Economias de aglomeração possuem um impacto importante sobre o mercado de trabalho. A interação entre trabalhadores e firmas em áreas de elevada densidade pode gerar ganhos de produtividade que resultam em salários mais elevados. Tais áreas também podem possuir custos de vida mais elevados, mas o crescimento recente das cidades parece indicar que os ganhos se sobrepõem aos custos. Portanto, grandes áreas urbanas têm um impacto esperado positivo sobre os salários. No entanto, não só o tamanho da cidade, mas também a composição setorial é relevante para entender as escolhas de localização das empresas de um sector específico. O escopo industrial de economias de aglomeração é investigado no primeiro capítulo desta tese, e os principais resultados indicam que não há um único mix setorial local ótimo para fomentar a produtividade em diferentes setores tecnológicos. Além disso, setores de alta tecnologia e setores industriais de baixa tecnologia se beneficiam mais da escala urbana no Brasil, seguidos de setores de serviços associados a intensidade de conhecimento mais elevado. As economias de aglomeração podem ter efeitos estáticos e dinâmicos. Eles são reforçados por um processo de seleção de trabalhadores qualificados para grandes áreas urbanas. As migrações inicial e de retorno constituem mecanismos essencial para a auto-seleção de trabalhadores mais qualificados e mais produtivos para grandes áreas urbanas. Assim, cidades com maior percentual de trabalhadores mais habilidosos deverão atrais mais indivíduos qualificados. A estimação de economias de aglomeração estáticas indica que a inclusão do efeito fixo individual reduz o coeficiente da densidade de maneira significante. Quando economias de aglomeração dinâmica são estimadas tendo por base a experiência prévia de trabalho em cidades, as vantagens estáticas se tornam não-significantes. Conforme esses anos de experiência são iterados com a densidade do local de trabalho atual, indivíduos trabalhando em cidades menos densas com experiência em cidades mais densas serão os maiores beneficiados. Por fim, a experiência prévia de trabalho tem um efeito positivo sobre o crescimento do salário somente no caso da experiência em cidades com ao menos a mesma densidade da cidade atual. Finalmente, o tamanho da cidade tem um impacto importante sobre o poder de barganha relativo dos trabalhadores e das empresas no mercado de trabalho. Ao analisar a relação dos salários locais e do ciclo de negócios, a flexibilidade salarial, medida pela curva de salário, é maior em setores informais em áreas menos densas. Portanto, as grandes aglomerações supostamente oferecem maior poder de barganha dos trabalhadores, pois eles têm mais oportunidades de emprego. Esses resultados indicam que as economias de aglomeração no Brasil parecem estimular a concentração espacial e ampliar as desigualdades regionais. Trabalhadores e firmas se auto-selecionam para grandes áreas urbanas, nas quais encontram um ambiente mais diversificado e outros trabalhadores altamente qualificados. Adicionalmente, grandes centros proporcionam maior poder de barganha aos trabalhadores em negociações salariais, mesmo que estejam no setor informal
Autor: Ana Maria Bonomi Barufi
Orientador: Eduardo Amaral Haddad
Ano: 2015