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Integração de Modelos Econômicos Espaciais e Modelos de Transporte Georreferenciados

Resumo

As advertências pioneiras de Isard (1959) para se evitar o viés anglo-saxão imposto pela adoção generalizada de um mundo desprovido da dimensão espacial, onde se pressupunha que as atividades econômicas eram localizadas na "cabeça de um alfinete", renovaram o interesse na exploração do processo de decisão de localização sob regimes de competição alternativos. Entretanto, inconsistências teóricas entre regimes competitivos concebidos em economias sem a dimensão espacial e economias espaciais foram identificadas apenas recentemente, através de esforços de pesquisa na última década. Algumas destas inconsistências estabeleceram-se também em modelos espaciais de equilíbrio geral computável, especialmente modelos envolvendo comércio inter-regional. Essencialmente, um dos resultados alcançados preconiza a inexistência de comércio em uma economia caracterizada por um espaço homogêneo, com as atividades distribuídas uniformemente, e mercados competitivos. Em outras palavras, no mundo anglo-saxão questionado pelos pioneiros da Ciência Regional, o resultado provável era a caracterização do espaço econômico formado por vários subespaços autárquicos, com sérias implicações para sua validação empírica. A teoria modificou-se, tendo seu desenvolvimento recente recomendado a adoção de regimes de competição imperfeita, incorporando retornos crescentes de escala às funções de produção regionais. Além disso, o tratamento de custos de transporte, associados à fricção da distância, deve ser considerado para se incluir outros elementos de heterogeneidade espacial aos modelos teóricos. A Nova Geografia Econômica (NGE) tem examinado questões associadas a aplicações de várias estruturas de mercados competitivos em economias espaciais. Este esforço tem possibilitado o estudo rigoroso e exaustivo de aspectos teóricos do funcionamento da economia espacial. Entretanto, como campo de estudos emergente, ainda há muito a ser explorado. Existe a premente necessidade de testes empíricos e da incorporação dos principais mecanismos de funcionamento de uma economia espacial em modelos aplicados para economias reais como passo fundamental para o desenvolvimento futuro da NGE. Neste contexto, modelos numéricos, baseados fortemente na teoria, podem ser desenvolvidos no intuito de trazer mais realismo para os exercícios de simulação. Além disso, pode-se ser ainda mais ambicioso ao buscar melhores níveis de excelência científica, em aplicações para economias reais, aliando problemas práticos à moderna teoria econômica. O imperativo de conciliação entre teoria econômica espacial e estudos empíricos com relevância para os formuladores de política coloca a integração de modelos de equilíbrio geral computável (EGC) com modelos de transporte como forte candidato a preencher esta lacuna. Os desenvolvimentos teóricos recentes na NGE trouxeram novos desafios para a especificação e implementação de modelos inter-regionais de equilíbrio geral computável (IEGC). Neste sentido, experiências com a introdução de economias de escala, imperfeições de mercado e custos de transporte devem proporcionar soluções metodológicas inovadoras para lidar explicitamente com questões teóricas relacionadas a sistemas regionais integrados. O objetivo deste projeto, que dá continuidade à pesquisa desenvolvida em minha Tese de Livre-Docência, é bastante ambicioso. Procuraremos mostrar que é possível lidar com retornos crescentes de escala e custos de transporte, principais pilares da NGE, em modelos aplicados para economias reais (no caso, a economia brasileira). A metodologia proposta integra um modelo IEGC a um modelo de transporte georreferenciado. Se formos bem sucedidos, não apenas alcançaremos uma solução metodológica, mas também evidenciaremos a potencialidade de emprego do método, através de aplicações que permitam dialogar com os vários atores envolvidos, sejam eles teóricos, empíricos ou práticos.

Coordenador

Eduardo Amaral Haddad

Período

2005-2007

Financiamento

Fapesp e CNPq (Produtividade em Pesquisa PQ – 2004)


Integração Sistêmica com Modelos Interregionais de Equilíbrio Geral Computável

Resumo

Este projeto de pesquisa pretende preencher algumas das lacunas, principalmente de natureza metodológica, associadas aos desenvolvimentos recentes de modelos inter-regionais de equilíbrio geral para o Brasil. Como produtos principais, serão elaborados artigos específicos sobre os tópicos abaixo arrolados. Dentre as áreas a serem abarcadas, pretende-se avançar em desenvolvimentos nos seguintes tópicos:

1. Integração de modelos IEGC com modelos de energia: considerando que o espaço pode ser um elemento importante para a análise de política energética, pretende-se apoiar na experiência brasileira na construção e aplicação de modelos IEGC para introduzir elementos espaciais na análise de política energética brasileira.

