Engenharia de Biossistemas não é a mesma coisa que Agronomia, e não é igual a Biotecnologia

Por ser um curso muito recente no Brasil, algumas pessoas confundem a Engenharia de Biossistemas com outras profissões como:  Engenharia Agrícola, Agronomia ou Biotecnologia. Vamos tentar mostrar as diferenças entre os cursos:

Primeiro, apesar de as três serem Engenharias, a Engenharia de Biossistemas se diferencia da Agrícola e da Agronomia.  O engenheiro agrícola tem formação com base em matemática e física, já o agrônomo se aprofunda em matérias das áreas de biologia e química.  Um exemplo disso são as diferentes matérias entre esses dois cursos, na Eng. Agrícola não há disciplinas como zootecnia ou anatomia vegetal que estão presentes na grade curricular da Agronomia. Ja a Eng. de Biossistemas possuí matérias em comum com as duas como: Biologia Celular e Molecular,  Química Geral, Máquinas Agrícolas e Construções Rurais. Mas se diferencia principalmente na questão da forte presença em seu currículo de matérias ligadas à Tecnologia da Computação: Algoritmos e Programação, Sistemas Digitais,  Eletrônica, Inteligência Artificial,  sendo essas matérias somente optativas para a Eng. Agrícola e obrigatórias para a Eng. de Biossistemas. Outra diferença é a presença de disciplinas voltadas para a geração de energia no currículo da Eng. de Biossistemas como: Biocombustíveis, Geração de Eletricidade e Calor, Sistemas Distribuídos etc.

Quanto à atuação, o Engenheiro Agrícola se volta para a parte mecânica da agricultura, como planejamento, construcão e manutenção de máquinas. Já o curso de Agronomia se volta para todas as etapas da atividade agropecuária – do plantio e da criação de rebanhos à comercialização da produção. E o Engenheiro de Biossistemas une essas duas formas de atuação, planejando e construindo máquinas e também acompanhando todas as atividades do setor agropecuário. Além de se voltar para uma área que as outras duas Engenharias não cobrem, que é a de Tecnologia da Informação voltada para o campo (como rastreabilidade, sistemas de simulação e monitoramento). Concluíndo, a Engenharia de Biossistemas une os dois cursos (Eng. Agrícola e Agronomia, menos a área de produção vegetal que não é tão profunda na Eng. de Biossistemas) e volta-se para as demandas atuais de sistemas de informação e produção de energia e combustíveis.

Quanto à Biotecnologia, as diferenças são bem mais claras. Por não se tratar de uma Engenharia sua base em exatas é bem menor, em seu currículo há maior enfoque em genética (Engenharia Genética, Biossegurança, Aditivos e Promotores de cresimento, Bioirradiação). No mercado o Biotecnólogo atuará de acordo com o enfoque da grade de cada Universidade (por isso há diversas denominações para esse curso),  no agronegócio atuará principalmente no aprimoramento do combate a pragas e enfermidades. O salário inicial desse profissional é menor em relação às Engenharias de Biossistemas, Agrícola e Agronomia.

Portanto, a Engenharia de Biossistemas atua em conjunto com todas essas profissões, mas possuí diferenças marcantes por se relacionar mais às novas tecnologias de produção do que os cursos mais antigos.

Fonte: Guia do Estudante

Saiba mais sobre a Engenharia de Biossistemas: http://bioen.okstate.edu/undergrad/What-we-do.htm

www.usp.br/fzea

16 Comentário

  1. Sempre de parabéns! Sem contar que o curso é recente com esse nome em português e na América Latina, porque em lugares na Europa e EUA ele já é tradicional. =]

  2. Há Instituições que, já existindo cursos com boa divulgação entre o público, elas infelizmente o floreiam e colocam nomes rebuscados neles, como é o caso do curso de Engenharia de Biossistemas, oferecido pela USP – Universidade de São Paulo através da FZEA – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (campus de Pirassununga), ao passo que esta IES – Instituição de Ensino Superior oferece o curso de Engenharia Bioquímica através da EEL – Escola de Engenharia de Lorena (campus da cidade homônima); mas, na verdade, os dois cursos na verdade têm apenas um nome rebuscado para o curso de Biotenologia, e na condição de Analista Universitário, penso que é viável a USP mudar o nome do curso de Engenharia de Biossistemas para Biotecnologia e o curso de Engenharia Bioquímica, que seja substituído por um curso mais aproximado a ele, que a meu ver é Engenharia Biomédica.

