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Campus da Faenquil, em Lorena: transferência da instituição com 1.600 alunos para a USP foi bem recebida

Quando assumir a Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil) – o que depende de decreto do governo estadual, confirmando a transferência –, a USP receberá também um legado tecnológico construído durante mais de quatro décadas com pesquisas cujos resultados foram decisivos para o desenvolvimento industrial do Vale do Paraíba e, por extensão, do Estado de São Paulo e do País. Entre os projetos já concluídos, mas que ainda hoje fornecem suporte e elementos para subprojetos, destacam-se os cursos de formação de especialistas em usinas de álcool, destinados especialmente a aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, a matéria-prima desse combustível. Na época, o curso vinha atender às necessidades de um mercado escasso em petróleo e ao chamamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), criado pelo governo federal para enfrentar a crise mundial de abastecimento. Da mesma forma, o projeto de refino e purificação de nióbio metálico, desenvolvido do final da década de 70 até 2000, no Departamento de Engenharia de Materiais, campus 2 da Faenquil, deu ao Brasil autonomia tecnológica no setor e possibilitou a exportação desse metal estratégico, que é utilizado na fabricação de supercondutores, entre outras serventias.

Se assim foi no passado, no presente as pesquisas continuam em várias áreas, entre elas duas que prenunciam aplicações no mercado de bebidas e na saúde. Coordenada pelo professor João Batista de Almeida e Silva, diretor da faculdade, pós-graduandos tentam em laboratório novo processo de produção de cerveja, com novos sabores, inclusive de banana, tecnologia que poderá interessar a microcervejarias. No Departamento de Biotecnologia, desenvolvem-se pesquisas com resíduos de madeira, bagaço de cana, palha de trigo e outras formas de biomassa, para a obtenção de produtos como o xilitol, um tipo de açúcar indicado para diabéticos e com possível uso na fabricação de cremes dentais e cosméticos.

Equilíbrio regional

Pesquisadores da Faenquil acreditam que a presença da USP em Lorena dará novo impulso ao desenvolvimento do Vale do Paraíba e concorrerá para restabelecer o equilíbrio social na região. De acordo com o engenheiro químico Hugo Ricardo Sandim, que trabalhou no projeto de nióbio e ainda hoje coordena pesquisas derivadas no Departamento de Engenharia de Materiais, o Vale do Paraíba é a segunda região mais rica do Estado, depois do ABC, e ao mesmo tempo a segunda mais pobre, só perdendo para o Vale do Ribeira. Explica-se: entre Jacareí e Taubaté concentram-se as grandes indústrias e os melhores serviços, enquanto o Fundo do Vale, onde está Lorena, enfrenta graves carências. De acordo com o professor, exemplos de progresso e reequilíbrio social a USP já deu em outras regiões do Estado onde possui campi, como São Carlos, Ribeirão Preto, Bauru, Pirassununga e Piracicaba. Numa cidade de 80 mil habitantes, a Faenquil, uma instituição com 1.600 alunos, é considerada a menina dos olhos da população, que participa da vida da faculdade e se emociona ao falar dela, garantem os pesquisadores.

A transferência da Faenquil para a USP foi recebida com entusiasmo pelos alunos, que fizeram manifestação pública de aprovação assim que anunciada. Os funcionários, docentes e não-docentes, também aprovam a decisão do governo do Estado e da Universidade, mas a maioria não se conforma com a não-inclusão no processo. No dia 29, quarta-feira, realizaram paralisação de advertência de 24 horas e uma manifestação na praça principal da cidade para, de acordo com os líderes, explicar à população de Lorena que não são contra a USP, apenas se consideram injustiçados, uma vez que tudo o que a Faenquil possui e representa para a ciência teria sido construído pelos servidores. “USP, sim; exclusão, não”, é o lema da campanha. Eles têm o apoio do diretor da faculdade, que considera que, com a transferência, a Universidade ganha uma boa região para começar a investir, mas acrescenta: “Eu gostaria que a faculdade ganhasse também, desde que acontecesse a incorporação do pessoal, pois foi ele que deu a qualidade que a USP admira”.

