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Fuga no Carnaval: Ex-tripulantes do navio alemão Windhuk, capturados pela polícia de Santos na Praia Grande, no Carnaval (fevereiro) de 1942.
Prontuário: Dossiê 50-Z-49
Pesquisador: Priscila F. Perazzo

História da foto da capa do livro Prisioneiros da Guerra, de Priscila Perazzo

Legenda da foto: Ex-tripulantes do navio alemão Windhuk, capturados pela polícia de Santos na Praia Grande, no Carnaval (fevereiro) de 1942. Dossiê 50-Z-49, DEOPS-SP, APESP.

Aconteceu no Carnaval de 1942, poucos dias após Oswaldo Aranha declarar o rompimento diplomático entre o Brasil e os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), ao final da Convenção dos Chanceleres no Rio de Janeiro em 28 de janeiro. O alinhamento político com os Aliados, derivado dessa declaração, fora estampado em diversas manchetes de jornal, Brasil afora, da mesma forma que se ouviam essas notícias pelo rádio o tempo todo. Assim, foi mais que divulgado o fato que determinaria a vida de tantos estrangeiros do Eixo no Brasil.

Os tripulantes do navio alemão Windhuk (que aportara no Brasil em 1939 e não seguiu mais viagem desde então, devido à eclosão da II Guerra) foram alojados em Santos e continuaram trabalhando na embarcação entre 1939 e 1942. Ao ouvirem a declaração de rompimento, perceberam que suas vidas, dali em diante, seriam novamente afetadas pela guerra e, agora, definitivamente, em comparação às mudanças e reveses que sofreram com o início do conflito em 1939 e a impossibilidade de retornarem a Alemanha.

Antes que fossem totalmente impedidos de rever a Pátria-Mãe, doze marinheiros do Windhuk decidiram fugir do Brasil. Em fevereiro de 1942, combinaram a fuga, em Santos, por meio de uma baleeira arranjada, que recebeu o nome de Santa Fé. Era um antigo barco de pesca, com 12 metros de comprimento, reforçado para agüentar o alto-mar. A rota pretendida era cruzar o Atlântico até Dacar, na África, e de lá seguir para a Europa. A Santa Fé e seus doze tripulantes partiram da Praia das Vacas em São Vicente no domingo de carnaval de 1942, sob o comando do Capitão Wilhelm Doblinger.

Na segunda noite de viagem, já em mar aberto, os marinheiros suportaram uma tempestade que jogou o Capitão Doblinger para fora do barco e este desapareceu no mar. A malograda fuga resultou na morte de um dos companheiros. Outro marinheiro assumiu o comando de Santa Fé e o rumo da viagem fora redirecionado para Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Mais uma vez, as forças da natureza marítima ameaçaram os destinos desses marinheiros, pois entraram numa correnteza que provocou a quebra do motor do barco. Então, precisam retornar às praias do Brasil. Chegaram à Praia Grande, no litoral sul do Estado de São Paulo, a baleeira naufragou e os onze sobreviventes foram capturados pela polícia. Ali, eles se refizeram do naufrágio e foram preparados para o embarque para São Paulo. Da Delegacia de Ordem Política e Social, na capital paulista, foram conduzidos para os dois campos de concentração montados no Estado de São Paulo, nas cidades de Pindamonhangaba e Guaratinguetá. Desde então, só foram liberados em 1945 e não mais retornaram para a Alemanha.

Na praia, os policiais tiraram a foto que ilustra a capa do livro Prisioneiros da Guerra, de Priscila Perazzo e nela podemos ver onze prisioneiros (da guerra) prestes a serem internados nos campos paulistas.



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