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Nesta quarta-feira, dia 29, será realizado o Seminário
de Apresentação do Projeto Bacias Irmãs
Construindo capacidade na Sociedade Civil para Gestão de
Bacias Hidrográficas. O evento ocorrerá na Faculdade
de Educação da USP, das 8h30 às 12 horas, promovido
pela Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária
e de Atividades Especiais (Cecae) da USP e o Instituto Ecoar para
a Cidadania. O projeto prevê atividades acadêmicas
como pesquisa, prestação de serviços e ensino
em duas sub-bacias hidrográficas, a do Ribeirão
Piracicamirim, em Piracicaba, e a do Córrego Pirajussara,
em São Paulo, parcialmente localizadas em campi da USP.
O evento marca o término da primeira fase de implantação
do projeto, que inclui levantamento de dados e mapeamentos de vários
aspectos da sub-bacia do Pirajussara, como fatores socioeconômicos
e demográficos. Esses dados estão reunidos num Atlas,
que será lançado no seminário. O encontro abordará
ainda a origem do projeto, a metodologia utilizada e as possíveis
parcerias com o poder público e instituições
locais.
De acordo com Beth Lima, técnica executiva da Cecae e responsável
pelo projeto na USP, o importante é mostrar o que já
foi feito e o que já foi pensado para as próximas
etapas. Assim procuramos despertar o interesse de outras pessoas
e entidades e fazer novas parcerias. Para a sub-bacia do ribeirão
Piracicamirim está previsto outro seminário, que deverá
ocorrer em agosto na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq) da USP, em Piracicaba, no mês de agosto.
Mobilização
O objetivo do Projeto Bacias Irmãs é promover atividades
acadêmicas que contribuam para a capacitação
da sociedade civil na gestão de bacias hidrográficas.
Queremos mobilizar as pessoas que vivem próximas a
recursos hídricos, para que participem da gestão das
águas e entendam como essa questão funciona no Brasil,
explica Beth. É assim que o projeto pretende contribuir
para o aperfeiçoamento e a democratização do
gerenciamento das águas no País. O projeto surgiu
em 2003, graças a uma parceria entre a Faculdade de Estudos
Ambientais da Universidade de York, no Canadá, e a USP. Além
da Cecae e da Esalq, ele conta com a participação
do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Ambiental (Procam) da USP. É financiado pela Agência
Canadense de Desenvolvimento Internacional, ligada à universidade
canadense.
Outro objetivo do projeto é compartilhar conhecimentos. O
destaque está no programa de intercâmbio de alunos
de pós-graduação feito pelas duas universidades
envolvidas experiência que também será
discutida no seminário desta quarta-feira. De 2003 até
agora, três alunos brasileiros já foram estudar @no
Canadá e cinco canadenses foram recebidosna USP. Queremos
que a pesquisa do aluno ajude no seu projeto e, ao mesmo tempo,
desenvolva alguma metodologia que contribua com o Bacias Irmãs,
diz Beth.
Demandas
Encerrada a primeira fase a de coleta de dados , a
atenção se volta para definir as metodologias e iniciar
a aproximação com as comunidades. Fizemos a
pesquisa de campo para termos a percepção de quais
são as demandas existentes ali, afirma Beth. Na segunda
etapa serão realizados trabalhos de intervenção
como cursos, palestras, elaboração de cartilhas
e mesas de debate , associados à pesquisa-ação
e sempre voltados para as necessidades das comunidades ribeirinhas
e para mostrar novas formas de relacionamento com os rios.
No caso da sub-bacia do Pirajussara, três cidades terão
cursos de capacitação: Taboão, Embu e São
Paulo (bairros de Campo Limpo e Butantã). A sub-bacia conta
com atividades desenvolvidas pelo Procam e pela Faculdade de Educação,
coordenadas pelo professor Pedro Jacobi. Cerca de 500 famílias
foram entrevistadas na fase de pesquisa, por voluntários
e estudantes de graduação. A partir da análise
desses dados é que vamos nos envolver com a população,
diz Jacobi. O professor acredita que o próximo desafio é
motivar a comunidade a participar, a perceber que é
uma forma de enriquecimento pessoal, assim como um tema importante
para a região onde vive.