Nem todos os servidores concordam com a crítica. Hugo Sandim, que integrou a equipe que planejou a transferência da faculdade, lembra que todo processo de transição gera dúvidas e ansiedade, e garante que tudo se acalmará com o tempo. Segundo ele, alguns servidores se prepararam para o processo de transição e não enfrentarão problemas, enquanto outros se descuidaram e ficarão com a opção de continuar no quadro em extinção da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Garante não haver interesse, nem do governo nem da USP, em criar um clima de terra arrasada na região; pelo contrário, disse, existe a promessa de que não haverá demissões.

Orçamento

No dia 28, terça-feira, alguns membros do Grupo de Trabalho encarregado de adotar os procedimentos necessários para dar início ao processo de incorporação dos cursos, do patrimônio e da administração da Faenquil pela USP estiveram em Lorena. Vera Lucia de Barros Amaral, coordenadora adjunta da Codage, disse que esse foi o primeiro contato com o pessoal da Faenquil e teve um só objetivo: analisar a condição administrativa e financeira da instituição, isto é, conhecer como a Faenquil opera, pois a sua relação com o Estado se faz por via da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Sendo transferida, constituirá uma unidade de ensino e pesquisa da USP, que tem sistemas administrativos próprios (Mercúrio, Protocolo, Acadêmico, de Pessoal).

O interesse do encontro com a direção da faculdade se limitava à questão orçamentária e financeira porque, quando for assinado o decreto do governador confirmando a transferência, parte do orçamento da Faenquil (custeio e investimento) passará a ser administrado pela USP. Vera afirmou que a parte de pessoal não foi discutida.
Até agora, o que houve foi a assinatura de acordo entre a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a USP; o próximo passo será a assinatura de decreto de transferência.
“Nossa preocupação agora”, insistiu a coordenadora adjunta da Codage, “é com o relacionamento orçamentário e financeiro. Viemos conversar com a mesma área da Faenquil. Veio o pessoal do Departamento Financeiro da Codage e o pessoal do Departamento de Informática para analisar como se fará a ligação dos recursos que vão entrar na USP por conta da transferência, a fim de atender custeio e investimento, e para isso a Faenquil tem que fazer parte dos sistemas operacionais da USP.” Ainda nesta semana, alguns funcionários da unidade de Lorena deverão vir à Reitoria para conhecer esses sistemas; para abril estão agendados dois cursos de pregoeiros para eles. Além de conhecer os pregões da USP (a Faenquil já faz os seus), será uma oportunidade para integração entre pessoas das duas instituições.

Segundo o diretor João Batista de Almeida e Silva, engenheiro químico formado na própria Faenquil, com mestrado em tecnologia de alimentos e doutorado em bioquímica farmacêutica, a faculdade que administra é uma autarquia de regime especial vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia, e a questão de a USP assumir ou não os servidores depende de vontade política, tanto do governo como da Universidade. “Em termos constitucionais”, disse depois do encontro com o pessoal da USP, “não vejo impedimento, já que todos os funcionários da Faenquil já pertencem ao quadro do governo de São Paulo. São, no total, 344, dos quais 106 docentes.”
A transição da Faenquil para a USP, de acordo com o diretor, começa com a realização dos vestibulares da Fuvest no final do ano. A faculdade de Lorena ainda não terá vagas novas. Permanecerão as 240 tradicionais.

Sobre pesquisas em andamento, disse que na área de combustível a escola está apresentando à Fapesp “um grande projeto de políticas públicas” que consiste no aprimoramento do processo de obtenção de etanol a partir do bagaço de cana-de-açúcar. A proposta deverá ser ampliada mediante parcerias com a própria USP, Unicamp e Unesp, além de outras instituições. Outro projeto, aprovado recentemente e coordenado por professor da Unicamp, visa a obter etanol hidrolisado e otimizar a qualidade do combustível. O etanol é um dos álcoois, diferente do metanol, que é álcool prejudicial à saúde. Assim como a pesquisa antiga, que atendia ao Proálcool, a de agora se justifica diante da crise provocada pela alta do preço do álcool combustível, que já rivaliza com o da gasolina.

