O Brasil precisa de uma estratégia supraministerial para democratizar o acesso a tecnologias pela agropecuária para então, assim, ter condições efetivas de assumir seu papel como principal fornecedor global de alimentos de forma sustentável. Esse foi um dos pontos mais debatidos durante o seminário “Segurança Alimentar e Sustentabilidade no Agro”, no evento “Humanidade 2012”, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), como parte integrante das atividades paralelas da Rio+20.
“A última política agrícola no Brasil por parte do governo foi na gestão do presidente Ernesto Geisel. Por isso, práticas sustentáveis, como a integração-lavoura-pecuária-floresta, ainda são restritas a quem tem mais recursos e informação”, afirmou o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Opinião semelhante tem Maurício Lopes, diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa. Ao participar de evento (segunda-feira, 19) também na Rio+20, Lopes assinalou que “é preciso levar tecnologia aos pequenos produtores e aos agricultores familiares, enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, diminuir a emissão de gases de efeito estufa na produção agropecuária e evitar a contaminação dos alimentos”.
Um dos problemas que dificultam a transferência de tecnologias já disponíveis é a falta de serviços públicos de extensão rural, lembrou o diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio. “A tecnologia está restrita a uma elite, que tem assistência técnica privada, enquanto o pequeno e o médio estão desassistidos”, disse. A realidade, reforçou o pesquisador da Embrapa, José Carlos Polidoro, é que “questões de conhecimentos básicos não chegam de forma sistemática aos produtores”.
Segundo Sampaio, com uma assistência técnica adequada, seria possível, por exemplo, ampliar ainda mais a sustentabilidade da pecuária, com base no pressuposto de aumento de produtividade. Isso porque “o setor produtivo não precisa de novas áreas, podemos fazer mais com o que já temos, desde que com investimentos em tecnologia”, exemplificou o diretor da Abiec.
Rodrigues e o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco Gaetani, alertam que o desenho de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável não pode ficar restrito a ações isoladas de ministérios. Rodrigues e o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco Gaetani, alertam que o desenho de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável não pode ficar restrito a ações isoladas de ministérios.
Com uma nova governança, pautada por mais acesso a tecnologias e processos sustentáveis, poderia colocar pequenos e médios produtores num dos trilhos da economia verde em que a busca pela rentabilidade está associada à sustentabilidade. “Tudo o que o produtor pode fazer hoje para aumentar seu resultado econômico passa por melhorar a sustentabilidade do seu negócio”, frisou Eduardo Biagi, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Já André Nassar, coordenador da RedeAgro, chama atenção para o fato de que as demandas por sustentabilidade envolvem também custos que precisam ser socializados. “Querendo ou não é preciso universalizar os custos relacionados a práticas voltadas à sustentabilidade e a sociedade precisa entender isso”, salientou.
Fonte: SouAgro.
- Veja também: O agronegócio pede nova instituição
Seja o primeiro a comentar
Você precisa fazer log in para comentar.