Moradora de Engenheiro Goulart, bairro da zona leste de São Paulo, Joyce Ribeiro da Silva começou sua relação com a Universidade em 2005, quando iniciou um cursinho pré-vestibular oferecido pelo Núcleo de Apoio Social, Cultural e Educacional (Nasce). O núcleo acabava de se vincular à USP e Joyce ainda continuou sua preparação para o

Supervisionado pelo professor Alessandro Soares da Silva, do curso de Gestão de Políticas Públicas, o trabalho de Joyce e Lorraine, bolsistas do Nasce, consistirá da exibição de curtas-metragens seguidos de debates sobre os temas dos filmes. As sessões estão previstas para ocorrer a partir desta semana, na sede do Nasce.

Os curtas foram obtidos a partir de sites da internet que disponibilizam o acesso a esse tipo de material e os temas, escolhidos de “acordo com a realidade das populações da região”, segundo Lorraine. “Nosso objetivo é despertar a consciência crítica e buscar atuar de alguma forma num ambiente marcado por hiper-diferenças e distante de todos os 'centros' culturais e espaciais”, diz Joyce.

Com longa carreira docente e recém-integrada ao corpo docente da EACH, a professora Madalena Pedroso Aulicino, do curso de Lazer e Turismo, se entusiasma ao falar de um projeto de pesquisa que pretende realizar na comunidade onde nasceu. “Fico feliz de poder voltar às minhas raízes e contribuir para esta zona tão carente. Pretendo envolver estudantes de iniciação científica numa pesquisa sobre a percepção da população em relação às escolas públicas como equipamentos de lazer. Acredito que a escola, de maneira geral, é um espaço subutilizado”, afirma.

Os projetos do Nasce contam atualmente com a colaboração de 20 docentes da USP Leste e cerca de 12 bolsistas realizando trabalhos de extensão em bairros do entorno da EACH. O núcleo já ofereceu cursos de línguas para jovens e adultos, de qualificação para professores da rede pública e de orientação para gestantes, além de um trabalho de prevenção em saúde bucal para a terceira idade.

Perfil cultural – O Nasce ganha cada vez mais um perfil cultural, além do social. Recém-equipado com 15 computadores para as aulas de informática, que já estão acontecendo, o núcleo contará em breve com uma biblioteca. “Conseguimos um acervo de 5 mil livros, doados por editoras, por outras unidades da USP e também por particulares. Em breve estará disponibilizado ao público”, diz o professor Ulisses Ferreira de Araújo, coordenador do núcleo.

Segundo Araújo, a intenção do núcleo ao fincar os pés fora da Universidade é justamente a de ser uma casa de cultura com atividades sociais capazes de vincular e levar o professor para as atividades extramuros. “As dificuldades são imensas e já nos perguntamos se seria o caso de continuarmos. Porém, chegamos à conclusão de que sempre vale a pena”, diz Gislaine Silva Pereira, funcionária do núcleo e responsável pelos projetos de cultura musical realizados em 2007. Foram quatro grandes concertos em praças públicas da zona leste, com a ajuda da Polícia Militar, das sub-prefeituras e outros parceiros. Gislaine disse que a equipe e os recursos ínfimos do Nasce são compensados pela vontade das pessoas que integram o núcleo. “Pensamos em perguntar se realmente a comunidade queria os concertos. Mas nós os encaramos como presentes. E presente a gente não pergunta para a pessoa se ela quer ganhar”, disse.

Entrar em comunidades onde os índices de violência e criminalidade são recordes no Brasil requer um trabalho de relacionamento que só foi possível, segundo os docentes do núcleo, graças a parceiros como a Obra Social Dom Bosco, de Itaquera, e a Paróquia São Francisco, de Ermelino Matarazzo, além de outras lideranças locais e também do Sebrae.

Para crianças, jovens e idosos

Os projetos de extensão que a USP Leste realiza este semestre com as comunidades da região incluem uma feira de livros, palestras para adolescentes e adultos de todas as idades e cursos de capacitação para diversos públicos.

Um feira de livros está prevista para acontecer nos dias 7 e 8 de abril, no saguão da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), com descontos de até 50%. A programação das atividades paralelas à feira ainda não está fechada, mas deverá incluir palestras com autores e atrativos para crianças, como a presença de contadores de histórias. “Nossa intenção é trazer o maior público possível para a escola”, diz o diretor da EACH, professor Dante de Rose.

Entre os dias 10 e 14 de março, a EACH recebe as inscrições para o programa Universidade Aberta à Terceira Idade. Para alguns cursos, palestras, oficinas e disciplinas oferecidas nos cursos de graduação, o candidato deve ter no mínimo o ensino médio completo. Para outras atividades não há necessidade de comprovação de escolaridade mínima. Todas as atividades são gratuitas e abertas a pessoas com 60 anos ou mais.

“Conheça seus direitos e participe: quem se informa transforma” é o tema da oficina ministrada pela professora Marisa Accioly Domingues, no dia 24 de março, no auditório 4, a partir das 10 horas. No dia 25, no mesmo local e horário, a professora Rosa Chubaci ministra a oficina “No caminho da prevenção de doenças: o cuidado com a minha saúde”. Os cursos de média duração oferecidos à comunidade incluem temas mais específicos, como “Processos Patológicos do Envelhecimento II”, “Teorias da Democracia”, “Ciclo de Vida”, “Ética” e muitos outros.

A programação completa de eventos e atividades culturais promovidos pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP pode ser conferida no endereço eletrônico www.each.usp.br.