Quando assumir a Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil) – o que depende de decreto do governo estadual, confirmando a transferência –, a USP receberá também um legado tecnológico construído durante mais de quatro décadas com pesquisas cujos resultados foram decisivos para o desenvolvimento industrial do Vale do Paraíba e, por extensão, do Estado de São Paulo e do País. Entre os projetos já concluídos, mas que ainda hoje fornecem suporte e elementos para subprojetos, destacam-se os cursos de formação de especialistas em usinas de álcool, destinados especialmente a aumentar a produtividade da cana-de-açúcar, a matéria-prima desse combustível. Na época, o curso vinha atender às necessidades de um mercado escasso em petróleo e ao chamamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), criado pelo governo federal para enfrentar a crise mundial de abastecimento. Da mesma forma, o projeto de refino e purificação de nióbio metálico, desenvolvido do final da década de 70 até 2000, no Departamento de Engenharia de Materiais, campus 2 da Faenquil, deu ao Brasil autonomia tecnológica no setor e possibilitou a exportação desse metal estratégico, que é utilizado na fabricação de supercondutores, entre outras serventias.

Se assim foi no passado, no presente as pesquisas continuam em várias áreas, entre elas duas que prenunciam aplicações no mercado de bebidas e na saúde.
Coordenada pelo professor João Batista de Almeida e Silva, diretor da faculdade, pós-graduandos tentam em laboratório novo processo de produção de cerveja, com novos sabores, inclusive de banana, tecnologia que poderá interessar a microcervejarias. No Departamento de Biotecnologia, desenvolvem-se pesquisas com resíduos de madeira, bagaço de cana, palha de trigo e outras formas de biomassa, para a obtenção de produtos como o xilitol, um tipo de açúcar indicado para diabéticos e com possível uso na fabricação de cremes dentais e cosméticos.


Reunião de trabalho entre representantes da USP e da Faenquil: primeiros contatos

Equilíbrio regional

Pesquisadores da Faenquil acreditam que a presença da USP em Lorena dará novo impulso ao desenvolvimento do Vale do Paraíba e concorrerá para restabelecer o equilíbrio social na região. De acordo com o engenheiro químico Hugo Ricardo Sandim, que trabalhou no projeto de nióbio e ainda hoje coordena pesquisas derivadas no Departamento de Engenharia de Materiais, o Vale do Paraíba é a segunda região mais rica do Estado, depois do ABC, e ao mesmo tempo a segunda mais pobre, só perdendo para o Vale do Ribeira. Explica-se: entre Jacareí e Taubaté concentram-se as grandes indústrias e os melhores serviços, enquanto o Fundo do Vale, onde está Lorena, enfrenta graves carências. De acordo com o professor, exemplos de progresso e reequilíbrio social a USP já deu em outras regiões do Estado onde possui campi, como São Carlos, Ribeirão Preto, Bauru, Pirassununga e Piracicaba. Numa cidade de 80 mil habitantes, a Faenquil, uma instituição com 1.600 alunos, é considerada a menina dos olhos da população, que participa da vida da faculdade e se emociona ao falar dela, garantem os pesquisadores.

A transferência da Faenquil para a USP foi recebida com entusiasmo pelos alunos, que fizeram manifestação pública de aprovação assim que anunciada. Os funcionários, docentes e não-docentes, também aprovam a decisão do governo do Estado e da Universidade, mas a maioria não se conforma com a não-inclusão no processo. No dia 29, quarta-feira, realizaram paralisação de advertência de 24 horas e uma manifestação na praça principal da cidade para, de acordo com os líderes, explicar à população de Lorena que não são contra a USP, apenas se consideram injustiçados, uma vez que tudo o que a Faenquil possui e representa para a ciência teria sido construído pelos servidores. “USP, sim; exclusão, não”, é o lema da campanha. Eles têm o apoio do diretor da faculdade, que considera que, com a transferência, a Universidade ganha uma boa região para começar a investir, mas acrescenta: “Eu gostaria que a faculdade ganhasse também, desde que acontecesse a incorporação do pessoal, pois foi ele que deu a qualidade que a USP admira”.

