Texto extraído e adaptado da Folha de São Paulo – caderno Mercado – 24/04/2011
O aumento das áreas plantadas, índices inéditos de produtividade e alta demanda do mercado internacional devem fazer da safra atual a maior da história, segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). A última estimativa aponta que a produção de grãos deve atingir um total de 157,4 milhões de toneladas nesta safra, um aumento de 5,5% sobre a anterior.
Os bons resultados devem impulsionar os investimentos dos fazendeiros em novas técnicas e tecnologias de produção e colheita nas propriedades, aumentando sua capacidade de atender a demanda internacional e aumentar sua projeção para colheitas futuras. “Quando o produtor ganhava alguns trocos, comprava novas terras. Com tantas restrições ambientais, isso não é mais possível. Esse dinheiro a mais será investido em tecnologia dentro da fazenda”, afirma Sérgio Stefanello, produtor de Mato Grosso.
Entre os desejos mais comuns estão máquinas de plantar e colher com piloto automático, guiadas por GPS e capazes de gerar relatórios em tempo real da produção, que chegam custar até R$1,1 milhão. Segundo o coordenador de uma revendedora em Campo Novo do Parecis (MT), no ano de 2009 foram vendidos três sistemas de piloto automático. Só no primeiro trimestre de 2011 foram 14.
E as tecnologias não param por ai: georreferenciamento, análises do solo, mapas da produção, sistemas integrados e de informação são algumas das possibilidades disponíveis ao produtor rural. Todas essas informações vão para um cartão de memória, que determinam o trabalho das máquinas, basta plugar no trator. Depois de colhida, a produção é armazenada em silos interligados a um sistema eletrônico que monitora e faz o controle automático de peso, temperatura e umidade dos grãos. Na etapa de venda, os caminhões são carregados sobre uma balança eletrônica, ligada ao escritório da propriedade, emitindo-se as notas fiscais instantaneamente.
Segundo Roberto Chioquetta, produtor de soja de Campo Novo do Parecis (MT), a modernização cortou pela metade o número de funcionários, mas dobrou a folha de pagamentos. “É difícil encontrar pessoal especializado”, afirma.
Todo esse investimento, porém, não altera a realidade da porteira para fora: poucas ferrovias e hidrovias, rodovias em péssimo estado e portos sobrecarregados impedem que a produção aumente. Em Mato Grosso, por exemplo, seria possível produzir 5 milhões a mais de toneladas de soja, se as vias de escoamento fossem melhores.
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