![divulgação](ilustras/p16a.jpg)
No momento em que o País atravessa uma crise
de poder e autoridade, a Pinacoteca do Estado apresenta um modelo
refinado da representação da soberania. A mostra “Imagens
do Soberano – Acervo do Palácio de Versalhes” reúne
63 obras, entre pinturas, desenhos, tapeçarias e esculturas,
sendo 59 do Museu de Versalhes e quatro do acervo do Museu de Arte
de São Paulo (Masp). Resgatam um período em que o
poder e a glória assumem características singulares.
Através do trabalho dos maiores nomes da arte francesa daqueles
séculos, como François Hubert Drouais, Charles Le
Brun, Jean-Baptiste Van Loo, Jean-Martial Frédou, Jean-Marc
Nattier e Louise-Elisabeth Vigée Le Brun, o público
tem um panorama da sofisticação da corte dos Bourbons.
Essas pinturas foram produzidas especialmente para o palácio
e estão sendo expostas pela primeira vez na América
Latina.
A curadoria da mostra é de Xavier Salmon, historiador
e especialista na arte francesa do período. “Versalhes
impõe-se como preservador da imagem do soberano. Do pequeno
castelo de caça construído por Luís XIII,
Luís XIV fez um palácio soberbo”, conta Salmon. “Conquistou
a admiração pelo modo com que o rei desenvolveu e
protegeu as artes, arrasou montanhas, desviou ou conduziu rios
por longos canais a fim de embelezar a natureza ou suplantá-la.”
Salmon lembra que Luís XIV, o Rei Sol, foi herói
da paz como da guerra, afirmando-se como mecenas de todas as artes. “De
Versalhes, ele fez, com certeza, um palácio digno de recebê-lo
e alojar a corte que os contemporâneos insistiam em reconhecer
como a mais brilhante e augusta do mundo, mas também um
instrumento formidável de poder.”
![divulgação](ilustras/p16b.jpg) Rituais da monarquia – Para introduzir o público
no cenário de Versalhes com suas cerimônias requintadas,
a exposição foi montada em três módulos.
O primeiro, “Luís XIV: Imagens de um Soberano Absoluto”,
reúne obras que evidenciam a transformação
do rei homem em rei divindade. O público acompanha toda
a trajetória de Luís XIV (1638-1715). O primeiro
retrato traz o rei ainda menino, entre 6 e 8 anos, vestido à maneira
romana, embora com peruca moderna. “Desde o Renascimento,
a figura do soberano estava associada à do herói
ou do imperador da Antigüidade”, explica Salmon. “Luís
XIV teve uma infância particularmente conturbada no plano
político. Foi associado à figura de Marte, deus da
guerra, e ao deus Júpiter, que com seus raios triunfou sobre
os gigantes.”
Em
uma seqüência de imagens, o rei vai se transformando
em mito. A altivez documentada no retrato feito por Hyacinthe Rigaud,
todo aparatado com insígnias, como a espada de Carlos Magno
(cetro com a flor-de-lis) e a mão da Justiça (cetro
com a extremidade em forma de mão), vai sendo substituída
pelo Luís XIV representado como Apolo nos retratos de Joseph
Werner.
No segundo módulo, vê-se a trajetória de Luís
XV (1710-1774) e Luís XVI (1754-1796) em busca de uma imagem
mais humana. “Ao longo de todo o seu reinado, Luís
XV foi freqüentemente retratado com traje de aparato e certos
acessórios reais utilizados em cerimônias religiosas,
que conferiam um poder de direito divino”, explica o curador.
Apesar da exaltação à nobreza, suas imagens
já não estão ligadas aos mitos. Agora Luís
XVI, ao contrário dos seus antecessores, não era
tão vaidoso e não tinha propensão a posar
para os artistas.
O terceiro módulo é dedicado às rainhas e
herdeiros reais. Enquanto Maria Teresa (1638-1683), esposa de Luís
XIV, parece não ter opinado sobre a divulgação
de sua imagem, a rainha Maria Leszczynska (1703-1768), casada com
Luís XV, foi especialmente ilustrada, porém, queria
que a sua beleza fosse enaltecida mais como mulher do que como
rainha. Também Maria Antonieta (1755-1793) preferiu ser
exaltada como mulher em seu cotidiano, como no retrato de Luís
Auguste Brun, em que aparece cavalgando, ou na tela de Adolph Wertmüller,
onde figura elegantemente com indumentária de caça.
As rainhas procuram enaltecer a beleza feminina com seu semblante
delicado e decotes generosos.
“Imagens do Soberano: Acervo do Palácio de Versalhes” pode
ser vista até o dia 5 de agosto, de terça-feira a
domingo, das 10 às 18 horas, na Pinacoteca do Estado (Praça
da Luz, 2). Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia-entrada). Grátis
aos sábados. Mais informações pelo telefone
(11) 3324-1000.
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