A partir de 2009, o campus da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, vai oferecer o curso de Bacharelado em Engenharia de Biossistemas. Com 60 vagas, em período integral, o curso, ainda inédito no Brasil, tem como objetivo formar profissionais capazes de projetar sistemas que favoreçam a produção

agropecuária sustentável, uma vez que essa área surgiu em razão da evolução tecnológica dos processos de produção do campo.

O aluno terá a oportunidade de aprender tecnologias inovadoras na cadeia de agronegócio. A criação da nova habilitação foi aprovada em sessão do Conselho Universitário, no dia 8.

O coordenador do curso, professor Celso Eduardo Lins de Oliveira, explica que as atividades relacionadas às inovações

tecnológicas dizem respeito a aplicações de imagens para análise da produção de agronegócios, produção de biocombustíveis, tecnologia de automação e controle ligados ao processo agropecuário, infra-estrutura, construções, ambiente, energia, análise de dados e softwares, por exemplo.

Por engenharia de biossistemas entende-se o estudo que engloba todos os aspectos biológicos e as estruturas relacionadas ao beneficiamento, processamento ou tratamento dos produtos agrícolas. Estão incluídos nessa área os estudos com grãos e outros produtos de origem biológica, microorganismos responsáveis por fermentação e tratamento de efluentes. Para que esse sistema biológico seja estudado é necessário um suporte em outras áreas de engenharia, como energia, estruturas, eletricidade, automação e agricultura de precisão.

Segundo Oliveira, o engenheiro de biociências é um profissional voltado aos processos de agricultura de precisão, assim como também aos processos ligados ao controle de qualidade da agropecuária. O novo curso busca cobrir a falta de engenheiros para atuar no campo. “Queremos formar um profissional preocupado com o sistema, que diminua perdas e provoque o menor impacto possível ao ambiente.”

O professor diz que, hoje, a maior parte dos equipamentos e softwares ligados à agropecuária brasileira são importados, como o sistema de controle de irrigação e as ordenhadeiras, entre outros. O profissional formado pelo curso poderá contribuir para o desenvolvimento de tecnologia nacional nesse setor.

Com cinco anos de duração, o curso funcionará no campus de Pirassununga durante a manhã e a tarde, oferecendo uma formação ligada ao estudo da física, da matemática, da biologia e da química, aplicadas à engenharia. Abordará temas aplicados à produção animal e vegetal, relacionados às tecnologias de automação, da informação e de apoio à produção. O profissional terá experiência de atuação no setor de agronegócio, de preferência internacional, através de atividades extracurriculares, estágios, pesquisa e extensão em empresas que atuam no mercado agropecuário, instituições universitárias e centros de pesquisa.

Infra-estrutura e prática – A parte prática do curso se dará nos 2.200 hectares do campus de Pirassununga, que, de acordo com Oliveira, atua  em todas as áreas da agricultura e pecuária, “da criação de abelhas ao gado zebu”. O campus tem infra-estrutura que inclui sistemas de criação, fábrica de ração, matadouro e laticínio-escola, que são utilizados no aprendizado do aluno, assim como para a pesquisa e estágio. “Sem contar que na região de Pirassununga há várias empresas ligadas ao setor agrícola, à produção canavieira e à produção de estufas, que investem em tecnologia e em bons profissionais”, comenta Oliveira.

Quanto ao mercado de trabalho, Oliveira ressalta ser bem promissor, principalmente porque as empresas agropecuárias existentes hoje no país têm procurado investir em tecnologia, pois a concorrência é grande e exigente. “Um engenheiro de biossistema tem como meta melhorar cada vez mais a produção agropecuária e para isso precisa ser expertise em instalações de galpões, seja para carne de frango ou bovina, dois expoentes da exportação brasileira, como também em máquinas agrícolas, como colheitadeiras de cana-de-açúcar.”

Vale destacar, explica o professor, a diferença entre o zootecnista, profissional que estuda, por exemplo, o sistema de criação do gado, e o engenheiro de biossistemas, que se ocupa, por exemplo, com a máquina de ordenha e é responsável pelo processo de produção, avaliando se a máquina não está machucando o animal e prejudicando a qualidade do produto. Já o engenheiro de alimentos se volta especificamente para o produto final. “É quem analisa a qualidade do leite, por exemplo, se está adequado ou não para o consumo.”

Oliveira ressalta ainda que a formação do engenheiro de biossistemas está fortemente vinculada à posição de liderança que o Brasil ocupa na exportação de vários produtos agropecuários, como soja, café, carne bovina e de frango. “Para mantermos essa posição precisamos investir em tecnologia e em mão de obra qualificada.”

 

Competências e habilidades

O profissional formado em Engenharia de Biossistemas estará capacitado a desenvolver materiais, sensores, equipamentos, máquinas, softwares e sistemas de processamento, fazer controle e monitoramento e estudar a viabilidade técnico-econômica e ambiental desses processos. Poderá atuar nos campos da engenharia de infra-estrutura, de controle e automação e da tecnologia. A tabela abaixo mostra o campo de atuação desse profissional e suas especificidades.

Campos de atuação

Especificidades

Engenharia de infra-estrutura

Sistemas de drenagem e irrigação, conversão e conservação de energia e impacto energético, fontes tradicionais, alternativas e renováveis de energia, diagnóstico energético, instalações elétricas de baixa tensão e instalações complementares para a agroindústria

Controle e automação

Sensoriamento, controle e automação de instalações, equipamentos, componentes, dispositivos mecânicos, elétricos, eletrônicos, magnéticos e ópticos

Tecnologia

Materiais e aproveitamento de produtos biológicos, classificação e rastreamento de produtos, acondicionamento, armazenamento, pós-colheita e preservação de produtos, agrometeorologia, bioclimatologia e ambiência, agricultura de precisão, controle estatístico e metrológico de produtos e processos, normalização e certificação, agronegócio, administração rural, empreendimentos agroindustriais, pesquisa operacional e otimização de sistemas agropecuários

 
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