Os dois professores que anunciaram candidatura ao cargo
de vice-reitor da USP participaram no dia 8 passado de um debate
durante reunião do Conselho Técnico-Administrativo
da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. A
eleição será realizada nesta terça,
dia 14, na Reitoria da Universidade (leia o texto abaixo). Os candidatos
são: Franco Maria Lajolo, docente da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF) e que, entre outros cargos na USP, já
foi pró-reitor de Pós-Graduação (entre
1992 e 1993), diretor da FCF e presidente da Comissão Especial
de Regimes de Trabalho (Cert); e Luiz Nunes de Oliveira, pró-reitor
de Pesquisa na recém-encerrada gestão de Adolpho José
Melfi, ex-vice-diretor do Instituto de Física de São
Carlos (IFSC) e coordenador do Grupo de Trabalho sobre as Fundações
de Apoio na USP.
No debate, Franco Lajolo iniciou sua exposição dizendo
que fez parte do grupo que elaborou o projeto para a gestão
da reitora Suely Vilela. Estamos muito próximos e afinados
para, com os pró-reitores, constituir uma grande equipe e
levar adiante esse projeto, afirmou. O professor salientou
que tem experiência tanto como pesquisador ainda mantém
o umbigo na bancada por estar ligado a um grupo de pesquisa
quanto como administrador, com passagem por diversos cargos
na Universidade. Uma de suas prioridades será levar à
frente a avaliação departamental, que, registrou,
foi iniciada em sua gestão na Cert e teve continuidade na
Comissão Permanente de Avaliação (CPA), comandada
na última gestão pelo então vice-reitor, Hélio
Nogueira da Cruz. Agora é hora de dar respostas e retorno
para essas unidades que fizeram diagnóstico de seus problemas.
O processo não pode ficar parado, defendeu. Para Lajolo,
há unidades que possuem planos com metas bem estabelecidas,
enquanto em outras ainda se pode refiná-los.
O professor da FCF ressaltou que há uma grande necessidade
de destravar, descentralizar e desburocratizar os trâmites
e procedimentos da Universidade, e uma das maneiras de enfrentar
o problema é passar mais responsabilidades para as
unidades. O vice, com a reitora, será um importante
canal de diálogo com as unidades, sendo parceiros para a
condução das suas necessidades e problemas,
disse.
Comunicação
Para Luiz Nunes de Oliveira, a missão da Vice-Reitoria pode
ser sintetizada em dois canais: um é o apoio aos projetos
da reitora, auxiliando ao máximo na sua implantação.
O segundo ponto é a comunicação com a comunidade.
Para o professor do IFSC, cabe ao vice-reitor visitar todos os departamentos
para conhecer seus problemas, ajudar a analisar seu plano de metas
e promover uma grande interação com a Administração
Central. Muitas vezes as unidades se sentem distantes dos projetos
da Reitoria, disse, dificuldade que se acentua nos campi do interior.
Por isso, defendeu, é preciso descer à trincheira
e fazer o trabalho corpo-a-corpo.
Uma grande vantagem dessa proposta é que ao trabalhar
junto aos departamentos o vice terá um conhecimento da Universidade
que ninguém mais terá, o que será extremamente
útil para a reitora. O professor acredita que, dedicando
duas horas diárias a esse trabalho, é possível
visitar todos os departamentos ao longo de um ano.
Nunes de Oliveira ressaltou que nos quatro anos em que ocupou a
Pró-Reitoria de Pesquisa teve um relacionamento muito bom
com Suely Vilela, então pró-reitora de Pós-Graduação,
afinamento que considera essencial para a implantação
dos projetos da gestão. A reitora está criando
um núcleo central de planejamento, que não pode fazer
um trabalho desligado do que está sendo realizado nos departamentos
e nas unidades. Há vários caminhos para fazer esse
casamento, afirmou.
