Texto escrito por Mariana Zanarotti Shimako e Tauane Baitz, alunas de graduação de Engenharia de Biossistemas em FZEA-USP, orientadas pelo Prof. Dr. Fabrício Rossi dentro do Programa Unificado de Bolsas da USP.
No último sábado (28) aconteceu na USP-FZEA (Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos), o I Encontro Nacional de Engenheiros de Biossistemas (I ENEB). O evento uniu alunos e profissionais, dando uma perspectiva da abrangência de atuação do Engenheiro de Biossistemas no mercado de trabalho e nas diversas empresas em que estes estão atuando; através de palestras durante todo o dia.
O evento foi uma iniciativa do mestrando Leonardo Magalhães, Engenheiro de Biossistemas formado pela USP, orientado pelo Prof. Dr. Fabrício Rossi, coordenador do curso na USP, e contou com o apoio da empresa júnior Biossistec Jr.
A primeira palestra versou sobre o tema “Inovação e Empreendedorismo”, sendo apresentada pela Naira Bonifácio, da Agência USP de Inovação (AUSPIN). O principal objetivo da Agência é possibilitar que a inovação desenvolvida pelos alunos da USP seja transformado em conhecimento científico, tecnológico e cultural. A principal relação da AUSPIN com o curso de Engenharia de Biossistemas, são as diversas startups do agronegócio apoiadas pela agência. No tema empreendedorismo, para a Naira, empreender demanda foco e criatividade, com essa visão a AUSPIN oferece diversos programas voltados para graduandos e pós-graduandos, empreendedores e para a comunidade externa, alguns deles são: Bolsa empreendedorismo, Espyral (voltada para a criação de negócios de impacto), VPI (vocação para inovação), além da disciplina online “Inovação e Empreendedorismo” para alunos de graduação da USP.
A seguir, a palestra sobre “Tecnologias aplicadas ao agronegócio” foi com o Gabriel Lino, Engenheiro de Biossistemas formado pela USP, atualmente é analista de suporte logístico na empresa Raízen, onde é responsável por planejar, executar e controlar processos de coordenação da cadeia logística. Além de algumas informações sobre a empresa, foi apresentado o Projeto Pentágono que otimiza a logística de operação, colheita e plantio da Raízen. Esse projeto é estritamente relacionado com a Engenharia de Biossistemas, contendo análise de imagens, monitoramento, rastreamento da frota, suporte à operação no campo, visando a qualidade, eficiência e ganho na produtividade.
Depois de um intervalo com coffee break, no qual os egressos puderam trocar ideias com os estudantes e conversar com os antigos colegas, as palestras continuaram, dessa vez um conjunto de egressos apresentaram a palestra “Mercado de Trabalho: onde o Engenheiro de Biossistemas atua”. Essa palestra mostrou uma visão geral de diversas áreas onde os engenheiros de biossistemas estão trabalhando. Na sequência um pouco de cada palestrante.
Lucas Trevisan: Formado pela USP em 2015, atualmente faz mestrado na Universidade de Illinois (EUA), trabalhando com o controle de perda de pós colheita e pretende trazer este projeto ao Brasil. Para ele o Engenheiro de Biossistemas é totalmente capacitado para esta função, pela ampla diversidade do conhecimento adquirido durante o curso.
Amanda Mattiazzo: Atualmente trabalha com consultoria na empresa Cosin, como analista de negócios. Durante o período de graduação conquistou a Bolsa de Mérito Acadêmico e curso um período da graduação na Universidade de Évora e participou da Biossistec jr. e Enactus.
Franklin Utida: Atualmente trabalha em Supply Chain, essa área atua desde o planejamento de demanda até a distribuição do produto na empresa Natura e atualmente ele está se especializando em Suply Chain pela UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas). Durante a graduação também fez parte da Biossistec Jr.
Jonathan Sayama: Atualmente trabalha com como líder de melhoria contínua na empresa Tecnoseeds, mas já atuou como Engenheiro de Produção na Monsanto. Foi um dos primeiros intercambistas de Engenharia de Biossistemas na Universidade de Illinois, participou de intercâmbio voluntário pela AIESEC na Colômbia e fez parte da Biossistec Jr. Para ele o Engenheiro de Biossistemas é um profissional diferenciado por estudar diversas áreas de conhecimento.
