Shows de música popular brasileira, erudita, caipira, gauchesca, de jazz, blues, samba, rock, hip hop, rap, reggae e forró, blocos de marchinhas e maracatus, declamação de poesias, intervenções urbanas, estátuas vivas, rodas ininterruptas de capoeira, espetáculos de dança e teatro, mostras de cinema, e um sem-número de atividades em

museus. Ao todo, a 4ª edição da Virada Cultural conta com 800 atrações e participação de mais de 5 mil artistas, espalhados pelos vários palcos e ruas da cidade, centros culturais e unidades do Sesc, entre muitos outros.

Eventos semelhantes, mas de menor duração, têm lugar em vários países do mundo. A França é sede, desde 2002, da Nuit Blanche (Noite Branca), que se dedica à disseminação da arte contemporânea em Paris; a Espanha promove também a anual

Noche en Blanco, com espetáculos e concertos gratuitos nas ruas madrilenhas, além de instalações e visitas a museus pela madrugada. As chamadas Noites Brancas também acontecem em outras capitais européias, como Roma, Bruxelas e Riga. Em São Paulo, a noitada tem caráter democrático e agrega valores como cidadania e respeito à coletividade. A busca pela diversidade se expressa na convivência harmoniosa dos diversos estilos e vertentes culturais. Assim, paulistanos e turistas podem assistir a shows que vão da MPB ao jazz, música erudita, sertanejo e hip hop. O objetivo é celebrar e integrar toda essa multiplicidade artística em um espaço comum.

A programação A Virada começa às 18h deste sábado com show da cantora cabo-verdiana Cesária Évora, conhecida como “rainha da morna”, gênero musical aparentado ao fado português cantado na linguagem crioula de Cabo Verde, e também de “diva dos pés descalços”, pois se apresenta dessa forma nos shows. Ela vai se apresentar no palco principal do evento, o Palco São João, localizado ao lado da Praça Júlio Mesquita. Na seqüência entram Gal Costa, Zé Ramalho, Os Mutantes, a banda de reggae The Gladiators, O Teatro Mágico, Marcelo D2, Orquestra Imperial e, para finalizar, Jorge Ben Jor (os shows têm início a cada três horas).

O Baile Chique, novidade deste ano, traz a velha guarda do hip hop paulista, em circulação desde os anos 80. Transforma o Parque Dom Pedro em uma grande festa de celebração do gênero com personagens que escreveram suas histórias pelas ruas de São Paulo. A apresentação tem início com o show História do Tempo Bom, com nomes como João Break e L.Zee, Nelson Triunfo, Hélio Branco, Luna, Eletric Boogie, DJ Hum, Região Abissal e Código 13. A partir da meia-noite sobem ao palco artistas como Bebeto e a Banda Black Rio, deixando o período da manhã para Xis, Rappin’Hood, Z’África, Thaíde, Motirô e Mamelo, além da norte-americana Afrika Bambaataa e o lendário movimento Zulu Nation.

Foto crédito: M. RossiO espaço Rock República conta com atrações especiais para os fãs do bom e velho rock’n’roll. Para esquentar o público, sobe ao palco a banda O Terço, um dos mais importantes grupos de rock progressivo do Brasil, seguido de Terreno Baldio e Casa das Máquinas, referência da década de 70. Recebe ainda Paul Di'Anno, vocalista da formação original de Iron Maiden, que revive o álbum Killers, último da banda do qual participou. Ainda comparecem Andreas Kisser e Brasil Metal Stars, com Derrick Green, Hugo Mariutti e convidados; Overdose; Bando do Velho Jack, Los Goiales All Stars e Cachorro Grande; finalizando com Arnaldo Antunes, Lobão e Ultraje a Rigor.

Outra novidade é o Palco das Meninas, criado para abrigar novas cantoras do cenário nacional. Estarão presentes cantoras como Giana Viscardi, que mistura MPB e jazz; Mariana Aydar, unindo ritmos brasileiros de raiz a batidas contemporâneas; Marina de La Riva, Revelação Feminina de música popular em 2007 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA); Aline Muniz, que mostra novos arranjos para clássicos do samba; Verônica Ferriani, do projeto Gafieira São Paulo; e Fernanda Takai, interpretando canções de Nara Leão.