Nem todos os servidores concordam com a crítica. Hugo Sandim, que integrou a equipe que planejou a transferência da faculdade, lembra que todo processo de transição gera dúvidas e ansiedade, e garante que tudo se acalmará com o tempo. Segundo ele, alguns servidores se prepararam para o processo de transição e não enfrentarão problemas, enquanto outros se descuidaram e ficarão com a opção de continuar no quadro em extinção da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Garante não haver interesse, nem do governo nem da USP, em criar um clima de terra arrasada na região; pelo contrário, disse, existe a promessa de que não haverá demissões.

Orçamento

No dia 28, terça-feira, alguns membros do Grupo de Trabalho encarregado de adotar os procedimentos necessários para dar início ao processo de incorporação dos cursos, do patrimônio e da administração da Faenquil pela USP estiveram em Lorena. Vera Lucia de Barros Amaral, coordenadora adjunta da Codage, disse que esse foi o primeiro contato com o pessoal da Faenquil e teve um só objetivo: analisar a condição administrativa e financeira da instituição, isto é, conhecer como a Faenquil opera, pois a sua relação com o Estado se faz por via da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Sendo transferida, constituirá uma unidade de ensino e pesquisa da USP, que tem sistemas administrativos próprios (Mercúrio, Protocolo, Acadêmico, de Pessoal).

O interesse do encontro com a direção da faculdade se limitava à questão orçamentária e financeira porque, quando for assinado o decreto do governador confirmando a transferência, parte do orçamento da Faenquil (custeio e investimento) passará a ser administrado pela USP. Vera afirmou que a parte de pessoal não foi discutida. Até agora, o que houve foi a assinatura de acordo entre a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a USP; o próximo passo será a assinatura de decreto de transferência.
“Nossa preocupação agora”, insistiu a coordenadora adjunta da Codage, “é com o relacionamento orçamentário e financeiro. Viemos conversar com a mesma área da Faenquil. Veio o pessoal do Departamento Financeiro da Codage e o pessoal do Departamento de Informática para analisar como se fará a ligação dos recursos que vão entrar na USP por conta da transferência, a fim de atender custeio e investimento, e para isso a Faenquil tem que fazer parte dos sistemas operacionais da USP.”
Ainda nesta semana, alguns funcionários da unidade de Lorena deverão vir à Reitoria para conhecer esses sistemas; para abril estão agendados dois cursos de pregoeiros para eles. Além de conhecer os pregões da USP (a Faenquil já faz os seus), será uma oportunidade para integração entre pessoas das duas instituições.

Segundo o diretor João Batista de Almeida e Silva, engenheiro químico formado na própria Faenquil, com mestrado em tecnologia de alimentos e doutorado em bioquímica farmacêutica, a faculdade que administra é uma autarquia de regime especial vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia, e a questão de a USP assumir ou não os servidores depende de vontade política, tanto do governo como da Universidade. “Em termos constitucionais”, disse depois do encontro com o pessoal da USP, “não vejo impedimento, já que todos os funcionários da Faenquil já pertencem ao quadro do governo de São Paulo. São, no total, 344, dos quais 106 docentes.”
A transição da Faenquil para a USP, de acordo com o diretor, começa com a realização dos vestibulares da Fuvest no final do ano. A faculdade de Lorena ainda não terá vagas novas. Permanecerão as 240 tradicionais.

Sobre pesquisas em andamento, disse que na área de combustível a escola está apresentando à Fapesp “um grande projeto de políticas públicas” que consiste no aprimoramento do processo de obtenção de etanol a partir do bagaço de cana-de-açúcar. A proposta deverá ser ampliada mediante parcerias com a própria USP, Unicamp e Unesp, além de outras instituições. Outro projeto, aprovado recentemente e coordenado por professor da Unicamp, visa a obter etanol hidrolisado e otimizar a qualidade do combustível. O etanol é um dos álcoois, diferente do metanol, que é álcool prejudicial à saúde. Assim como a pesquisa antiga, que atendia ao Proálcool, a de agora se justifica diante da crise provocada pela alta do preço do álcool combustível, que já rivaliza com o da gasolina.