João Vitor Campos: Atualmente faz doutorado em Engenharia e Ciências de materiais, na FZEA. Durante a sua graduação fez três iniciações científicas, e realizou intercâmbio de um ano na Universidade de Açores (Portugal).
Tatiana Canata: Mestra em Engenharia de Sistemas Agrícolas com enfoque em Agricultura de Precisão, atualmente trabalha na John Deere na área de tecnologia embarcada e soluções no campo.
Os egressos que participaram da empresa júnior (Biossistec Jr.), ressaltaram a importância da mesma, principalmente de ter a chance ainda na graduação de poder entender como funciona uma empresa. Todos estão felizes por serem Engenheiros de Biossistemas, pela ampla diversidade de atuação e recomendam o curso, seja como a primeira graduação ou uma especialidade.
Após um rápido almoço, os participantes retornaram para o anfiteatro para mais três palestras, a primeira sobre “Presente e o Futuro da Agricultura de Precisão” que ficou por conta do Dr. Ricardo Inamasu da Embrapa instrumentação.
A agricultura de precisão é um processo complexo, que ainda está em desenvolvimento e melhoramento contínuo. Dentro desse enfoque, o mais importante é saber respeitar as diferenças que existem no campo (dentro de uma mesma área, no solo, na composição da matéria disponível, no acesso à água pelas plantas etc.), minimizando o efeito negativo da produção ao meio ambiente. Fica claro que um engenheiro de biossistemas é extremamente capacitado para o mesmo, já que podem entender e processar as informações oferecidas pelos equipamentos tecnológicos, como o uso de drones, big data, entre outros (temas que segundo o Dr. Ricardo serão cada vez mais frequentes no agronegócio).
A seguir foi apresentada a palestra “De estagiários à Coordenador: Evolução dentro de uma Empresa” ministrada pelo Marcello Vinicius Ferreira e Rafael Donizette Dias, ambos Engenheiros de Biossistemas e Richard Mendes Dal Aqua, Engenheiro da Computação. Os três trabalham na Suzano Papel e Celulose. O Marcelo durante a graduação teve passagem pelo CAUPi (Centro Acadêmico Unificado de Pirassununga) epor intercâmbios (EUA e Portugal). Durante seu estágio na Suzano trabalhou com a silvicultura de precisão e sensoriamento remoto. Já o Rafael atualmente é Analista de informações florestais, e criou dentro da empresa o Núcleo de Silvicultura de Precisão (NSP), para ele as propostas da empresa e o profissional devem ter a mesma linha de pensamento. O Richard é Gerente de geoprocessamento e cadastro florestal, trabalha com alta tecnologia para integrar as informações da empresa para que sejam tomadas decisões corretas nos momentos corretos, ele é o responsável pelo efetivamento do Rafael e pelo estágio do Marcello. O mesmo citou, que a Engenharia de Biossistemas tende a crescer por causa da união de conhecimento em diversas áreas, e que os exemplos de profissionais com quem ele teve contato até hoje credenciam essa profissão para ser uma das mais demandadas pelo novo mercado de trabalho. Essa palestra foi importante também para os alunos da graduação conhecerem um pouco mais as demandas das empresas em relação à postura profissional, conhecimento exigido, entre outros aspectos que levam um estagiário a ser efetivado.
A última palestra foi sobre “O presente e o futuro da Engenharia de Biossistemas” ministrada pelo Prof. Dr. Fabrício Rossi, o atual coordenador do curso na FZEA. Para ele a Engenharia de Biossistemas é a profissão do presente, não só do fututo, pois as tecnologias e a demanda por elas já existem. No futuro será necessário diminuir a força de trabalho no campo, implantando mais mecanização e automação, já a demanda mundial por alimentos deve crescer para suprir as necessidades da crescente população, mas ao mesmo tempo é necessário diminuir impactos na biodiversidade, ou seja, produzir de modo sustentável.
O Engenheiro de Biossistemas atua desde o plantio melhorando os processos, diminuindo as perdas; principalmente no pós-colheita onde há ocorre o maior desperdício. Para o professor “O Engenheiro de Biossistemas compreenderá os sistemas vivos, sua real necessidade, e proporá soluções com o uso racional da tecnologia para o bem comum de todos”.
Em breve, mais textos sobre o I ENEB serão postados pelo Portal Biossistemas.