  3. Desculpe Carlos, mas discordo inteiramente de você. O curso de Engenharia de Biossistemas não tem nada a ver com o curso de Biotecnologia. Isso que eu tentei passar no artigo acima, que pelo visto você não entendeu. O curso de Biotecnologia é focado em genética e outras disciplinas relacionadas. Já o curso de Engenharia de Biossistemas, como o nome já diz “Engenharia”, possuí um foco voltado para a Engenharia (calculo, física, projetos) e para a produção agropecuária, não possuindo nenhuma relação com genética e outros aspectos da Biotecnologia. Portanto, a USP não deve mudar o nome de nenhum dos cursos. Se você ainda não entendeu o que a Engenharia de Biossistemas faz, clique no link da Universidade de Oklahoma dos EUA e veja lá bem claro o que a Engenharia de Biossistemas é realmente.

  4. Leonardo, nesse contexto, como ficam os cursos de Engenharia de Bioprocessos e Engenharia Bioenergetica? A UFRJ oferece o curso de Biotecnologia com essa denominação; e será que este curso da UFRJ não seria a mesma coisa que Engenharia de Biossistemas, apenas com exceção do nome? Acesse o link do Guia do Estudante, o maior do gênero sobre carreiras do Ensino Superior, onde diz que o curso de Biotecnologia pode ser oferecido com outras denominações, como Engenharia de Biossistemas, e me diga o que acha a respeito: http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/meio-ambiente-ciencias-agrarias/biotecnologia-602879.shtml . Cordialmente, Carlos.

  5. Mas eu escrevi esse artigo justamente pra desmistificar isso Carlos. Engenharia de Biossistemas é um curso já estabelecido na Europa e nos EUA e relaciona-se à produção agropecuária, tendo disciplinas como Zootecnia, Construções Rurais, Biocombustíveis. Disciplinas essas que não constam na grade de Biotecnologia, ou seja, os cursos são totalmente diferentes. Quanto aos cursos de Eng. de Bioprocessos e Eng. Bioenergética não posso falar nada, pois não conheço a grade desses cursos.
    E no guia do Estudante, na descrição de Biotenologia, não é citado como mesmo curso o nome de Eng. de Biossistemas, segue o trecho abaixo:
    “Os cursos de bacharelado (em Biotecnologia) nem sempre têm o mesmo direcionamento e, por isso, podem dar ênfase a um ou outro campo da biotecnologia. Eles também têm nomes diferentes, como Biotecnologia (UFSCar), Engenharia de Bioprocessos (UFRJ), Engenharia Bioquímica (USP-Lorena), Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (UFPR e a Uergs), Ciências Biológicas – ênfase em biotecnologia (Univali).”. Portanto, não é citado que Eng. de Biossistemas seja a mesma coisa que Biotecnologia. O que eu quero salientar é que o curso de Eng. de Biossistemas possuí um enfoque totalmente diferente desses cursos citados, nossa grade possuí um enfoque totalmente voltado à tecnologia da informação aplicada ao agronegócio. Enquanto o enfoque da Biotecnologia volta-se à genética e aos processos moleculares.

  6. E quanto aso cursos de Engenharia de Bioprocessos e Engenharia Bioenergética, dei uma olhada em suas grades e vi a diferença entre eles em relação à Eng. de Biossistemas. O curso de Bioprocessos volta-se a uma área mais liga à química (tratamento de resíduos etc.) e a genética. O curso de Bioenergética volta-se, como seu nome diz, à produção de energia (energia solar, térmica, biomassa etc.). Esses dois cursos tem enfoque distintos entre si e totalmente diferentes do enfoque de Engenharia de Biossistemas.

  7. Leonardo, em nenhum momento quiz contrariá-lo, mas, quanto ao que você citou, tirado do Guia do Estudante, visto que nem sempre o curso de Biotecnologia pode ter o mesmo direcionamento, tendo até cursos de Engenharia que à BIotecnologia foram relacionados, isso não seria, na verdade, “pedaços diferentes de uma mesma linguiça, de um mesmo bolo”, ou, em outras palavras, não seria “mais do mesmo”? Não seria viável que as disciplinas relacionadas à tais Engenharias não viessem a fazer parte da grade horáriocurricular de um curso de Graduação (Bacharelado) em Biotecnologia, mesmo que optativas, ou como disciplina de extensão?

  8. Pode ser uma alternativa sim Carlos, para não ficarmos com cursos que na verdade são iguais.. Eu posso falar com mais propriedade do meu curso (que é Eng. de Biossistemas) e afirmo que esse curso não é a mesma coisa que Biotecnologia e nem é igual a nenhum outro dos cursos citados. Se fossemos comparar, Eng. de Biossistemas se assemelharia mais ao curso de Eng. Agrícola, mas mesmo sim tem grandes diferenças em sua grade curricular.