A tecnologia do álcool

José Antonio Nunes Romeiro é advogado “e o melhor e mais bonito professor de Direito da Faenquil”, conforme, brincando, se descreve. Atualmente é diretor-técnico acadêmico da escola, mas esse é apenas um dos muitos cargos que já ocupou e das muitas funções que exerceu na escola de Lorena. Não das menos importantes foi ter coordenado o curso de formação de especialistas na produção de álcool a partir da cana-de-açúcar, ao qual o Brasil deve, pelo menos em parte, o aumento de 100% na produtividade na área. O testemunho dessa atividade, repetida por cinco anos, ainda está bem no centro do campus 1 da Faenquil, um conjunto negrejado de destilarias e toda a parafernália que constitui campo de pesquisa de derivados da cana, que em breve deverá dar lugar a novas construções, em razão da necessidade de mais espaço para outras pesquisas.

Romeiro conta a história, que remonta à fundação da Faenquil (então com outro nome) por um grupo de oficiais engenheiros químicos, ligado à indústria de explosivos de Piquete (hoje Imbel), que considerava necessária na região uma faculdade de química. Liderados pelo coronel Luiz Sílvio Teixeira Leite, um idealista que foi chefe de gabinete de Garrastazu Medici antes de o general ser presidente da República e dele conseguia dinheiro pessoal para objetivos didáticos, criaram a Faculdade Municipal de Engenharia, que cobrou mensalidade dos alunos até 1991. Depois disso, a escola passou a Fundação Centrovale de Ensino e Pesquisa em Química Industrial, com o objetivo principal de fabricar o ácido acetilsalicílico (o comprimido para dor de cabeça), mas a produção foi interrompida por pressão de multinacionais de medicamentos. A escola passou então à supervisão do Ministério da Indústria e Comércio, sobrevivendo às custas de recursos angariados através de projetos de pesquisa. Nova crise no governo Fernando Collor, até ser incorporada ao sistema estadual de ensino.

A história do curso do álcool está nesse contexto. Nos anos 70, quando se anunciava a crise do petróleo com a pressão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para aumentar os preços, faltavam no Brasil especialistas em produção de álcool, o melhor substituto da gasolina.

O governo federal determinou então à faculdade de Lorena que criasse um curso de formação de especialistas nessa área. Ele começou com 30 graduandos, de preferência da área de engenharia química, sob a coordenação do professor Romeiro. Eram características do curso: 30 vagas, período integral, bolsas do CNPq, um ano de duração, carga total de 1.360 horas e professores recrutados nas melhores instituições de ensino superior, entre eles, o atual ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, um dos que vieram da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. Tanto no curso que atendeu às necessidades do Proálcool como nos demais da Faenquil, havia, segundo Romeiro, cerca de uma vintena de disciplinas, incluída a de Noções de Direito Aplicado ao Trabalho.

O destino dos alunos assim formados, e foram 150, eram as usinas de álcool de São Paulo e de outros Estados, que ofereciam estágios aos estudantes ainda no decorrer das aulas, depois davam emprego fixo e bem remunerado. Mas o mais importante é que a conquista da tecnologia na área de produção de álcool combustível tomou conta do País, que agora pode exportar conhecimento para países ricos, porém presos ao combustível fóssil ou a outras formas de energia.

Segundo Romeiro, o álcool em si não mudou muito; é a produtividade, tanto agrícola como industrial, que deu um salto muito significativo. Em relação aos processos antigos, consegue-se agora o dobro de álcool por hectare de cana. “Naquela época, a cana fantástica era a NA52, do norte da Argentina; atualmente, a variedade é enorme”, afirma “o melhor e mais bonito professor de Direito da Faenquil.”

 

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