![](ilustras/p16a.jpg)
Apresentações da Orquestra
Sinfônica da USP (ao lado)
e atendimentos gratuitos
prestados pela Faculdade de
Saúde Pública e pela Faculdade
de Odontologia (abaixo)
estão entre as inúmeras
atividades de cultura e
extensão universitária
promovidas pela USP,
que beneficiam diretamente
a sociedade paulista e brasileira
Embora sejam um dos pilares da Universidade, as atividades
de cultura e extensão universitária ainda não
alcançaram a mesma importância conferida ao
ensino e à pesquisa. Para mostrar que essas atividades
têm também alto valor acadêmico, a Pró-Reitoria
de Cultura e Extensão Universitária promoverá,
nos dias 17 e 18 de abril, o 7º Seminário de
Cultura e Extensão Universitária, com o tema
central “Desafios da Cultura e Extensão nas
Universidades”.
O evento acontecerá no Anfiteatro Camargo Guarnieri,
na Cidade Universitária, e será transmitido por
teleconferência à Escola de Artes, Ciências
e Humanidades (EACH), na USP Leste, e aos campi de Bauru, Piracicaba,
Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos, locais
que possibilitarão ao público promover debates,
com auxílio de um moderador. O seminário poderá ser
acompanhado pela internet. Ele será composto
por quatro mesas-redondas, que terão a participação
de especialistas de diferentes universidades (leia ao lado
a programação completa do evento).
O objetivo da primeira mesa-redonda, “Desafios da Cultura
e Extensão nas Universidades”, é apresentar
as principais dificuldades enfrentadas pelas atividades culturais
e de extensão nas universidades. Para essa discussão
estarão presentes a professora Eunice Sueli Nodari,
pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o professor
Ruy Laurenti, ouvidor-geral da USP, e a professora Lúcia
de Fátima Guerra Ferreira, pró-reitora de Extensão
e Assuntos Comunitários da Universidade Federal da Paraíba
(UFB).
Para Eunice Nodari, trabalhar o tripé ensino, pesquisa
e extensão como um valor indissociável tem sido
o objetivo principal da sua gestão à frente da
Pró-Reitoria da UFSC. “Nos últimos anos
tem sido oferecido pelas agências de fomento um grande
número de editais para a apresentação
de projetos de extensão. Isso tem valorizado cada vez
mais essa área e ajudado a mudar seu perfil.” Ela
conta que uma das grandes conquistas da UFSC foi ter igualado
o valor monetário das bolsas de estudos dos alunos. “Não
há diferença entre bolsistas nas áreas
de ensino, pesquisa e extensão.”
![](ilustras/p16b.jpg) Formação – Para discutir “O Papel da
Extensão na Formação”, haverá uma
mesa-redonda com o professor José Leite Saraiva, coordenador
do Núcleo de Atividades do Projeto Rondon (Napro) da Secretaria
de Ensino Superior do Ministério da Educação.
Participarão também o professor Franklin Leopoldo
e Silva, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH) da USP, e um representante do ministro da Educação,
Fernando Haddad. Essa mesa pretende discutir a contribuição
da extensão universitária para a formação,
em sentido amplo, de estudantes e professores.
Outra mesa-redonda, “Transferência de Conhecimento:
Universidade e Sociedade”, contará com a presença
do diretor científico da Fapesp, professor Carlos Henrique
de Brito Cruz, do assessor e coordenador editorial da Unesco, professor
Célio da Cunha, e do professor do Departamento de Medicina
Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas
da Unicamp Gastão Wagner de Sousa Campos. O objetivo é discutir
questões ligadas à transferência de conhecimento,
levantadas pelas atuais políticas de inovação
tecnológica adotadas pelas universidades, discutindo como
esse fenômeno altera as fronteiras tradicionais entre o domínio
público e o uso privado do conhecimento e qual o novo papel
da universidade enquanto locus institucional e social depositário
do domínio público.
A última mesa-redonda, “O Domínio Público
e Acesso ao Conhecimento e à Cultura”, discutirá a
contribuição da universidade em um ambiente social
de restrição do domínio público. Analisará,
por exemplo, como equilibrar os interesses vinculados ao sistema
de conhecimento científico global com os interesses vinculados
ao sistema de conhecimento tradicional local. A discussão
apresentará o ponto de vista da professora Marilena Chauí,
da FFLCH, do professor Francisco Weffort e, a confirmar, do diplomata
e ensaísta Sérgio Paulo Rouanet.
![](ilustras/p16c.jpg) Segmentação – “As universidades segmentam
o conhecimento e a extensão como algo distinto do ensino
e da pesquisa. Com este evento, queremos mostrar que ensino e pesquisa
não se segmentam e ainda têm que contar com a extensão”,
afirma o pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária
da USP, professor Sedi Hirano. “No ensino, tem-se a extensão
do conhecimento e da pesquisa e a extensão é feita
de ensino e pesquisa. As três áreas têm que
se articular melhor e completar o conhecimento que a Universidade
como um todo produz.”
O grande desafio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão
Universitária, diz Hirano, é mostrar que a extensão
tem o mesmo status do ensino e da pesquisa, da graduação
e da pós-graduação. “Elas têm
o mesmo valor acadêmico”, ressalta. “Em geral,
o aluno que participa da extensão, por exemplo, na Estação
Ciência ou no Parque Cientec, muitas vezes como monitor-estagiário,
leva o conhecimento científico para os alunos de ensino
fundamental e médio de escolas públicas e privadas.
Esse aluno acaba praticando o ensino, como monitor. Ao mesmo tempo,
leva o ensino, que é fecundado e alimentado pela pesquisa,
amarrando o ensino com a pesquisa através da extensão.”
O pró-reitor lamenta que parte da sociedade ainda tenha
a falsa idéia de que a Universidade é uma torre de
marfim, fechada em si mesma, que não busca compartilhar
seu conhecimento com a sociedade. “Não existe nenhum
tipo de conhecimento que não seja útil para a sociedade.
Pode ser que a curto prazo não seja, mas a médio
e longo prazo, acaba se transformando em tecnologia”, destaca
Hirano.
Como exemplos de experiências bem-sucedidas na área
de extensão, Sedi Hirano cita as incubadoras tecnológicas,
que tiveram um grande desenvolvimento em Santa Catarina e em algumas
cidades do Norte e do Nordeste. “Essa atividade é muito
interessante porque ensina a população a usar uma
série de produtos que a natureza oferece”, diz o pró-reitor. “As
incubadoras tecnológicas ajudam as comunidades a utilizar
a água da melhor forma, assim como produtos hortifrutigranjeiros,
como cuidar da terra e dos animais, para o benefício da
comunidade.” Para Hirano, as atividades de cultura e extensão
mostram que a Universidade não produz somente coisas abstratas,
mas sim um saber e conhecimentos que, em última instância,
acabam beneficiando toda a sociedade |