  9. O curso de Engenharia de Biossistemas é uma nova área no Brasil, mas como já citado acima é tradicional em outros lugares. Não se iludam com o pensamento: ” Engenharia de Biossistemas e Biotecnologia são a mesma coisa ” pois não são! Alguns calouros entram no curso com essa ilusão e se surpreendem ao perceberem a grande diferença. Existem demasiadas diferenças e não são sutis, pelo contrário são bem notórias. Não é aceitável que se mude o nome do curso com intuito de igualar coisas que não são iguais! Vamos pensar no caso Agronomia, Engenharia Agrícola, Engenharia Agronômica e outro Biomedicina, Ciência Biomédicas, Ciências Biológicas – Modalidade Médica, Ciências Médicas, Medicina… Por quê esses cursos têm tantos nomes? Por quê não podemos unificar o nome deles e colocar um único para cada área? Já entre Biotecnologia e Engenharia de Biossistemas podemos enfatizar a diferença com uma observação rápida da grade curricular dos cursos. Tenho certeza que os profissionais das áreas citadas pensam como nós quanto à distinção entre as grades curriculares e o campo de atuação profissional. É possível citar como exemplo o novo curso de Engenharia de Biossistemas que será aberto no Brasil na UNESP, essa instituição já possui o curso de Biotecnologia, mas mesmo assim irá abrir o curso de Engenharia de Biossistemas, se fosse a mesma coisa por que não abrir com o mesmo nome? O curso de Engenharia de Biossistemas é uma área nova e promissora para pessoas que são abertas a desafios e inovações. O Brasil é um país que se destaca através do agronegócio, sendo um grande exportador nessa área, no entanto ainda temos diversos impasses quanto à tecnologia, pois ela em sua grande maioria é importada e apresenta um alto custo na cadeia de produção. A partir disso os graduandos em Engenharia de Biossistemas desde cedo já começam a ser preparados para atuarem de maneira inovadora no agronegócio, pensando de forma consciente em estratégias que possam proporcionar o desenvolvimento da tecnologia para essa área de grande importância no Brasil, como a zootecnia e agricultura de precisão. Todavia o curso de Engenharia de Biossistemas não é voltado apenas para a tecnologia temos diversas áreas que o profissional de Biossistemas poderá seguir. E claro, não podemos esquecer de que o curso prepara profissionais com competências em engenharia, ou seja, engenheiros com visão crítica que procuram resolver problemas com precisão.

  10. Com certeza Alberto, a idade não influencia o acompanhamento da Engenharia de Biossistemas. Suas experiências anteriores até auxiliarão na compreensão do curso, pois é necessário uma visão mais ampla (e não apenas focado nos assuntos abordados em aula) para compreensão da amplitude de alcance do curso.

  11. Para quem tem paixão por cálculo , química , física ainda pode realizar pesquisas mesmo tendo idade mais avançada como é o meu caso ?

  12. Desculpem amigos , pois estou duplicando minha resposta de outro fórum para entenderem minha situação :
    Sempre sonhei em ser engenheiro e mantive esse sonho estudando depois do ensino médio mesmo não tendo condições de cursar uma graduação. Eu espero que não seja tarde para ter meu lugar ao sol … vai ser difícil largar tudo aqui ( casamento, família , emprego etc. ) para embarcar nesse sonho ma acho que vale a pena tentar mesmo tendo dúvidas.
    Pessoas sem condições financeiras conseguem terminar o curso? Garanto que as matérias difíceis não serão problema pois tenho muita paixão por elas , o meu maior medo é largar tudo aqui e depois não ter condições ( por falta de dinheiro ) de terminar o curso gerando mais atrasos na minha vida , o que acham da minha situação amigos?

  13. Sinto muito, sua descrição do curso de Eng. Agrícola está equivocada, principalmente na área de atuação e nas disciplinas. Eu como Eng. Agrícola realizei na graduação disciplinas de eletrônica básica, programação, processamento de dados, controle e automação, entre outras…enfim…conheço vários eng. agrícolas que trabalham com simulação, planejamento e monitoramento. A eng. de biossistemas é um conceito mais moderno do que a eng. agrícola, apenas isso.

  14. André obrigado por sua contribuição com o texto. No texto informamos sim que eletrônica, programação e outras disciplinas fazem parte do curso de Engenharia Agrícola mas em sua maioria como disciplinas optativas (pelo menos nas Universidades que pesquisamos como Unicamp, UFV, Lavras e outras). Ficamos felizes que essas áreas que antigamente eram meio negligenciadas no Brasil hoje passem a ser obrigatórias em mais cursos. Quanto às áreas de atuação procuramos descrever os objetivos primários de cada curso, obrigado pela correção. A Eng. de Biossistemas é um conceito mais moderno da Eng. Agrícola com certeza, mas nosso enfoque em eletrônica, automação e sistemas computacionais procuram ser mais profundos, enquanto o Engenheiro Agrícola possuí um conhecimento muito maior do que o nosso nos sistemas de produção agrícola e gestão.