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moderno é atrair para um hospital de grande porte as doenças de alta complexidade, e não o atendimento primário, como seria o caso do Instituto da Mulher. De qualquer maneira, ressalta, um dos focos importantes será o câncer ginecológico.
Em maio, estarão disponíveis o ambulatório de oncologia clínica e ginecológica, a quimioterapia ambulatorial e 12 leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Até dezembro deste ano, será ampliado o atendimento ambulatorial e terão início as internações clínicas e cirúrgicas. A previsão é que, quando todos os setores estiverem em pleno funcionamento, no final de 2009, o instituto realizará 33 mil consultas e 1.300 cirurgias por mês (leia texto abaixo). “É um hospital muito complexo”, ressalta o doutor Cerri. “Um projeto arrojado, do tamanho de São Paulo”, completa.
Ensino e pesquisa – O instituto receberá prioritariamente pacientes já diagnosticados e encaminhados pela rede pública. Haverá também atendimento a clientes de convênios privados – para efeito de comparação, esses pacientes representam menos de 5% dos atendidos pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina. Para Cerri, a assistência de qualidade é um dos pilares do tripé no qual o novo hospital vai se basear. Os outros dois serão o ensino – com formação de recursos humanos especializados – e a pesquisa inovadora. “Os alunos participarão intensamente da vida do instituto”, salienta Cerri.
Para o diretor-clínico do HC, José Otávio Costa Auler, o novo centro deve ter tratamento avançado, e não voltar-se apenas para diagnóstico. Um dos benefícios será possibilitar um fluxo disciplinar mais uniforme, pois atualmente o atendimento é feito nas diferentes clínicas do HC em que há prevalência maior de casos, o que às vezes torna mais difícil mensurar a demanda. “Aqui teremos essa dimensão exata”, diz Auler, também professor titular da Faculdade de Medicina da USP.
Cerri (ao centro), diretor geral: preparado para as demandas futuras
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Em relação a essa demanda, por sinal, um dos aspectos mais importantes da criação do hospital é o crescimento expressivo da assistência aos pacientes. “Quase triplicamos a oferta de leitos na região da Grande São Paulo e provavelmente mais do que triplicamos a oferta de tratamento no atendimento ambulatorial”, diz o médico Paulo Hoff, diretor-clínico do Instituto do Câncer. Para ele, não há por que não fazer parcerias com outras instituições na área de pesquisa – por exemplo, para o desenvolvimento de novos fármacos. Parcerias e convênios serão firmados com entidades e órgãos de fomento públicos – como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Instituto Nacional do Câncer (Inca), com sede no Rio de Janeiro – e privados, com hospitais como o A. C. Camargo e o Albert Einstein.
Sala de cirurgia “inteligente”
A Fundação Faculdade de Medicina (FFM) participará da gestão do Instituto do Câncer. Ela será responsável, por exemplo, pela contratação de parte do pessoal que trabalhará no novo centro. Alguns dos profissionais virão do próprio Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP. Quando estiver a pleno funcionamento, o instituto terá cerca de 2.500 funcionários, sendo aproximadamente 550 médicos. “A FFM segue exatamente as normas estabelecidas pela comunidade acadêmica da Faculdade de Medicina da USP”, salienta o médico Giovanni Cerri. O custo anual da instituição deve ficar em torno de R$ 190 milhões.
Dos 580 leitos, 84 serão de UTI e terapia semi-intensiva e 30 para hospital-dia, além de vagas específicas de observação, recuperação pós-anestésica e cuidados paliativos, entre outros serviços. O prédio do instituto tem cerca de 100 metros de altura e de seu último pavimento – o 23o –, onde vai funcionar um café-restaurante, tem-se uma privilegiada vista da metrópole.
Uma central informatizada monitora todos os sistemas de climatização, controle de acessos, elevadores, central de alarme de incêndio e telemetria. Também é possível acompanhar diariamente o consumo de energia e de água por pavimento.
Uma das 34 salas cirúrgicas é “inteligente” – ou seja, é totalmente automatizada e está dotada de equipamentos que permitem a transmissão de cirurgias por videoconferência para qualquer lugar do planeta, possibilitando a interação dos médicos do instituto com profissionais de outras instituições.
Brasil terá 466 mil novos casos em 2008
Desde 1995, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, estima e publica as estimativas de câncer para o Brasil, levando em conta as localizações primárias mais freqüentes. Os dados são utilizados em diferentes segmentos da saúde, orientando políticas públicas de assistência, prevenção e educação.
As estimativas do Inca para 2008 apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer no Brasil. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não-melanoma, serão de próstata (49 mil) e de pulmão no sexo masculino (18 mil de um total de 27 mil), e de mama (49 mil) e de colo do útero (19 mil) no sexo feminino. Os tumores do tipo não-melanoma chegarão a 115 mil.
A distribuição geográfica dos casos novos é bastante heterogênea. As regiões Sul e Sudeste, de maneira geral, apresentam as maiores taxas, enquanto que as menores estão nas regiões Norte e Nordeste. Para o Inca, “diante desse cenário, fica clara a necessidade de continuidade em investimentos no desenvolvimento de ações abrangentes para o controle do câncer, nos diferentes níveis de atuação, como: promoção da saúde, detecção precoce, assistência aos pacientes, vigilância, formação de recursos humanos, comunicação e mobilização social, pesquisa e gestão do SUS”.
Os números do Instituto do Câncer
580 leitos
124 consultórios
34 salas cirúrgicas
1.500 internações
33.000 consultas ambulatoriais
1.300 cirurgias
6.000 sessões de quimioterapia
420 sessões de radioterapia
(Previsão de atendimentos por mês com o funcionamento pleno do hospital, em dezembro de 2009)
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