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desenvolvimentos científicos e tecnológicos que tiveram seu ponto de partida na revolução científica pós-Renascimento (século 16) e prosseguiram na Revolução Industrial (século 18). A isso se acrescenta mais um elemento: o homem, pois, se tecnologia e ciência são interdependentes, o homem interage com ambas.
O que está dito acima é uma arriscada tentativa de síntese do artigo “Sobre o futuro da tecnologia”, assinado por Radu S. Jasinschi, engenheiro pesquisador da Philips Research, Eindhoven (Países Baixos), que abre o número 76 da Revista USP, dedicado ao tema “Pensando o futuro: ciências exatas”. Na opinião do editor da revista, Francisco Costa, trata-se de tarefa fascinante, pela quantidade de indagações que suscita e pelo alto padrão dos artigos e dos especialistas que os subscrevem. “Traz formidáveis reflexões sobre questões que interessam a todos – gregos e troianos, como se costuma dizer.”
A gregos e troianos certamente interessará saber, por exemplo, o que diz o professor José Roberto Cardoso, da Escola Politécnica |
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da USP, sobre “A engenharia e os engenheiros”. Afirma, de início, que na década de 70 do século 20, era do “milagre econômico”, havia no Brasil aproximadamente 250 cursos de engenharia, dos quais 150 públicos, grande procura por eles e alta qualidade de ensino. Em escolas tradicionais, como Poli, UFRJ, ITA, Mauá e FEI, as idéias fervilhavam em torno de grandes projetos nacionais de estrutura básica, a exemplo da Ponte Rio-Niterói, Metrô paulistano, complexos de Urubupungá e Angra dos Reis, Embraer, Proálcool e Patinho Feio, o primeiro computador nacional montado na Escola Politécnica.
E o que aconteceu depois? Cardoso responde: a maioria dos empresários ficou fora desses investimentos e, por esse motivo, poucos tiveram continuidade. A engenharia nacional não participava da feitura dos projetos de empreendimentos como Itaipu e usinas nucleares, limitando-se à montagem e a alguns estudos complementares. “Tudo virou pó a partir disso”, lamenta o professor. “Nosso submarino nuclear, nossas usinas nucleares, nosso metrô foram definhando por duas décadas praticamente. Deixamos de pensar em tecnologia e passamos a valorizar o ‘pé-de-boi’, ‘dar um jeitinho’ passou a ser ciência.” O pior, acrescenta Cardoso, foi o reflexo dessa fase na imagem da engenharia, que passou a ser vista pelos jovens como profissão de desempregados. Ele conclui dizendo que não há plano nacional sustentável na área tecnológica, “fruto do abandono nos investimentos educacionais em uma área vital para o crescimento do país”.
Conhecimento inovador – Outros textos analisam aspectos ligados à química fina (João Valdir Comasseto e Alcindo Aparecido dos Santos); nanociência (Edison da Silva); mecânica quântica (Antônio José Roque da Silva) e o futuro da física (David Gross). João Antonio Zuffo, da Escola Politécnica, imagina um diálogo sobre “A universidade, a infomacroeconomia e a infossociedade”.
O mais recente número da Revista USP não se atém a estudos sobre ciências exatas. Dois professores da Universidade de Stanford, Hans Ulrich Gumbrecht e Robert Pogue Harrison, trazem reflexões sobre “Convergência paradoxal”, resultado de um encontro de seis dias que reuniu na sua universidade, em 2006, cientistas, humanistas, juristas, empresários, políticos e poetas de seis países e pertencentes a várias gerações, com a proposta de identificar as melhores condições para a produção de um conhecimento inovador. Mais adiante, o professor J. Guinsburg, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, traz “Dois diálogos”, reprodução de aulas dadas no curso de Estética Teatral e Teoria do Teatro.Há
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