Desde sábado às 19h45, a Universidade de São Paulo tem uma nova reitora – a professora doutora Suely Vilela, ex-pró-reitora de Pós-Graduação,
que sucede a Adolpho José Melfi no mais alto cargo da Universidade. A cerimônia histórica
que empossou a primeira mulher na Reitoria da USP em seus 71 anos de existência, realizada
no Palácio dos Bandeirantes, foi marcada pela emoção – Suely não conteve as lágrimas durante seu discurso de posse – e pelo compromisso assumido pela nova reitora de continuar e ampliar as políticas afirmativas de inclusão social na Universidade.
“A prioridade é o esforço para consolidar a expansão da USP, como já acontece
na zona leste. A Universidade
deve contribuir também com a qualidade da escola pública”, afirmou a reitora em seu discurso, assistida por uma platéia lotada e que incluía representantes de estudantes negros e carentes que pediam justamente a inclusão à qual a professora Suely se referiu. “A USP precisa seguir de perto as rápidas mudanças do mundo moderno,
além de manter um debate equilibrado com a comunidade interna e a sociedade”, disse ela.
“Temos várias expectativas em relação a uma boa gestão. A USP tem estrutura e solidez suficientes para enfrentar os desafios que se encontram cotidianamente. Gerir a USP depende de um processo coletivo de muita confiança, dedicação
e competência”, afirmou o ex-reitor Flávio Fava de Moraes, presente à cerimônia, na qual estavam
políticos, reitores de outras instituições públicas e privadas, diretores de unidades, alunos e funcionários da USP.
A mesa que empossou a reitora Suely Vilela foi composta pelo vice-governador Cláudio Lembo, pelo ainda reitor Melfi, pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, João Carlos de Souza Meirelles e a secretária-geral da USP Nina Ranieri. O governador Geraldo Alckmin, que estava fora de São Paulo, chegou durante o discurso de Suely e esperou até que a fala da nova reitora terminasse
para integrar a mesa.
“Podemos dizer que este ano foi bastante auspicioso tanto para os brasileiros quanto para os paulistas, porque, quando a USP avança, é o Estado de São Paulo e o Brasil que avançam”, disse Alckmin, citando a implantação do segundo campus de São Carlos e a inauguração da USP Leste. “A USP cumpriu integralmente as missões acadêmicas de ensinar, pesquisar e estender seus serviços à comunidade, simbolizadas pelo colar doutoral. A Universidade concretizou também outro marco,
que foi pela primeira vez uma mulher encabeçar a lista tríplice para a indicação a reitor”, acrescentou
o governador.Aplauso de pé – Eram exatamente
19h20 quando foi iniciada a cerimônia de posse da professora
Suely Vilela.
Escoltada pelos membros do Conselho Universitário
devidamente paramentados – com o vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz e os pró-reitores Adilson Avansi de Abreu (Cultura e Extensão
Universitária), Luiz Nunes de Oliveira (Pesquisa) e Sonia Penin
(Graduação) à frente –, a nova reitora, formada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão
Preto, entrou no Auditório Ulysses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, ao som de uma peça composta e tocada pela Orquestra de Câmara da USP especialmente para a ocasião. A cerimônia em si foi rápida: o vice-governador abriu a sessão, a secretária-geral Nina Ranieri leu o termo de posse e a professora Suely leu seu compromisso
de posse, prometendo “promover o engrandecimento da Universidade”. Logo após, o agora já ex-reitor Adolpho Melfi passou à nova reitora as vestes talares, compostas pelo colar doutoral,
o capelo e a samarra – estes últimos brancos, exclusivos dos reitores e representantes de todo o conhecimento humano. Em cerca
de 15 minutos, a Universidade de São Paulo havia feito mais uma vez história.
Em seu discurso de posse – antecedido
pelo do professor Silvio Sawaya, que a saudou em nome do Conselho Universitário –, Suely
Vilela agradeceu ao Conselho Universitário e ao governador Geraldo Alckmin pela indicação de seu nome. “Estou ciente do imenso desafio que é comandar uma universidade do porte, complexidade
e importância da USP, iniciou ela. “Não medirei esforços para atuar com firmeza na consolidação
de sua liderança nacional e na ampliação de sua projeção internacional.
Ao mesmo tempo, entendo que é preciso promover mudanças na nossa estrutura acadêmica,
a fim de que possamos interagir de forma mais efetiva com o desenvolvimento nacional, internacional e local”, afirmou. O momento de maior emoção se deu ao final do discurso, quando Suely fez menção à sua família e a seu filho. “Tomo posse com humildade diante da grandeza da USP”, concluiu.
Terminou o discurso com a voz embargada e voltou à mesa com lágrimas nos olhos. Foi aplaudida
de pé por todos os presentes. Ao final da cerimônia, a nova reitora foi cumprimentada ainda no palco do auditório por todos os presentes, em uma cerimônia paralela e afetiva que demorou cerca de duas horas.
De volta às aulas – Para o reitor que sai, Adolpho Melfi, o momento
agora é de dedicação exclusiva às aulas. “Volto a ser apenas um professor da Esalq”, afirmou. Ele, como todos os presentes, têm grandes esperanças na nova gestão
que começa. “Acredito muito na professora Suely. Ela tem uma grande vantagem e demonstrou isso à frente da Pró-Reitoria: é extremamente sensível às opiniões e democrática no processo de decisão.
Espero que tenha uma grande gestão, que não é só dela, mas de todo o Conselho Universitário”, afirmou o professor Marco Campomar,
do campus de Ribeirão Preto, que integrou a lista de oito indicados para disputar o segundo turno das eleições para reitor. “Podemos
crescer em qualidade, como já indicou a gestão que terminou e como apontou a professora Suely. Não perderemos a excelência pelo fato de ampliar a inclusão social, pelo contrário. A qualidade e a quantidade podem e devem caminhar
juntas”, disse a professora Sonia Penin, que permanece à frente da Pró-Reitoria de Graduação
até a indicação dos novos nomes que integrarão a equipe direta da nova reitora.
A perspectivaé que os nomes dos novos pró-reitores sejam divulgados no próximo dia 20, durante reunião do Conselho Universitário. |