Em 2017, quatro artistas foram objeto de acalorados debates em torno da liberdade de expressão, censura e limites na arte:
Wagner Schwartz, na performance La Bête, oferecia seu corpo nu para ser dobrado e desdobrado pelo público, revisitando a proposta das esculturas Bichos, de Lygia Clark. Em uma apresentação no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o performer foi tocado por uma criança, acompanhada da mãe. Um vídeo deste momento foi utilizado por grupos conservadores nas redes sociais, atribuindo ao artista o título de “pedófilo”.
Elisabete Finger, coreógrafa e mãe da criança que participou de La Bête, sofreu uma avalanche de acusações e ameaças, em meio a inquéritos policiais e interrogatórios políticos, que colocaram em questão o papel da mulher, da mãe, do público e da artista no Brasil de hoje.
Maikon K, em sua performance DNA de DAN, fica nu e imóvel dentro de uma bolha transparente. Ao apresentar-se em frente ao Museu Nacional da República, em Brasília, teve seu cenário danificado e foi detido pela Polícia Militar sob a acusação de ato obsceno.
Renata Carvalho, atriz, teve sua peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu censurada e foi impedida de se apresentar, por ser travesti e interpretar Jesus Cristo.
Em Domínio Público, os quatro se juntam para uma reflexão a partir dos ataques sofridos. Tomando como ponto de partida um dos ícones da história da arte, Renata, Elisabete, Maikon e Wagner revelam como uma obra de arte pode ser utilizada em diferentes narrativas ao longo do tempo, incitando as mais diversas reações, espelhando os fatos e absurdos de nossas sociedades.
Criação, texto e performance: Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho, Wagner Schwartz | Colaboração artística: Ana Teixeira | Figurino: Karlla Girotto | Assistente de figurino: Flávia Lobo | Maquiagem: Felipe Ramirez | Iluminação: Diego Gonçalves | Direção técnica: Juliana Vieira | Produção: Corpo Rastreado / Gabi Gonçalves | Difusão internacional: Something Great / Rui Silveira | Fotos: Humberto Araújo | Apoio: Casa Líquida, Egrey, Fernanda Yamamoto | Coprodução: Festival de Teatro de Curitiba | Agradecimentos: Alba Roque e Julia Feldens