2. Integração de modelos IEGC com modelos de transporte: dando continuidade a uma linha de pesquisa já em curso, pretende-se explorar características multimodais dos sistemas de transportes em um contexto de modelos espaciais EGC para análise de políticas de logística e transporte.

3. Integração de modelos IEGC com modelos climáticos: o objetivo principal é desenvolver uma metodologia integrada de projeção de impactos econômicos de mudanças climáticas e políticas de adaptação e mitigação (controle e taxação de emissões de carbono) no Brasil, considerando explicitamente suas diversas escalas territoriais (macrorregiões, estados e municípios). Pretende-se articular as projeções de alterações climáticas a modelos socioeconômicos, de forma que uma análise integrada dos impactos econômicos desses fenômenos possa ser efetuada. A partir daí, políticas de adaptação e mitigação no Brasil podem ser simuladas. O núcleo central da modelagem a ser utilizada será um modelo de equilíbrio geral compútável (EGC) capaz de lidar de maneira consistente com a integração com outros modelos, a serem desenvolvidos pelos pesquisadores e instituições envolvidos na criação do INCT de Mudanças Climáticas, onde coordeno o grupo de “Economia das Mudanças Climáticas”.

Coordenador

Eduardo Amaral Haddad

Período

2011-2014

Financiamento

CNPq (Produtividade em Pesquisa PQ – 2010)


Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas

Resumo

O Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, em parceria com órgãos federais e estaduais, está financiando o estabelecimento de dezenas de centros de excelência (chamados de “Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia) em todas as áreas do conhecimento, num investimento total acima de R$ 500 milhões. Metade dos recursos foi alocada para 19 áreas estratégicas, entre elas Mudanças Climáticas. Um dos INCTs aprovados é o “INCT para Mudanças Climáticas”, que tem o INPE como instituição sede.

O INCT para Mudanças Climáticas — que foi agraciado com financiamento de R$ 7,2 milhões por três anos provenientes do CNPq e da FAPESP — irá implantar e desenvolver uma abrangente rede de pesquisas interdisciplinares em mudanças climáticas e se embasa na cooperação de 76 grupos de pesquisa nacionais de todas as regiões do país e 16 grupos de pesquisa internacionais da Argentina, Chile, EUA, Europa, Japão e Índia, envolvendo na sua totalidade mais de 400 pesquisadores, estudantes e técnicos e constituindo-se na maior rede de pesquisas ambientais implantada no Brasil. Espelhando-se na estrutura do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, este INCT se organiza em três eixos científicos principais: (i) base científica das mudanças ambientais globais; (ii) estudos de impactos-adaptação-vulnerabilidade; e, (iii) mitigação. Além disso, tem um forte componente de inovação tecnológica em três áreas: modelos do sistema climático, geo-sensores e sistema de prevenção de desastres naturais.

Este INCT está diretamente associado à Rede Brasileira de Mudanças Climáticas (Rede CLIMA), do MCT, e sua estrutura irá cobrir todos os aspectos científicos e tecnológicos de interesse àquela Rede. Adicionalmente, o Programa irá fornecer articulação, integração e coesividade científicas para a Rede CLIMA e, em contrapartida, mecanismos financeiros existentes para esta Rede fornecerão financiamento suplementar para a implementação deste INCT.

O INCT para Mudanças Climáticas promoverá a formação de algumas dezenas de mestres e doutores em suas linhas temáticas no intervalo de 5 anos. Espera-se que a geração de novos conhecimentos e a capacitação de recursos humanos permitam reforçar o papel do Brasil na definição da agenda ambiental em âmbito global. Outrossim, espera-se gerar conhecimentos e informações cada vez mais qualificadas, para que as ações de desenvolvimento social e econômico do país se dêem de forma ambientalmente sustentáveis. No importante quesito das políticas públicas, o INCT, em estreita parceria com a Rede CLIMA e com programas estaduais e internacionais de pesquisas em mudanças climáticas, pretende contribuir como pilar de pesquisa e desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

Na estrutura proposta e aprovada para o INCT, a FEA/USP será responsável pela coordenação da componente “Economia das Mudanças Climáticas”. O objetivo principal desta componente é desenvolver e aperfeiçoar uma metodologia integrada de projeção de impactos econômicos de mudanças climáticas e políticas de adaptação e mitigação no Brasil, considerando explicitamente suas diversas escalas territoriais (macrorregiões, estados e municípios). Pretende-se articular as projeções de alterações climáticas a modelos socioeconômicos, de forma que uma análise integrada dos impactos econômicos desses fenômenos possa ser efetuada. O ponto de partida será a experiência acumulada no estudo “Economia do Clima no Brasil”.

