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Vista aérea dos campi da Faenquil
O Conselho Universitário da USP, em reunião
realizada no dia 21 de março, aprovou a transferência
dos cursos e do patrimônio da Faculdade de Engenharia Química
de Lorena (Faenquil) à USP. Resta agora a publicação
do decreto por parte do governo do Estado para que o processo de
incorporação, iniciado no final de 2001, tenha os
trâmites finais encaminhados, transformando a faculdade na
38º unidade da USP. Foi já num tom emocionado de despedida
que o diretor-geral da Faenquil, professor João Batista de
Almeida e Silva, dirigiu a formatura das turmas de Engenharia Industrial
Química (a quadragésima formada pela escola), de Engenharia
Química (quadragésima quinta), de Engenharia Bioquímica
(quinta) e de Engenharia de Materiais (quarta), no último
dia 9. A próxima formatura terá o nome da nova
instituição com extensão USP, disse Silva
na cerimônia.
É exatamente a inclusão, já no próximo
vestibular, dos quatro cursos de graduação da Faenquil,
somando 240 vagas, que faz com que a reitora da USP, Suely Vilela,
expresse o desejo de que o decreto do governador Geraldo Alckmin
sancionando a transferência seja publicado o mais rapidamente
possível Alckmin deixa o Palácio dos Bandeirantes
nesta sexta-feira, dia 31, para concorrer à Presidência
da República. Na reunião do Conselho Universitário
que aprovou a transferência por 78 votos a favor, um
contra e 18 abstenções , foi sugerido que o
Conselho Diretor que cuidará da adequação regimental
e estatutária da Faenquil à USP seja misto, com dirigentes
pro tempore de ambas as instituições. Também
deve ser criada uma comissão de acompanhamento, que se encarregará
da evolução do processo.
A incorporação da nova unidade deve levar cinco anos
para ser concluída. Primeiro vamos cuidar da estrutura
orgânica e da adaptação da Faenquil às
normas da USP, diz Suely Vilela. Passada essa etapa, pode-se
pensar na expansão da unidade, com a eventual criação
de cursos em outras áreas. A reitora afirma ainda que a incorporação
vai permitir o fortalecimento das parcerias que já existem
entre os cursos da Faenquil e os que a USP possui na área,
tanto na Escola Politécnica, em São Paulo, quanto
na Escola de Engenharia de São Carlos. A faculdade de Lorena
tem importantes trabalhos sobre fermentação e materiais,
sendo responsável pela tecnologia de beneficiamento do nióbio,
metal nobre usado em ligas leves e tintas, e em pesquisas sobre
o titânio. Também foi ali que se originou, nos anos
70, o Pró-Álcool, programa do governo federal que
incentivou a utilização do álcool como combustível
para automóveis.
Servidores
A incorporação da Faenquil possibilita, como diz a
reitora Suely Vilela, que a USP cumpra sua função
social de buscar novas parcerias no ensino superior numa região
em que não estava presente. Lorena tem cerca de 80
mil habitantes, de acordo com o Censo Demográfico de 2000
do IBGE, e fica a 180 quilômetros da capital. A região
do Vale do Paraíba vem se consolidando cada vez mais como
importante pólo tecnológico do Estado, mas ainda conta
com poucas opções de ensino superior público.
No final de 2001, a Secretaria de Ciência e Tecnologia iniciou
as conversações para transferir suas três faculdades
isoladas para o sistema das universidades estaduais. Após
visita a Lorena, a comissão da USP encarregada de analisar
o quadro manifestou o interesse da Universidade na Faenquil. Já
a Unesp vai incorporar as Faculdades de Medicina de São José
do Rio Preto e de Marília.