O Pátio do Colégio, em parceria com a Associação Brasileira de Festivais Independentes, vai receber 30 bandas selecionadas vindas de todos os cantos do Brasil. Dentre elas, Macaco Bong, do Mato Grosso; Mundo Livre S/A, de Pernambuco; Luísa Mandou um Beijo e Unidad Imaginária, ambas do Rio de Janeiro; Estrume’n’tal, de Minas Gerais; Los Porongas e Filo Medusa, do Acre; Retrofoguetes, da Bahia; The Sinks, do Rio Grande do Norte; e Superguidis, do Rio Grande do Sul.

Além da MPB e do rock – O projeto Piano na Praça, na Praça Dom José Gaspar, traz mais uma vez grandes pianistas brasileiros, além de artistas emergentes nesse cenário. Estarão presentes Zé Celso Martinez Corrêa, Eva Gomide, Paulo Braga, Ari Borger, Amilson Godoy e Marcelo Castilha, entre outros.

O Teatro Municipal repete a iniciativa de 2007 e recebe célebres artistas, que executam seus álbuns mais significativos na íntegra. Luiz Melodia começa com a interpretação de Pérola Negra (1973), seu disco de estréia; Naná Vasconcelos e Egberto Gismonti apresentam A Dança das Cabeças (1977), baseado na experiência de dois homens a andar por uma floresta densa, úmida e cheia de insetos e animais; a banda O Som Nosso de Cada Dia traz seu disco homônimo, um dos melhores de rock progressivo nacional e gravado em 1973 em apenas sete dias; os artistas Ana Bernardo, Carlinhos Vergueiro, Claudia Moreno, Cristina Buarque, Germano Mathias e Paulo Vanzolini se reúnem para trazer Onze Sambas e Uma Capoeira (1967), com canções de Vanzolini; e por fim, Fabiana Cozza, Jair Rodrigues e o Zimbo Trio apresentam O Fino da Bossa (1964), que recebe o nome de um programa popular da década de 60.

O reduto do samba deste ano será o Viaduto Santa Efigênia, inspiração de um dos clássicos de Adoniran Barbosa. O Boteco dos Bambas abriga uma roda de samba de mesa com duração de 24 horas sem interrupção. Com um ambiente descontraído de botequim, Dona Inah, Samba de Vela e Tuca da Silva dão início às apresentações, seguidos de Elizeth Rosa, Germano Mathias e Thobias da Vai-Vai; Arlindo Cruz, Nossa Chama, Docão e Zé Carlinhos; Paranapanema e Sambaqui; e Dona Ivone Lara e Nelson Sargento.

A Casa das Rosas apresenta recitais de poesia, leitura de poemas eróticos de autores como Glauco Matoso, Xico Sá e Luis Guedes, sarau para o lançamento do 8o número de O Casulo, um jornal de literatura contemporânea, com poetas de São Paulo que estarão presentes declamando seus poemas; e shows da cantora argentina Cecília Aimé e do paulista Kléber Albuquerque, além de apresentar o baiano Tom Zé, que participou do movimento da Tropicália. A programação de shows se estende ainda para o Sesc Pompéia, com Glitter Disco Dance Night, que traz o brilho dos anos da discoteca, e Buzina da Pompéia, comandada por João Gordo e Elke Maravilha, que rendem homenagem a Chacrinha. E o Cinesesc promove ainda a exibição dos filmes Rolling Stones, Simpathy for the Devil, de Jean-Luc Godard; Nossa Vida Não Cabe num Opala, de Reinaldo Pinheiro; e Control, dirigido por Anton Corbjin. Ao fim de cada uma dessas programações, a Casa das Rosas e o Sesc oferecem um café da manhã para o público presente. A programação completa da Virada Cultural pode ser acessada no site www.viradacultural.org.

 
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