Ambos os candidatos salientaram que, além da integração
com a reitora para desenvolvimento dos projetos da gestão,
a continuidade da liderança da CPA é uma atribuição
fundamental do vice-reitor. A seguir, a opinião dos candidatos
sobre assuntos destacados pelos professores da ECA:
Greves
Para Franco Lajolo, o tema é complexo e tem origens no direito
constitucional à greve e na falta de regulamentação
da greve no serviço público. Na Universidade
é preciso discutir também o que isso significa do
ponto de vista ético, ou seja, as repercussões para
a sociedade que a mantém e os prejuízos para alunos
e professores. O professor defende que a questão
política da negociação interna deve ser bem
conduzida. Porém, ressaltou que não aceita o
uso da violência. Isso não faz parte da prática
acadêmica. Temos que debater no campo das idéias.
Luiz Nunes de Oliveira afirmou não discordar das posições
externadas por Lajolo, e defendeu que um fator positivo das greves
é que, ao longo delas, são realizadas discussões
que precisam ser travadas fora do período dessas mobilizações.
Por exemplo: que fração da diferença
entre inflação e ICMS deve ser dedicada à reposição
salarial e que fração para investimento? Agora temos
oportunidade de iniciar esse debate.
Estatuinte
Para Luiz Nunes de Oliveira, há mudanças na Universidade
que podem ser derivadas de alterações do seu Estatuto
mas uma mera nova redação não
vai fazê-la mudar de cara, alertou. Muitos problemas,
como a dificuldade de se relacionar com a comunidade externa, derivam
da falta de discussão dentro dos departamentos e deles entre
si. É preciso que as discussões sejam organizadas,
e não apenas apresentação de idéias
isoladas. No Grupo de Trabalho sobre as Fundações,
conseguimos conduzir um debate de forma produtiva com representantes
de segmentos de opiniões totalmente divergentes.
Franco Lajolo também acredita que algumas questões
podem ser encaminhadas com alterações no Estatuto
da USP, como a superposição de instâncias
decisórias. Outro exemplo é a simplificação
da eleição para reitor e vice, que poderia ser feita
por chapas, ou com a homologação pelo Conselho Universitário
do vice indicado pelo reitor. Lajolo, que participou da Estatuinte
de 1988, afirmou que na época o cenário era diferente
e que não vê necessidade de convocação
de um novo processo. Há pontos que podem ser objeto
de discussão, como a carreira, mas são questões
focais, não gerais.
Avaliação
de funcionários
Os dois candidatos fizeram críticas aos procedimentos do
Programa de Acesso para progressão dos funcionários
realizado em 2005. Para Luiz Nunes de Oliveira, um processo
de avaliação isoladamente não tem muito sentido.
O ideal seria ter um planejamento de atividades administrativas.
Por que não fazê-lo paralelamente ao acadêmico?
Isso seria muito mais racional e claro para o funcionário,
defendeu. Franco Lajolo afirmou que o processo teve alguns aspectos
positivos, mas muitos negativos, razão pela qual
deve ser revisado. Muitas falhas foram detectadas. Os funcionários
não podem ser avaliados da mesma forma que os professores.
Oliveira
e Lajolo: propostas para a Vice-Reitoria
Colégio
eleitoral tem 300 membros
Compõem
o colégio eleitoral para a escolha da lista tríplice
ao cargo de vice-reitor os membros do Conselho
Universitário e dos Conselhos Centrais da USP. Segundo
a Secretaria-Geral, a relação final de eleitores
tem
exatamente 300 nomes. Cada um pode escrever até três
nomes na cédula. Para entrar na lista tríplice,
o candidato precisa ter maioria absoluta de votos, ou seja,
151.
Podem ocorrer até três escrutínios para
que a nominata seja finalizada. No primeiro e no segundo será
respeitado o critério da maioria absoluta. Havendo
necessidade do terceiro, a lista será completada pelo
candidato (ou candidatos) que obtiver maior número
de votos, independentemente de ter atingido metade mais um.
O primeiro escrutínio começa às 13h30,
na Reitoria da USP, na Cidade Universitária, e a apuração
será realizada logo a seguir. Terminada a apuração,
os três professores mais votados serão proclamados
eleitos pela reitora, pela ordem dos votos recebidos e na
seqüência dos escrutínios. A lista tríplice
será então encaminhada ao governador Geraldo
Alckmin para definição do novo vice-reitor da
USP. Eventuais recursos relativos à apuração
devem ser encaminhados à
Secretaria-Geral até o final da tarde do dia 17, sexta-feira.
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