PROCURAR POR
 NESTA EDIÇÃO

 

O Sistema de Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo foi lançado pelo governador Geraldo Alckmin em fevereiro deste ano numa solenidade na Fapesp. Desde então, empresas, governo e academia se empenham em definir as áreas de atuação de cada um dos cinco núcleos previstos – São Paulo, Campinas, São José dos Campos, São Carlos e Ribeirão Preto. “Este é um projeto de grande porte e relevância para o País e depende de um intenso planejamento”, afirma o coordenador do Sistema de Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo, professor João Evangelista Steiner, também diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. “Cada região tem sua bandeira principal, ou ênfase. É uma vocação que acontece de forma mais ou menos natural e é isso que será estimulado, o que não significa que um parque ficará restrito a determinado setor.”

Segundo Steiner, a possibilidade de instalar o parque paulistano em Guarulhos foi descartada por uma série de inviabilidades técnicas. “No momento discutimos sua implementação nas vizinhanças da Cidade Universitária e esperamos incluir essa opção nas discussões do novo Plano Diretor do município”, diz. “Em regiões como Ribeirão Preto e São José dos Campos, onde a vocação é evidente (saúde numa e aeronáutica na outra), o foco é evidente. Mas em São Paulo a amplitude e o espectro de bandeiras é muito grande e a definição da ênfase que se dará para esse parque envolve múltiplos interesses, tanto públicos como privados ou acadêmicos.”

Em Ribeirão Preto, depois da assinatura do protocolo de intenções que propõe a cooperação entre órgãos públicos, iniciativa privada e instituições de ensino e pesquisa, o Parque Tecnológico local começa a dar seus primeiros passos rumo à definição do seu espaço físico. “Esperamos definir no início do segundo semestre seu perímetro e localização”, diz a professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp) da USP, Geciane Silveira Porto, coordenadora geral do trabalho.

A equipe responsável pelos estudos de viabilidade do projeto analisa as duas propostas recebidas no “chamamento de terrenos” recentemente realizado, em que a iniciativa privada ofertou uma área de 1 milhão de metros quadrados. Parte do empreendimento poderá ser instalada em área pública e o Conselho do campus da USP de Ribeirão Preto já disponibilizou 405 metros quadrados.

Durante a fase de concepção e implantação do Parque Tecnológico, os responsáveis avaliam o projeto do ponto de vista urbanístico, jurídico, econômico e técnico e também definem estratégias, diretrizes e ações. Numa etapa seguinte serão realizados os estudos de impacto ambiental, a concorrência para selecionar as empresas mais adequadas ao parque e as obras de infra-estrutura, entre outras providências.

Segundo a professora Geciane, o pólo de Ribeirão deverá atrair empresas de biotecnologia, biomedicina, equipamentos e materiais médicos, hospitalares e odontológicos, de instrumentação, de tecnologia da informação voltada à saúde e biotecnologia e indústrias químicas, além de prestadoras de serviços, como bancos e restaurantes.

Em São Carlos, onde também a USP integra a comissão coordenadora local, haverá uma reunião no próximo dia 7 de agosto para que as instituições envolvidas no processo (USP, Ufscar, Unesp, Embrapa Sudeste e Embrapa Instrumentação Agropecuária) possam detalhar suas pretensões e conceituações sobre o que pretendem para o parque. Será uma reunião para dar esclarecimentos às empresas que se apresentaram para o chamamento público de interessados em viabilizar a implantação do pólo tecnológico naquela cidade.

“Duas empresas se apresentaram, a Encalso/Damha e a Fundação Parque de Alta Tecnologia São Carlos (ParcTec). Elas agora terão um prazo de 60 dias para tirar dúvidas sobre o projeto que deverão apresentar, que será estudado por um grupo constituído com essa finalidade”, diz o vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia da Prefeitura de São Carlos, Emerson Pires Leal. Segundo Leal, que coordena o grupo de trabalho do Parque Tecnológico de São Carlos, a equipe pretende sistematizar um perfil voltado à óptica fotônica, mecânica fina, materiais, biotecnologia e instrumentação agropecuária.

Adiantado está também o projeto do Parque Tecnológico de São José dos Campos, cidade que se destaca pelo desenvolvimento de produtos e pesquisas para o setor aeronáutico. O perfil e o plano urbanístico do pólo ainda estão em elaboração. No entanto, o pólo já conta com um centro de eventos, com 10 mil metros quadrados e estacionamento para 600 carros. O núcleo também inaugurou em março a Faculdade de Tecnologia. A Unifesp e a Unesp em breve terão seus campi na cidade. Entre outras grandes empresas, a Embraer já tem planos de ir para a região.
Em Campinas, a idéia de reunir empresas de alta tecnologia vem sendo implantada há mais de 20 anos, através da Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec), empresa municipal de economia mista. O pólo conta com 8 milhões de metros quadrados e tem sido ocupado por empresas voltadas à tecnologia da informação e comunicação. Empresas como Nortel, TRB Farma, Sincrotron, Instituto Eldorado e CPqD (antiga Telebras) já se encontram implantadas na região. Ali foram criados, por exemplo, os cartões telefônicos usados em todo o território nacional, além dos mais variados softwares utilizados no mercado interno e externo, entre outros produtos.

A Ciatec funciona também como gestora do Parque Tecnológico de Campinas. Karin Brüning, superintendente da companhia, afirma que, para decolar, o Parque Tecnológico de Campinas precisa consolidar o plano urbanístico e suas leis gerais, o que está sendo finalizado e deverá estar incluído no Plano Diretor do município de Campinas, a ser aprovado em outubro.

Málaga – A idéia de parques tecnológicos é mundial e institucionalizada através da Associação Internacional de Parques Tecnológicos (Iasp), sediada em Málaga, na Espanha, com 250 associados. Surgiu como forma de incrementar a riqueza nas comunidades, através de parcerias entre a iniciativa pública e privada e instituições geradoras de conhecimento. Assim, estimula a transferência de tecnologia e a competitividade, além de criar mecanismos de incubação de empresas inovadoras.

O exemplo mais conhecido desses pólos de desenvolvimento é o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Uma região com uma determinada vocação econômica ou sociocultural atrai determinados perfis de pessoas e empresas e estas, por sua vez, atraem outras, gerando assim um crescimento em cadeia. É o que o governo do Estado pretende fazer com o Sistema de Parques Tecnológicos.


 

ir para o topo da página


O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
[EXPEDIENTE] [EMAIL]