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ma ópera de Claudio Monteverdi, o mais importante compositor europeu do século 17, terá récita única nesta terça no Anfiteatro Camargo Guarnieri. L’Orfeo – Favola in Musica, obra composta em 1607, é considerada o primeiro sucesso do compositor e também da história da ópera, sendo um marco do estilo que hoje conhecemos. A famosa narrativa, criada nos moldes da tragédia clássica, com personagens mitológicos, traça o caminho do semideus Orfeu até o Hades à procura de sua amada, morta no dia do casamento. Com a música encantadora de sua lira, Orfeu convence o rei dos infernos a liberar Eurídice, mas, por desconfiança e incertezas, ele a perde novamente. Apesar de retratado à exaustão, “o tema mitológico adquire nas mãos de Monteverdi uma composição inédita de música e encenação, falando ao mesmo tempo da condição e sentimentos humanos”, esclarece Mônica Lucas, que assina a direção musical. O próprio compositor define a obra como uma junção da “prima pratica”, a polifonia renascentista, e a “seconda pratica”, o estilo recitativo, que, segundo ele, está entre a melodia cantada e o falar ordinário.

O projeto do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, que agora culmina com a récita, teve início em 2003 com o núcleo de Difusão Cultural do Curso de Práticas de Execução da Música dos Séculos 17 e 18. Aberto a músicos e estudantes em geral, o curso livre de extensão desenvolve um estudo sobre a chamada “música antiga”, composta por instrumentos como o alaúde, teorba, tromba marina, clarinete barroco e cravo. Alguns destes são cópias feitas por luthiers (homens que fabricam instrumentos musicais) baseados em documentos originais dos séculos 17 e 18. A escolha da obra de Monteverdi foi feita justamente para proporcionar aos alunos o contato com as técnicas de execução e com os simbolismos musicais dos principais estilos em voga nos anos seiscentistas.

Na apresentação de L’Orfeo, os instrumentos antigos, tocados pelos alunos da disciplina, dividem o palco com o núcleo de metais (alunos do curso de Bacharelado em Instrumento) e com alunos do Curso de Difusão Cultural em Canto Erudito, ambos também do departamento. Somando-se cantores e instrumentistas convidados, serão cerca de 40 integrantes na montagem. A regência é de José Roberto de Paulo (Bacharelado em Regência), a direção cênica de Diego José Villar (Bacharelado em Direção Teatral, do Departamento de Artes Cênicas da USP) e os figurinos de Marina Prado. O espetáculo será apresentado na íntegra, com seus originais cinco atos.

L’Orfeo – Favola in Musica será apresentada nesta terça, às 20h, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, r. do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, tel. 3091-3000. Entrada franca.


 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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