Na
Pele do Outro
![](ilustras/televisao01.jpg)
O documentário produzido pela TV USP estréia neste
domingo, procurando explorar as diferentes formas de perceber o
outro
Na
Pele do Outro é um documentário dirigido por Fabio
Durand e Maria Carolina Abe e produzido pela TV USP. Com 25 minutos
de duração, aborda a discussão que divide a
preocupação de proteger a sociedade da violência,
por um lado, e o desejo de vingança, por outro. É
um programa especial, realizado em paralelo à produção
regular da TV. O trabalho levanta questões como “É
possível se colocar no lugar do outro e sentir a sua dor?
Até que ponto e a partir de que idade podemos ser responsabilizados
pelos nossos atos? A ausência do sentimento de culpa é
uma doença? O que fazer com o criminoso que não sente
culpa?", que encontram respostas a partir da fala de especialistas,
como antropólogos, psicólogos, psiquiatras. “Sem
querer dar respostas definitivas a essas perguntas, este documentário
procura explorar as diferentes formas de perceber o outro, inclusive
através das fronteiras culturais”, informa o diretor.
O psicólogo
canadense Robert Hare, considerado uma das maiores autoridades no
mundo em psicopatia é o autor de uma frase interessante:
“Eles sabem a letra, mas não a música”.
Um dos entrevistados, o psicólogo Antônio Serafim (do
Nufor/IP/Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP) também usou uma metáfora musical: “Não
adianta dizer a um psicopata que eu sou um pai de família,
porque isso não repercute nele”. E, segundo Durand,
“essa informação é mal divulgada, as
pessoas costumam confundir psicopatia com outras coisas. Há
alguns anos, uma revista de grande circulação publicou
uma matéria sobre psicopatas que foi ilustrada, na capa,
por um indivíduo furioso e descontrolado, quando na verdade
o psicopata se caracteriza justamente pelo contrário, ou
seja, pela frieza, pela indiferença. E consideramos que seria
importante um documentário que esclarecesse esse conceito”.
O
documentário parte da passeata pela paz, ocorrida em 2003,
com pessoas lutando pelo mesmo motivo mas a partir de diferentes
perspectivas. Assim, a discussão que gira em torno da redução
da maioridade penal foi apenas um ponta pé inicial. O que
antes seria o tema central, tornou-se um pretexto para uma discussão
sobre a psicopatia. As dificuldades no processo foram claras: encontrar
psiquiatras e psicólogos que considerassem a psicopatia um
produto do meio ou da combinação entre o meio e a
herança genética. Esta parece ser uma corrente minoritária;
a maioria dos especialistas entrevistados a considera inata. Tentou-se
ainda entrevista com o médico Dráuzio Varela, que
em seu livro Carandiru relata caso de um assassino em série
que, por algum motivo, em um determinado dia, começa a apresentar
sinais de arrependimento. Na versão cinematográfica,
o detento pergunta ao doutor se há remédio para culpa,
e este responde que “não, mas se houvesse, todo mundo
iria querer”. “Parece um caso de psicopata curado, o
que é considerado impossível. E é um erro tratar
a culpa como doença em um caso em que ela é justamente
o sinal de cura”, afirma Fabio.
Na
Pele do Outro será exibido no domingo, às 17h, com
reapresentações nos dias 2, à 0h30 e às
17h, e 6, às 11h30. A TV USP pode ser assistida no Canal
Universitário de São Paulo (canais 11 da NET ou 71
da TVA). Programação completa no site www.usp.br/tv.
|