Celebrar e transformar a Independência do Brasil em um acontecimento concreto e grandioso. Com esse objetivo, foi criado em 1895, em São Paulo, o Monumento à Independência, que deu origem ao Museu Paulista da USP, também conhecido como Museu do Ipiranga. Mais de 110 anos depois, o museu recebe cerca de 450 mil visitantes por

Crédito foto: Francisco Emolo

ano e conta com acervo de 12 mil objetos e 70 mil livros, entre vários outros itens. Visando a ampliar as áreas expositivas e adequar sua reserva técnica, em 2006 foi proposto um projeto preliminar de ampliação da área. Aprovado recentemente pelo Conpresp (Conselho do Patrimônio Histórico de São Paulo), está em processo de estudo para futura execução.

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico

São Paulo em 1841: maquete é parte do acervo do Museu Paulista

do Estado (Condephaat) e o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) já haviam aprovado o conceito geral. Cecília Helena Salles de Oliveira, atual diretora do Museu Paulista e professora do Programa de Pós-Graduação em História Social da USP, esclarece que o objetivo principal é criar um anexo que possibilite a melhor adaptação dos espaços internos do museu. “O prédio é um monumento, portanto não foi pensado para receber uma instituição pública. Temos limitações não só de espaço, mas de adequação de nossas atividades e reservas técnicas”, explica a professora Cecília. Ela revela ainda que a idéia é transformar o edifício atual em área totalmente expositiva e construir um prédio para concentrar as áreas administrativas e salas de aula.

Já na década de 1930, quando o diretor do museu era o historiador e professor Affonso Taunay, falava-se na necessidade de um anexo. Posteriormente um outro professor que lutou para que houvesse a criação de um anexo foi José Sebastião Witter, diretor do museu entre 1994 e 1999, que chegou a elaborar uma maquete do prédio a ser construído.

O projeto de ampliação atual foi assinado pelos arquitetos Eduardo Colonelli e Silvio Oskman, do Escritório Paulistano de Arquitetura. Segundo Oskman, o grande desafio é poder realizar o previsto, respeitando a arquitetura do prédio, projetado entre 1885 e 1890 por Tommaso Gaudenzio. A planta prevê a criação do prédio administrativo no Parque da Independência, que fica atrás do museu, no qual ficariam salas de aula, a reserva técnica do acervo, os laboratórios de conservação e restauro e os serviços de museografia. Ele seria ligado ao edifício original por uma galeria subterrânea, que abrigaria uma grande área para exposições e um auditório, além de área de descanso e banheiros para o conforto do público.

Além disso, uma das propostas é a construção de dois elevadores panorâmicos, que serão instalados em torres laterais ao edifício tradicional. “Os elevadores são importantes para a acessibilidade do público, facilitando a visitação dos deficientes e pessoas com maiores dificuldades”, aponta Heloísa Barbuy, vice-diretora do Museu Paulista. Ela ainda conta que com a reforma a área do museu irá quadruplicar, passando dos cerca de 6 mil metros quadrados atuais, para 24 mil metros quadrados construídos.

A diretora do museu chama atenção para o fato de que o projeto apresentado é apenas uma proposta de viabilidade e que é necessário que se faça a prospecção do solo e estudos para definir aquilo que será o projeto executivo propriamente dito. Ela ainda ressalta que as negociações são complexas, uma vez que a área do Parque da Independência não pertence à USP, mas à Prefeitura do Estado de São Paulo. “O governo do estado deu autorização para que se faça a prospecção, mas é apenas uma preliminar”, enfatiza a diretora.

Restauração – Iniciativa que corre paralela ao projeto de expansão do museu e que a diretora considera fundamental é a de restauração e preservação do edifício centenário. Os estudos para a restauração já estão sendo realizados pela Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf) da USP. Assim, a conservação e expansão do espaço museológico é complexo e envolve “um leque de ações”, diz Cecília.

Com o aumento do espaço expositivo, parte das coleções guardadas no museu, hoje sem acesso do público, poderá ser visitada. Cecília destaca que o museu chega a receber 5 mil pessoas por dia. “Quanto mais espaços para acolher os visitantes, melhor.” Hoje o Museu do Ipiranga possui 20% de seu acervo exposto, mas a historiadora destaca que essa é a porcentagem média exposta pelos museus em geral. Ela atenta para o fato de que expor o acervo inteiro é impossível, uma vez que muitas peças – como os documentos textuais – podem ficar em área expositiva apenas cinco dias, porque sofrem com a ação da luz.

Leia mais informações sobre as atividades culturais do Museu Paulista na página eletrônica da Revista Espaço Aberto.

 
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