Coordenador

Eduardo Amaral Haddad e Jacques Marcovitch (componente “Economia das Mudanças Climáticas”)

Período

2010-2014

Financiamento

CNPq e FAPESP


Política Fiscal e Localização

Resumo

Uma das mais importantes mudanças ocorridas no contexto do desenvolvimento regional brasileiro foi no ambiente externo. Quando se propuseram políticas de desenvolvimento regional nas décadas de 1960-1970, a economia brasileira contava com um grande leque de opções de instrumentos de política econômica que poderiam ser utilizados com o objetivo de reverter desigualdades regionais. Entretanto, durante os anos 1990, o ambiente externo mudou drasticamente; como membro do Mercosul e signatário do WTO, os graus de liberdade para manipulação de políticas econômicas foram reduzidos significativamente. Assim sendo, tem havido um redirecionamento dos tipos de políticas adotadas com maior enfoque nos investimentos indiretos e um maior comprometimento com as forças de mercado, manifestado na série de políticas neoliberais adotadas nesta década (privatização, abertura econômica, etc.). O Governo Federal conta com menos opções para a manipulação do crescimento e desenvolvimento das regiões mais pobres do país. Destarte, investimentos diretos privados assumem cada vez mais um papel chave no processo de desenvolvimento regional. O projeto aqui proposto proporcionará uma avaliação de bem-estar, aos níveis nacional e regional, de propostas tributárias visando à harmonização fiscal entre os Estados da Federação. Esta avaliação será alcançada através da simulação dos efeitos destas políticas no contexto de um modelo inter-regional de equilíbrio geral computável especificado e implementado para a economia brasileira. No novo paradigma de desenvolvimento econômico, a inserção do país no processo de globalização é tida como condição fundamental para a retomada do crescimento. A competitividade internacional tem criado pressões nos diversos estados da União para que se estabeleçam, ou mesmo se consolidem, vantagens comparativas regionais na esperança de que novas atividades industriais sejam atraídas. À medida que o progresso tecnológico continue em seu ritmo crescente e as novas tecnologias estejam disponíveis para o uso das empresas em qualquer região, a competição por novos investimentos enfatizará não só a existência de vantagens comparativas locacionais tradicionais (custo e qualidade da mão-de-obra, economias de aglomeração, etc.), mas também de vantagens comparativas espúreas, principalmente na forma de incentivos fiscais. Estes fatores tornam-se centrais para as estratégias de desenvolvimento econômico dos estados, como a experiência recente da indústria automobilística no Brasil demonstra. A economia brasileira não é homogênea internamente, apresentando fortes variações entre regiões e setores. Desta forma, espera-se que os impactos de diferentes políticas econômicas sejam diferenciados espacialmente. A discussão dos impactos da guerra fiscal não tem considerado consistentemente os efeitos destes choques sobre as macro-regiões e estados brasileiros. Além disso, quando os efeitos espaciais são considerados, a falta de instrumentais formais de análise não permite que se produzam subsídios relevantes para a formulação de recomendações de política. Assim, faz-se necessário o desenvolvimento de instrumentais analíticos, baseados em dados sólidos e consistentes, que sejam capazes de avaliar esses impactos.

Coordenador

Eduardo Amaral Haddad

Período

2003-2004

Financiamento

CNPq (Produtividade em Pesquisa PQ – 2002)


Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas – Rede CLIMA

Resumo

A Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA) foi instituída pelo MCT no final de 2007 e tem como objetivo principal gerar e disseminar conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e efeitos das mudanças climáticas globais. A abrangência da Rede CLIMA é nacional, envolvendo dezenas de grupos de pesquisa em universidades e institutos, organizados em dez sub-redes temáticas. A coordenação da sub-rede temática “Economia das Mudanças Climáticas” está a cargo do NEREUS.

Coordenador

Eduardo Amaral Haddad (sub-rede temática “Economia das Mudanças Climáticas”)

Período

2009-2013

Financiamento

FINEP


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