Mais produção com padrões sustentáveis

Por Ueliton Messias – Pesquisador da Embrapa Meio-Norte. Texto adaptado.

AgriculturaUm dos grandes desafios do crescimento sustentável da agricultura brasileira é minimizar os impactos à biodiversidade. Para tanto, torna-se imprescindível avançar no desenvolvimento de sistemas de produção que visem à integração dos componentes ambiental e social. Tomando como exemplo, a região Meio-Norte do Brasil é caracterizada por sua diversidade de ecossistemas.

Sistemas de produção inadequados podem causar grandes impactos ambientais negativos, a curto e a longo prazo. As mudanças climáticas indicam novos comportamentos em relação à agricultura e será maior a pressão para a conservação e o manejo racional dos recursos produtivos nos sistemas de produção. 

Em termos globais, é inegável que a agricultura convencional tenha proporcionado aumentos significativos de produtividade. No entanto, diversas instituições científicas, governos, organizações não governamentais e a sociedade percebem impactos negativos ao meio ambiente. Atualmente é comum no Brasil escutarmos: havia um rio ali! Se eu não aplicar adubo, defensivo eu não tenho produção! Esta doença não existia na minha lavoura!

Dentro da realidade de dependência de insumos externos, com crescentes custos de produção, somente produtores capitalizados sobrevivem. O Brasil é um dos principais produtores mundiais de alimentos, fibras e produtos agroenergéticos. A posição ocupada pelo país lhe impõe responsabilidades ambientais e sociais, porque tem relação com a vida das pessoas e com o meio ambiente na qual elas vivem. A urgência em repensar sistemas de produção submete ao mundo desafios para mudanças concretas visando o equilíbrio entre as questões ambientais, sociais e econômicas em diferentes ecossistemas. 

Um sistema de produção é considerado sustentável quando todas as suas etapas atendem a processos socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente adequados. A Embrapa, juntamente com o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, investe há anos em tecnologias que têm como fundamento principal a produção sustentável. Isso significa gerar alimentos seguros para a saúde humana, com respeito ao meio ambiente, garantindo a segurança do trabalhador e possibilitando o crescimento da economia.

Entre as alternativas de sistemas de produção sustentável, destacam-se a Agricultura Orgânica, Produção Integrada Agropecuária-Aquicultura, Produção Agroflorestal e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Todas as citadas alternativas têm um forte apelo social e são tendências consolidadas.

Sistemas de Produção Sustentável

Partindo do desafio do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, o Brasil manterá sua notoriedade de oferta de produtos agropecuários, apenas se viabilizar o aumento de sua produção seguindo padrões sustentáveis. O crescimento da população brasileira deverá saltar de 194 milhões de habitantes em 2010 para 220 milhões em 2030.

Segundo especialistas, este incremento populacional de 26 milhões de habitantes no cenário de 2030 não acarretará em aumento de conversão significativa de novas áreas para a expansão agropecuária. Aparentemente este dado suaviza os desafios para a produção sustentável. O agravante é que os próximos anos serão acompanhados pela expansão e pela mudança do perfil do consumo de alimentos.

De forma geral, o mercado será mais exigente não só pela qualidade e diversidade de alimentos, mas também com relação aos quesitos de rastreabilidade, bem-estar animal, certificação de qualidade e sustentabilidade ambiental. O aprofundamento das pesquisas no campo técnico-social subsidiará a transferência de adequados sistemas de produção sustentável para diferentes ecossistemas. Estas ações contribuirão para o Brasil avançar na agenda da sustentabilidade e a contribuir para os desafios globais ligados ao desenvolvimento social.

Fonte: Dia de Campo.

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