O ribeirão Piracicamirim já é a área
de estudos, há cinco anos, do Projeto Pisca, uma iniciativa
da Esalq que visa a chamar a atenção da comunidade
para a sub-bacia do rio Piracicamirim, sob coordenação
do professor Dalcio Caron. O Pisca reúne vários subprojetos,
todos envolvendo a temática dos recursos hídricos.
Por trabalhar com questões muito parecidas como a
gestão de políticas públicas para os rios ,
o Bacias Irmãs foi integrado ao Pisca, de acordo com Beth,
como forma de avaliar a experiência obtida e tentar
replicar, adequar e desenvolver metodologias em outras áreas.
Uma das diferenças entre duas áreas de estudo do Bacias
Irmãs é o tipo de população que se encontra
ao redor das águas. A população próxima
ao Pirajussara, região mais urbanizada, tem uma relação
problemática com o rio. O cheiro é ruim e há
enchentes quando chove, por exemplo. O projeto quer entender como
essa população encara a presença do curso de
água e se ela é mais politizada, no sentido de participar
dos comitês que definem as políticas de gestão
dos recursos hídricos. Em Piracicaba, as comunidades ribeirinhas
são menos urbanizadas, mas sofrem as conseqüências
do trajeto do rio.
A terceira e última etapa do projeto será a avaliação
do que foi feito e a documentação da experiência.
A fase de intervenção deve durar mais dois anos e
a finalização está prevista para 2008. Por
enquanto, não há planos para estender o projeto para
outras áreas.
Parceiros
O Instituto Ecoar para a Cidadania é o coordenador-geral
do Projeto Bacias Irmãs no Brasil. Segundo Miriam Duailibi,
coordenadora do Ecoar, a contribuição do instituto
é trazer pragmatismo ao projeto, por possuir experiência
com trabalho de campo. O papel do instituto está na
proximidade com a sociedade civil, porque já tem técnicas
e metodologias desenvolvidas para se trabalhar com a população.
Miriam destaca o Atlas que será lançado no seminário
do dia 29. Para ela, as informações dispostas dessa
forma são mais acessíveis ao público. Os mapas
informativos e os recortes da bacia, publicados no Atlas, podem
ser usados por órgãos públicos e instituições
como escolas a prefeituras, diz. Nunca antes se havia disponibilizado
tanta informação com uma bacia como unidade de gestão.
É uma base para a comunidade entender sua realidade e modificá-la.
O instituto também mantém o site oficial do Projeto
Bacias Irmãs. Ali se encontram mais informações
sobre o projeto, os parceiros, os objetivos, as áreas estudadas
e a legislação de recursos hídricos no País.
O endereço é
www.baciasirmas.org.br.
Livros
discutem recursos hídricos
Com
a mesma temática do Projeto Bacias Irmãs
a discussão dos recursos hídricos do Estado
de São Paulo , dois livros acabam de ser lançados
no mercado. Um deles é Águas no Oeste do Alto
Tietê Uma radiografia da sub-bacia Pinheiros-Pirapora,
da editora 5 Elementos. Ele aborda a região do córrego
Pirajussara pertencente à sub-bacia Pinheiros-Pirapora.
Destaca a gestão local dos recursos hídricos
por meio dos Comitês de Bacias Hidrográficas
e os impactos da urbanização crescente na região.
Já o Orientação para educação
ambiental Origem e caminhos da Rede Paulista de Educação
Ambiental, das editoras 5 Elementos e Imprensa Oficial, trata
da evolução da educação ambiental
no País. Tem prefácio do professor Pedro Jacobi,
da Faculdade de Educação da USP.
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