropólogo Claude Lévi-Strauss, mas conhecem pouco de sua vida, De Perto e de Longe (CosacNaify, 272 págs., R$ 26,00) é uma boa oportunidade. Em formato de entrevista – concedida ao filósofo francês Didier Eribon em 1988 –, o livro traz Lévi-Strauss fazendo um balanço de sua vida pessoal, de sua formação intelectual e explica conceitos de sua teoria. No depoimento, trechos de sua infância e adolescência em Paris e Versalhes, a formação universitária em filosofia e direito, e a participação na

Missão Francesa para a fundação da Universidade de São Paulo – que acabou proporcionando as expedições ao interior do Brasil e os estudos posteriores sobre a etnologia ameríndia. Também a influência e convivência com outros pensadores, em especial Roman Jakobson, que junto com Lévi-Strauss é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Estruturalismo.

 

 

 

Gêneros literários

O filósofo e articulista Leandro Konder, conhecido como um dos maiores estudiosos em marxismo no Brasil, é autor de As Artes da Palavra – Elementos para uma Poética Marxista (Boitempo, 112 págs., R$ 26,00), em que analisa diversos gêneros literários. Ele busca não apresentar novas teorias, mas analisar as já existentes e oferecer uma introdução a cada um dos gêneros em questão, abordando suas relações com o realismo – “visei reabrir a velha discussão sobre um momento

crucial da estética: a do realismo”, como afirma no prefácio. Dessa forma, cada capítulo é intitulado Para Ler..., e aí se encaixam a poesia, os romances, o teatro, os ensaios, as crônicas e as cartas. Na segunda parte o autor se fixa em estudar o realismo especificamente nos romances de Balzac e na poesia de Fernando Pessoa.

 

 

 

Lançamentos

Nesta quarta, às 14h, acontece a apresentação do livro da professora Benilde Justo Caniato, Percursos pela África e por Macau (Ateliê Editorial, 126 págs., R$ 15,00). Aqui a estudiosa procurou retratar a África portuguesa e Macau com o principal objetivo de valorizar a língua como suporte da cultura literária local. Logo após, será realizado o seminário “A Oralidade em Chiquinho de Baltasar Lopes e O Quinze, de Rachel de Queiroz”, dirigido a alunos e pesquisadores da área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, e também aberto ao público em geral. No Departamento de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (av. Prof. Luciano Gualberto, 403, sala 266, Cidade Universitária).

A editora Manole lança nesta quinta A Invenção do Futuro (160 págs., R$ 59,00), organizado por Jorge Forbes, Miguel Reale Júnior e Tercio S. Ferraz Junior, com textos de Gilles Lipovetsky, Telma de Souza e co-autores. Entre os temas abordados, o consumismo, a hipertrofia do individualismo e a hipermodernidade. No lançamento, uma palestra às 19h30, seguida de sessão de autógrafos (na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos, av. das Nações Unidas, 4.777, Pinheiros). Na semana que vem, dia 23, às 18h, na Casa do Saber (r. Dr. Mário Ferraz, 414, Jd. Paulistano) é lançado, também com palestra, o Elogio da Leitura (172 págs., R$ 38,00), em que Gabriel Perissé reúne argumentos para convencer o leitor a praticar o bom fanatismo da leitura. Já no dia 27, às 10h, no Buffet Colonial (av. Indianópolis, 300, Moema), a jurista Ada Pellegrini Grinover lança seu romance Morte na USP (190 págs., R$ 29,00), que retrata uma série de homicídios que acontecem em 1971 no local.

 




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