O embaixador americano Clifford Sobel na Reitoria, com Suely Vilela: “Chegou o momento do Brasil”
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para uma comunidade maior, muito além de São Paulo. Olhem para o futuro, ampliem os horizontes”.
Antes da conferência, o embaixador visitou a Reitoria da USP. Ele conversou com a reitora Suely Vilela sobre o estreitamento das relações acadêmicas entre os dois países, que já promovem um programa internacional de pós-graduação, com participação da State Ohio University e da Rutgers University, na área de biotecnologia de plantas. Para a reitora, a vinda do embaixador foi “uma oportunidade ímpar”, uma vez que a Universidade tem como ponto estratégico fortalecer a sua internacionalização. “O embaixador foi convidado para a inauguração do prédio do Instituto de Relações Internacionais (IRI), que já está com os recursos alocados e em fase de planejamento da sede própria. Esperamos poder inaugurá-lo antes do final da minha gestão, no ano que vem.”
Fim da pobreza – Em sua palestra na FEA, o embaixador discorreu sobre o papel da globalização no mundo atual. Baseado no livro do economista americano Jeffrey Sachs, O fim da pobreza – Como acabar com a miséria mundial nos próximos 20 anos, Sobel afirmou que, na vida pública e privada, todos têm que ter responsabilidade para fazer o melhor pela globalização. “Não importa de onde você vem. Todos nós temos desejos em comum. A linguagem universal é como melhorar as nossas vidas, a dos nossos filhos e a dos outros.” Por isso ele concorda com a afirmação do autor quando este diz que a globalização é essencial para acabar com a pobreza extrema. São as empresas os principais agentes da globalização. “Sachs nos alertou ser insustentável para as empresas trabalharem só para a realização dos negócios, porque, num mundo onde há tanto desequilíbrio social, ter um papel positivo e útil é importante para a sociedade a cada dia que passa. Podemos ser melhores cidadãos ouvindo e compartilhando culturas.”
Sobel vê no papel dos estudantes um elemento fundamental para ampliar a relação dos países. Por isso ele quer fortalecer os mecanismos de financiamento, fazendo “pontes” entre as duas nações. Ao se referir ao programa Jovens Embaixadores, promovido pela Embaixada Americana, Sobel chamou as jovens Camila Carioni de Avila e Clarissa Carmona, de 19 anos. Alunas do ensino médio no Brasil, elas visitaram os Estados Unidos no ano passado – depois de selecionadas entre 3 mil estudantes de escolas públicas brasileiras – graças àquele programa. Iniciado no Brasil há seis anos, o Jovens Embaixadores leva jovens brasileiros para os Estados Unidos, por duas semanas, para conhecerem a cultura americana.
Camila contou que, embora duas semanas tenham sido pouco para o muito a conhecer, a sua mudança de visão de mundo foi muito grande. “Hoje eu vejo as coisas, a política, o Brasil de outra forma. Quero ajudar na construção de um país melhor.” Para Clarissa, a oportunidade marcou muito sua vida. “Tive a oportunidade de entender como os americanos vivem, como vêem a política de seu país. Agora penso mais seriamente sobre entender melhor a política do meu país.” Sobel destacou ainda outros programas oferecidos com o mesmo objetivo, como o Fullbright e os programas de verão para jovens trabalharem em ONGs. “Não existem oportunidades só para pós-graduação. Pode ser graduação também. Trabalhar como estagiário.”
Criatividade – Sobel também procurou salientar para os jovens o papel de um embaixador. Disse ter aprendido que ser embaixador pode ser o trabalho mais empreendedor que se tem a oferecer. Sua tarefa é promover os interesses nacionais do seu país, mas a ele cabe saber como determinar as ações, quais as prioridades a serem estabelecidas, como conseguir e que recursos utilizar para determinada ação. Aconselha aos alunos ser preciso usar a criatividade em tudo o que se faz. “É a criatividade que leva à inovação, que talvez seja a parte mais importante de qualquer trabalho que vocês venham a ter no futuro. A inovação é a força motriz que expande a economia e a produtividade, cria novos empregos e melhora a qualidade de vida. Inovação não é só tecnologia. É ver as coisas melhor, de maneira mais inteligente, pensar antes de agir.”
O embaixador ressaltou ainda a visita de Condoleezza Rice ao país, no mês passado, e disse que ela afirmou ser o Brasil um parceiro global e um líder regional. “Chegou o momento do Brasil. O futuro é agora.”
Cidadãos do mundo
Na USP, eles estão aprendendo a ser cidadãos do mundo. Através da Comissão de Cooperação Internacional (CCInt), responsável pelo estabelecimento e manutenção dos contatos da Universidade com o exterior, vêm de universidades da França, Alemanha, Espanha, Colômbia, Itália, enfim, de diversos países da América Latina, do Norte, Europa, Ásia e Oceania.
No dia 26 de março, a CCint recebeu esses estudantes de graduação e pós-graduação com uma recepção especial no auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). As boas-vindas foram dadas pelo vice-presidente da CCInt, Ignácio Poveda Velasco, pela pró-reitora de Graduação, Selma Garrido Pimenta, e pelos professores Kokei Uehara e Fernando Dias Menezes de Almeida.
A festa foi aberta com a apresentação do vídeo institucional da USP. Um ambiente que os estudantes já tinham pesquisado, mas que, segundo eles, vai muito além de suas expectativas. “É um mundo que as pessoas precisam conhecer pessoalmente”, diz Adriana Segurado Mendes, 25 anos, que veio da Universidade Autônoma de Barcelona para estudar Antropologia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). “Minha mãe me telefona e pergunta o quanto a USP e São Paulo são grandes. Eu respondo que não adianta explicar porque ela não vai conseguir imaginar.”
Adriana conhecia o Brasil através do curso de capoeira que fazia em Barcelona. “A primeira informação que busquei aqui na USP foi sobre os cursos de capoeira. Já estou matriculada. Creio que, para quem gosta de antropologia, São Paulo é o lugar ideal por reunir imigrantes de todo o mundo e por ter uma cultura tão múltipla.”
Para Rebecca Hudson, 38 anos, que veio da Freie Universität, de Berlim, a USP abre um mundo “muito rico”. Ela veio para estudar Literatura Brasileira na FFLCH. “Eu gosto muito de Machado de Assis e Clarice Lispector. Li muito sobre eles e agora quero estudar os autores contemporâneos.” Rebecca é formada em Relações Públicas, daí a importância de conhecer a cultura de novos países.
Viviane Leon, 22 anos, estuda Economia na Universidade Externado de Colômbia. “O meu sonho era exatamente este: vir para a FEA, que tem um curso de Economia considerado um dos melhores do mundo”, observa. “A minha intenção é ficar um ano por aqui, mas não sei se vai dar para aprender tudo o que eu quero. A USP oferece muitas possibilidades.”
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