No final de 2004, o governador sancionou o projeto que extinguia
a Faenquil, transformando-a em unidade da USP. O quadro funcional
da instituição permanece ligado à Secretaria
e será absorvido paulatinamente pela Universidade, também
no período de cinco anos 20% a cada ano. Até
que a transferência seja concluída, os servidores trabalharão
como prestadores de serviço à USP. De acordo com a
reitora Suely Vilela, o ingresso no quadro da Universidade será
mediante processos seletivos e concursos públicos. A faculdade
possui 248 funcionários e 96 professores sendo mais
de 85% doutores , além de 1.650 alunos.
Para o atual diretor-geral da Faenquil, João Batista de Almeida
e Silva, faltou a transferência imediata à USP para
que o processo fosse avaliado como ótimo pelos
servidores. De uma maneira geral, há um certo descontentamento
com essa situação, diz. Silva acredita, no entanto,
que a criação de um Conselho Diretor para a transição
poderá encaminhar as soluções para eventuais
pendências. A preocupação foi manifestada também
em assembléia conjunta realizada no último dia 16,
quando cerca de 150 docentes, funcionários e representantes
discutiram a incorporação.
O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, João
Carlos de Souza Meirelles, afirmou à imprensa que o governo
não vai interferir nas negociações entre Universidade
e servidores, mas ressaltou que o tratamento de isonomia não
pode ser dado para quem não passou em concurso público.
Independentemente das questões trabalhistas, João
Batista Silva considera que a vinda da USP para o Vale do
Paraíba é um marco histórico em termos de avanço,
pesquisa e ensino para a região.
Recursos
Para fazer frente às despesas com a nova unidade o
orçamento atual da Faenquil é de R$ 17,5 milhões
anuais , a USP receberá um aumento de verbas, que chegará
a 0,07% da arrecadação do ICMS ao final dos cinco
anos (um quinto por ano). A política de assistência
aos estudantes será a mesma adotada em toda a Universidade
uma das primeiras providências deve ser a construção
de um restaurante universitário. Os estudantes e servidores
terão os mesmos benefícios de todos os que já
estão na USP, garante a reitora.
Suely Vilela comandou a delegação de 12 integrantes
da USP que visitou a Faenquil no último dia 13 de fevereiro.
A comissão conheceu de perto as instalações
da unidade e definiu os pontos prioritários para o encaminhamento
de questões práticas da integração.
O chefe de gabinete da Reitoria, Wanderley Messias da Costa, e a
secretária-geral da USP, Maria Fidela de Lima Navarro, também
participaram das reuniões com a direção da
faculdade.
Um dos pontos mais discutidos do processo foi a situação
do Colégio Técnico de Lorena (Cotel), vinculado à
faculdade e cujo quadro funcional também pertence à
Faenquil. O Conselho Universitário aprovou a incorporação
com a recomendação de que, após quatro anos,
seja feita uma avaliação sobre o seu desempenho e
a conveniência ou não de mantê-lo na USP.
Faculdade
foi criada em 1969
A
Faenquil foi criada em 1969, inicialmente como Faculdade Municipal
de Engenharia Química, sob a forma de autarquia. Em
1971, transformou-se em Fundação Centro Vale
de Ensino e Pesquisa em Química Industrial. Sete anos
depois, o Ministério da Indústria e Comércio
assumiu o controle da mantenedora, que passou a se chamar
Fundação de Tecnologia Industrial. Em 1991,
a faculdade foi incorporada ao sistema estadual de ensino
superior de São Paulo como autarquia de regime especial,
ligada à Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Da pequena sede em que se instalou no início
prédio que hoje abriga a Prefeitura Municipal de Lorena
, a Faenquil transformou-se num complexo que abriga
dois campi com mais de 490 mil metros quadrados de área,
sendo aproximadamente 26 mil m2 de área construída.
A faculdade tem quatro departamentos que desenvolvem atividades
de ensino, pesquisa e extensão, e quatro cursos de
graduação, além de cursos de especialização,
de mestrado e de doutorado. Em seus 37 anos de história,
a Faenquil formou cerca de 2.300 profissionais nos cursos
de graduação, além de 49 doutores e 194
mestres
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